Friday, May 26, 2006

 

COGITABUNDICES IV

Para não atrapalhar alguns pedregulhos cerebrais irei, aos poucos, escrevendo os nomes dos açorianos vivos cuja projecção permite pensar estarmos perante um distinto conceito de Civilização e que actuam nos nossos dias em diversas áreas. Na medida em que vão surgindo assim os nomearei. Estou a pensar em colocar os políticos e outros/as lá mais para o fim. Tipo Feira do Paletó.
Civilização Açoriana: Natália Marcelino; E. J. Moreira da Silva; Rosa B. Goulart; Emanuel Medeiros; Furtado Lima. Amanhã há mais!
Prefácio e texto para mais logo. Estou a inventar...
Prefácio:
Mito, Civilização, Cultura
Para além das dificuldades que apresentam estas três palavras creio que a evolução semântica ainda as torna mais incontornáveis tratando-se do caso de lhes querer atribuir significação rigorosa . Sem estar a querer copiar sebentas já muito cuspidas, quero jogar com elas o jogo das areias (o que se constrói na areia e perto das ondas com elas se vai). O que destas palavras sei, já não está expresso nos dicionários. Qualquer delas se adapta àquilo que quisermos. Se eu pensar na palavra violência posso juntá-la sem problemas. Civilização da Violência, Cultura da Violência e Mito da Violência. Quem não percebe? Cristianismo, Islamismo, Educação, Imperialismo, etc. , também servem. É fácil dizer-se falta de cultura; de civilização. Dizer falta de mito, embora no início não se adapte muito bem ao nosso linguajar, acabamos por aceitá-lo: Vives com mitos ou sem eles? Estas três palavras dominando-as ou não fazem parte do nosso modelo de estar. Nem que seja de cócoras.
Texto
O Mito da Civilização, o Mito da Cultura, A Civilização da Cultura ( eu sei, eu sei que "Cultura e Civilização" é uma obra fundamental para evitar escrever baboseiras. E eu com isso!) A Civilização do Mito, a Cultura do Mito, a Cultura da Civilização. De toda esta trama de incoerências ou coerências onde, como e quando aplicá-las? Não precisamos de autorização! Quem ainda não leu ?, dizeres como os que seguem: literatura médica inclusa, publicidade que utiliza poesia. Liberdades! Nem sei se o último dicionário dirigido por Malaca Casteleiro consegue corresponder à sofreguidão com que brincamos com essa coisa viva (eu digo que sim) que é a língua. Eu cá pra mim resolvo a questão de saber o que é civilização, fazendo apelo ao mito. Quando se trata do mito questiono a cultura e assim por diante. Será que para se considerar civilização é preciso ser-se soterrado como Pompeia? Toda a Cultura Açoriana é mística, rural, capada, sabuja, timorata, servível. Se a estudarmos num ângulo distinto acabamos por descobrir que ela também é matreira e velhaca. Que se impõe onde menos se espera. Que tem espírito criativo, crítico, cooperativo. Que possui muitos valores. Que esta dicotomia não se separa. Acontece, por vezes, que uma delas esfuma-se para sobreviver aos rigores de um fundamentalismo atávico-biopsicológico. Há homens da cultura que são assim. Mas em Cultura não se pode pôr ninguém do lado de fora. A Cultura, a Civilização e o Mito são o nosso fato domingueiro. Servem por vezes para escondermos o que fomos durante a semana. Limpa-nos e relega-nos a outros estádios. Ninguém dá Cultura e fica sem ela. Ela é como um nome de família que usamos para nos distinguirmos do vizinho do lado. Transmitimos mas continuamos a possuí-la. Uma pessoa que vive numa casa sem nunca ter feito um balanço não sabe o que tem. Muitas vezes admira coisas dos outros que não valem mais do que uma serrilha. Um dia, um banana que eu conheci em Lisboa comprou uma reprodução da Gioconda com moldura de plástico para colocar na parede de sua casa, quando tinha, na falsa, enrolada uma tela de Carlos Botelho...
Continua
Manuel Melo Bento
Sexta-feira
26/05/2006

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?