Wednesday, September 13, 2006

 

A ARA DO TEMPO


AMARGURA

(Texto e Diálogo criados em 2001)

Com que noção de tempo lidaríamos se não habitássemos num planeta que apresenta um movimento de rotação que depois de dividido em horas, minutos, etc., serve de base cronográfica do passado e possível calendarização do futuro? O tempo que não é do homem torna-se propriedade deste... A duração do tempo do homem – chamemo-lhe de psicológico para nos ajeitarmos ao discurso – varia de observador para observador. A um observador-paciente a quem fora imposta uma pena prisional e que tenha vontade de tornar a ser livre, o tempo “custará” mais do que um outro em gozo de férias e que as procure prolongar. Como quantificar universalmente o tempo psicológico sem pressupostos subjectivos? Por que não “medir” primeiro o homem para depois quantificar-lhe o tempo? O tempo que o homem pensa pode não ter validade vital. Por exemplo: o cérebro humano sem ser irrigado pela corrente sanguínea deixa de “funcionar”, levando à morte cerebral se o prazo de interrupção da dita corrente ascender a mais de dez minutos. Neste caso, a validade vital só poderá contar com o tempo material, tendo como objectivo manter viva a pessoa a quem foi interrompido o fluxo sanguíneo. O tempo mental é uma outra “realidade”. É a realidade do erro! O tempo mental em sendo erro é eliminado-secundarizado pela falta de utilidade material (rigor) . O tempo mental é a interpretação do movimento subjugado ao sujeito. O tempo material é a própria matéria. O tempo material respeita prazos independentemente dos pressupostos do tempo mental. Prazos esses que se encontram na própria matéria. Uma velocidade infinitamente mínima (pequena) não percorre a distância que liga dois pontos. Pensemos o ponto A e o ponto B. Uma velocidade infinitamente máxima anula a distância entre os dois pontos A e B. Tornaria o ponto A “coincidente” com o ponto B. Uma velocidade relativamente humana palmilhará e encontrará os dois pontos que distam um do outro duas léguas, por exemplo. O movimento, a velocidade e o tempo gasto a percorrer a distância entre os dois pontos encurtecem ou alargam a mesma distância, apesar de os pontos se manterem inalteráveis na sua posição. Uma velocidade tal que “pense” o ponto A e o ponto B num só momento, terá tempo? Considerando esse momento um tempo zero, poder-se-á, nesta específica condição, obter um espaço zero?, embora seja aceitável que A diste de B determinada extensão ou extensões consoante as diversas velocidades que entre eles se concretizem.
Segue amanhã o diálogo entre Varett e Mandala sobre o tema.
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