Friday, May 19, 2006

 

. RELIGIÕES - ORAÇÕES - FEZADAS .

"Mestre, existe uma palavra pela qual se possa regular toda a vida?" " O amor ao próximo. O que não desejas para ti não o faças aos outros." (1) .
Com o Código da Vinci a saltar do livro para o cinema, a Religião Cristã torna a estar no palco de todas as apetências. Li o livro, não verei o filme. Pelo menos para já. O folclore não me atrai. Se Cristo teve relações sexuais com Madalena, que para "Roma" é uma mulher pública, não me diz nada. Comida ou não pelo Nazareno, que diferença faz de todas aquelas que foram e são quotidianamente papadas ou que papam? Para mim nicles. A Igreja perdeu o juízo ao classificá-la assim. Ela segue Cristo durante a sua campanha de mentalização dos ferozes seguidores de Jeová. Devia haver mais respeito com aquela acompanhante, que deu bastantes provas de o respeitar e de o amar ao não ter fugido com medo do opressor romano. Avante! Com a leitura de "Religiões Não-Cristãs", um trabalho excelente de Helmut von Glasenapp, podemos pensar que a estrutura biopsicológica do homem é constituída pelo elemento religioso. Faz parte dele como uma necessidade instintiva. Se assim não for, pois paciência. Cada um que acredite que a sua é a verdadeira. Como a religião está à nossa volta permanentemente através da familia, amigos, professores, ateus, crentes, etc. não nos devemos escusar de tomar posição crítica, se for caso disso. Hoje, já não vivemos na escuridão. Hoje, já não nos bastam as interpretações dos homens que nos tratam como acéfalos. Hoje, vamos nessa, mas ressabiados... Há os que imbuídos da missão de informar, como é o caso de Costança Cunha e Sá, da direita católica portuguesa, que num trabalho de análise histórica no "Público" de 19 de Maio, refere "Constantino transforma-se no fundador do Cristianismo, divinizando Jesus que, até aí, seria apenas um homem." Oh diabo!, então foi o Imperador que com a sua importância real descobriu que Cristo devia ser divinizado para fins económicos... Até Constantino, século III, Cristo era um simples pregador judeu assassinado pelo seu próprio povo porque não lhes fez as vontades de vingança. Um horror! Se se deitou com Madalena fez muito bem! Se lhe fez um filho porque não usou de precaução (hoje diz-se preservativo), penso que isso só aos dois diz respeito. São coisas do foro privado de cada um. O que é certo é que Cristos há muitos. Pois cada interpretação é um Cristo. Cada geografia apresenta um Cristo diferente. Ultimamente, foram, à falta de melhores ideias, desenterrar a Mãe de Cristo e puseram-na também a fazer milagres e a escrever cartas sagradas. O mundo religioso é tão fértil quanto a imaginação biopsicológica dos homens. Os sacerdotes egípcios (três mil anos A.C.) recolhiam para os seus deuses as refeições que a plebe ignara preparava e colocava à porta dos templos. Grandes farras faziam aqueles à custa dos pategos. Julgavam estes que os deuses comiam e castigavam todos os que não contribuíssem com oferendas... Os deuses enriqueciam. Ficavam cheios de ouro e pedras preciosas. Quem os assaltava consolava-se. Milagrosamente ficavam ricos. Alguns arqueólogos também...
Todos os povos se dirigem aos seus deuses. Todos eles olham para o céu como a quererem vislumbrar uma saída para os seus problemas terrenos. Todos a pedir. Uns uma casinha e se possível que não chova dentro, outros um bom casamento e se possível que o noivo/a tenha onde cair morto/a. Os doentes desenganados dos médicos pegam-se a todos os padroeiros, santos e deuses. Toda a minha gente pede. E se lhes sai alguma rifa premiada ficam eternamente gratos pelo sopro de felicidade divina que os envolveu. Só os mortos é que estão impedidos de pedir aos céus seja o que for. Alguns até já lá devem estar. Na Grécia Antiga, os templos referidos por Homero (cerca de 850 a.C.) serviam de habitação aos deuses. Os templos são os motéis dos deuses. Digo eu! Até os deuses mais velhinhos faziam os seus milagres a preceito. Hoje, em dia, os chefes de Estado pedem aos seus deuses para os acompanharem na morte e destruição do inimigo. Por exemplo, foi muito comovente ouvir o Mr. Bush pedir ao seu Cristo força na verga para os seus soldados enfrentarem o calor do deserto. O chefe de Estado contrário lixou-se! O Cristo de Bush era mais guerreiro. Uma espécie de cópia do apelo dos hinduístas a Indra, o rei dos deuses: "Tu, rei nosso e nosso salvador, Cuja fortaleza destrói inimigos e dragões, Vem a nós e protege-nos."(Lê-se no Regveda, canto 10,152 - século XV a.C.). O difícil é acertar no Cristo que dê mais sorte...
Finalmente as fezadas. O Santuário do Senhor Santo Cristo, não é o templo de Apolo na cidade de Delfos. Mais, nem a Pítia vomita os oráculos do deus. A autoridade máxima, que fica logo abaixo de Cristo (no nosso Santuário) elevado à categoria de deus no século III, é o Monsenhor Agostinho. Reflictamos sobre algumas das suas frases que estão carregadas de misticismo secular. (2) Frase nº1 - "Do que Eu vos disse e vocês não perceberam nada.", Frase nº2 -" A fé exige um mergulho no escuro." A frase 1, repetida pelo Monsenhor, quer dizer que Cristo quando não era ainda Deus, tinha dificuldade em explicar-se. Não comparando é como os professores de matemática que não sabem ensinar obrigando os alunos a recorrer a explicadores. A Frase 2 é da lavra pessoal do religioso: "mergulhar no escuro". Realmente, nunca tinha ouvido melhor definição para a fé. Por isso é que a senhora Eanes ofereceu o seu anel de noivado ao Senhor. Estava cega. Tinha fé! Vá lá que não foi o par de sapatos do noivo. Teria sido uma heresia. Cristo para todos os gostos. Mas há que fazer justiça. Este Cristo que foi descoberto na Caloura não é o mesmo do de Bush. O nosso é pacato e sofredor. Moralista e respeitador. Adorado tanto por ricos como por pobres. Salvaguardando as distâncias que os separam, claro! Só uma vez foi verdadeiramente ofendido. Aconteceu aquando da visita do seu Representante na Terra, João Paulo II. Este obrigou-o a acordar da sua anual hibernação para ser exposto perante ele. Eu, pessoalmente, não gostei. Nasci em Ponta Delgada. Este é o Cristo que aprendi que era Deus. Pelo menos era o que minha mãe dizia. E ela tinha a mesma Fé de Monsenhor Agostinho. Que importa ser este Cristo de madeira. Há-os em mármore e que não são mais amados. Mergulhemos na Fé!
(1) - Confúcio, século VI a.C.
(2) - Entrevista a Açoriano Oriental em 19/05/2006
Manuel Melo Bento
Sexta-feira
19/05/2006

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