Monday, March 05, 2007

 


O SARCÓFAGO DOS VOTOS

Não tenho bem a certeza se foi Edward Heath, antigo primeiro-ministro dos bifes, que por ter mexido com a bolsa das donas de casa, foi corrido do poder. Fica no ar esta incerteza. Os nativos das Ilhas Britânicas, para mim, não merecem grandes investigações. É uma atitude pouco académica, mas não esqueço o modo como, ao longo da Historia, eles trataram os portugueses: desde atitudes racistas até nos considerarem muito próximo da irracionalidade há de tudo um pouco. Porém, esquecendo esta minha indisposição biopsicológica para com aquela gente, devo dizer, que de facto, se aprende tanto de mau como de bom com eles. Para eles a opinião pública tem muito valor e poder. É que no seu regime político – democracia – os políticos respondem por vezes, nos bairros/freguesias, por onde são eleitos, às questões postas pelos fregueses. Ouvem das boas na cara e é no mesmo terreno onde vão tentar sacar votos que respondem pelos falhanços que muitas vezes caracteriza a sua “profissão”. Alguns, às vezes, até com tomates e ovos levam nas trombas. No nosso caso – democracia – os nossos candidatos, tão depressa são eleitos, metem-se num buraco negro e nunca mais aparecem. Organizam-se em panelinhas. Ora arranjam um competente fala-barato para orientar os saberes partidários no Parlamento, ora o cabeça de cartaz – vulgo líder – também intervém (se tiver assento lá, o que não é o caso do chefe do PP-CDS) nas vezes que estiver na vez ou quando é preciso confirmar coisas mais sérias. Às tantas, aparecem nos media, e é daí que temos “contacto” com eles. Os eleitores mais afortunados podem vê-los mais de perto nos restaurantes da moda, onde se passeiam e enchem o estômago (situa-se entre o esófago e o intestino delgado). É bom ser-se político em Portugal. Não têm (os políticos, quem havia de ser) de prestar provas sobre competências. Podem até tê-las. O que é difícil é descobri-las. A verdade se diga, se temos um governo para quê estar a levantar esta questão? Então, não era de esperar ver os nossos políticos - os da situação - a explicarem aos manifestantes os motivos porque se estão a fazer tantas reformas, principalmente junto das Urgências que vão passar a asilos catarrosos? Esta questão está mal colocada. Diria que é mais uma baboseira das minhas. Mas, naturalmente, os políticos - da oposição - poderiam, nesse espaço de agitação, explicar pedagogicamente qual era a sua posição sobre a matéria. Outra baboseira! Então, o Primeiro-Ministro não se está a preparar para coordenar todas as forças paramilitarizadas? As manifestações de futuro terão de ser previamente autorizadas (como acontece hoje em dia) mas as ordens para as cargas policiais - se as houver - terão de vir directamente do coordenador-geral, que por sinal será o Primeiro-Ministro. Os generais já estão dispostos a integrarem essas novas forças da ordem para lhes dar um novo visual de comando e apanharem algum do poder perdido. Tudo isto e mais alguma coisa ainda vai sair da cartola do engenheiro. Os representantes do povo, entretanto, “ciestam”. Não há moções de censura. Não há reclamações para esta mudança à americana que o PS está a fazer aos portugueses. O emprego seguro acabou. O Estado já não garante aquela segurança a que estávamos habituados. Aliás, o que é interessante observar é que as manifestações são agora levadas a cabo pelas federações dos sindicatos… dos funcionários públicos. Antes, quem aparecia para reclamar eram operários e rurais orientados pelo PCP. A moda agora é outra. E pelo andar da carruagem, ainda havemos de assistir a manifestações dos próprios políticos quando Sócrates – na sua incontida sanha à yankee – os considerar trabalhadores com vínculo precário. Isto é, acabado o trabalho “público” não há mais encaixes em empresas onde o Estado (coitado que ainda resiste) já não terá um tostão furado de acções. Se não for “eleito para as listas” o que o espera é o lugar como assalariado de substituição ao balcão de qualquer estabelecimento da privada, enquanto a parturiente faz nascer a nova classe de português: loiro, muito louro…
manuelmelobento

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