Tuesday, May 30, 2006

 

NINHO DE MENTIROSOS: OS LEDORES?


Ler é uma activadade muito gira. Os “intelectuais” que lêem também são giros. Acordei com uma ideia fisgada: saber que quantidade de horas pode um ser normal gastar na leitura de livros? Estava cansado de me enrolar em literaturas de exigência. A cabeça começou a fraquejar. Resolvi mudar de papiros e embrenhei-me num certo tipo de texto para desentorpecer as pestanas. Assim, abracei-me a Elizabeth George e comecei a quantificar o seu “ Um Ninho de Mentiras”. Vejamos. O livro pesa um quilo cento e dez gramas. Mas, não vou por aí. São seiscentas e seis páginas. Levo três minutos a ler cada página. Um leitor mais discreto levará dois minutos e meio. Vou na página trezentos e setenta e quatro. Gastei, portanto, dezoito horas e quarenta e dois minutos até agora. Um leitor normal, a dois minutos e meio por página, levará a ler o livro todo vinte e cinco horas e doze minutos. Um leitor normal é igual a intelectual. Eu ainda não consegui perceber como é que se podem ler tantos livros e depois falar deles com autoridade. Devem meter um “chips” em qualquer parte do corpo ou coisa parecida. Eu li! Eu li,uma ova! Continuando a quantificar o que o cérebro papa, vejamos o que temos à mão. Cada linha do livro atrás citado apresenta de quarenta e nove a cinquenta e cinco letras. Cada página tem trinta e oito linhas. Ora bem, numa média de cinquenta temos um total de mil e novecentas letras/página. Logo, para um intelectual juntar tantas letras e percebê-las numa só página, há que “gastar” dois minutos e meio para as digerir, como atrás contabilizei. É muita letra e muito tempo! E será que os que apresentam os livros gastam tantas horas a degluti-los, para depois os difundirem criticando-os? Ou farão como eu, às vezes, para dizer mal ou bem de um livro retiro uma ou duas frases de um contexto e as envio por um outro canal para a casa da folha? Já para não falar nos códigos implícitos, imperceptíveis por vezes... É muita letra! Para mais, esqueci-me de fazer referência ao acto de inspirar e expirar que também leva o seu tempo... Felizmente, ainda há génios que salvam esta situação. Porque assim não sendo, estávamos condenados, para ler tanta literatura que se apresenta no mercado, a viver mais tempo. E isso contraria os desígnios do nosso Primeiro que nos quer ver a todos a morrer tão depressa tenhamos a carta de alforria, que é como quem diz reforma.
"CIVILIZAÇÃO AÇORIANA" (Continuação)
ANTÓNIO LAGARTO, FRIAS MARTINS, MACHADO SOARES, MACHADO MACEDO, NELLY FURTADO, NUNO BERTTENCOURT, LUÍS BETTENCOURT, LÚCIA MONIZ, HERMÍNIO ARRUDA, JOÃO AFONSO, JOÃO DE MELO, NESTOR DE SOUSA, SOUSA PEDRO, ARMANDO MEDEIROS, etc. (Continua)
Manuel Melo Bento
Terça-feira
30/05/2006

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