Tuesday, September 25, 2007

 


SERÁ PORTUGAL COMO EU O VEJO?

Portugal deve ao Eusébio 360 apartamentos. Eu explico: Salazar não permitiu a saída do mítico jogador de futebol para um clube italiano pela então quantia de 90.000 contos. Com noventa mil contos ele poderia ter adquirido quase quatro centos apartamentos em Lisboa. Eusébio era o único símbolo português vivo reconhecido internacionalmente. O Estado Novo era nacionalista, porque não tinha outra saída para levar a cabo as reformas (?) necessárias… Em contrapartida, Salazar ofereceu a Eusébio Ferreira da Silva uma chupeta. Barato! Salazar era muito poupado. “Portugal?” questionavam os jornalistas portugueses aos estrangeiros quando ao serviço da propaganda. “Eusébio” respondiam. Salazar serviu-se de Eusébio para que se confundisse a Pátria com o glorioso jogador. Sem Eusébio, corria-se o risco de ouvir por esse mundo fora como resposta à pergunta “Portugal?” um esgar do tipo bloco de esquerda: “Ditadura!”, “Atrasados” “Suínos”, o que era péssimo para as figuras sagradas e consagradas do salazarismo que queriam que o país fosse bem cotado na estranja. Portugal era uma mentira. Os “fascistas” dominavam a comunicação social e a verdade que era colocada aos nossos olhos era a que mais rendimento permitia. Salazar não contente por nacionalizar Eusébio, mandou fechar de conluio com Cerejeira a pastorinha vidente numa prisão regular. A Irmã Lúcia garantia à imitação de judeus e árabes a chamada terra sagrada de Fátima. Portugal nacionalista podia ser inculto, mas possuía um Muro das Lamentações e uma Kaaba. Para deleite dos indígenas. Fátima é chão sagrado que vende muito bem dentro e fora. Amália também nacionalizada cantava aqui e ali levando os bons sons portugueses a toda a parte. Portugal no exterior era um verdadeiro oásis. Para fechar o ramalhete, Salazar colocara como ministro das relações exteriores vulgo Negócios Estrangeiros um tal Paulo Cunha, gordo e farto que nem uma caixa de multibanco, mas que tinha casado com uma senhora muito bonita que ofuscava os salões das embaixadas. Era o suficiente senão o bom. Paulo Cunha não tinha ideias para distribuir, tal como a maioria dos portugueses. Naquele tempo só tinham ideias credíveis o senhor Salazar e um tal Joaquim Paço de Arcos escritor. Bem vistas as coisas, o Estado Novo usava para promover o que tinha mais à mão. O mesmo acontece com o Portugal hodierno. Quem estiver atento ao que acontece à comunicação social portuguesa fica com a sensação de que nela o Estado tem uma cota bem saliente. Vejamos se consigo explicar… Esta semana a GNR “mandou” chamar os jornalistas para dar a conhecer ao assustado povo lusitano que tinha apreendido 17.000 armas proibidas. Como Portugal está roto, pois todos os dias ou se mata ou se assaltam bancos com armas na cara das autoridades, nada melhor do que as pessoas ficarem a saber que já não havia mais armas nas mãos dos criminosos. Os jornalistas, tal como no passado também comem e por essa razão baixam as calças, prestaram-se para camuflarem um acto de propaganda à laia salazarista. As armas apreendidas num armazém de um comerciante estrangeiro estabelecido em Portugal na sua maioria também se encontram à venda em variadíssimos estabelecimentos comerciais. Tratou-se de mais um “bluff”. As armas mortíferas continuam nas mãos de criminosos que matam impunemente porque a autoridade democrática não tem meios para os caçar nem capacidade para debelar o mal e a instabilidade que grassa em certas zonas. Meia dúzia de malucos resolveu, esta semana, depois de uma noite de copos e folia alvejar casas e carros. Foram apanhados? Nada disso! Isso dá muito trabalhado e há falta de agentes. Mais fácil é apanhar um comerciante estabelecido que à margem da lei vendia artigos para fadistas enfurecidos. Para entreter a paspalhada lusitana tivemos a saída de Mourinho de um clube inglês. As televisões apostaram forte na causa e tivemos de chupar tempos de antena de infindáveis pronúncias. Até o actual substituto do treinador português teve vários minutos no ar. Explicou tácticas e manobras para um futuro embate com o Manchester, como se isso tivesse algum interesse nacional. Com perdão da palavra, a comunicação social portuguesa é uma merda de todo o tamanho. Vim viver para Portugal, vulgo continente, há já uns bons três meses. As três estações de televisão, os jornais e até mesmo a TVCabo esquecem propositadamente tanto os Açores quanto a Madeira. Os continentais sabem apenas que tanto a Madeira e os Açores estão lá. E garanto que pouco mais sabem. Excepção, claro, aos políticos. Os Açores e a Madeira vivem atulhados de informação continental portuguesa. Por que razão não se dá o contrário? Qualquer freguesia do continente tem direito a tempo de antena. Qualquer presidente de Câmara fala que se farta. Ficamos a saber o que se passa de norte a sul diariamente. A questão é mais sublime. A questão é política. Perigosamente politizada. É preciso fazer sentir aos ilhéus que eles se estão vivos é porque dependem da Mãe Pátria. E dar aos continentais a visão de como se vive nos Açores não é muito conveniente. Salazar (é inevitável a sua referência pois deixou herdeiros no poder) não permitia que os trabalhadores portugueses por conta dos americanos na ilha Terceira auferissem vencimentos acima da generalidade para “manter a ordem pública” inalterável. Sente-se daqui da metrópole uma obstrução maquinada que impede que o português da Península se sinta irmanado com os compatriotas insulares. Cheira-me a salazarismo, o mesmo é dizer-se que para os Açores se exige o mesmo que se exigia para Angola: carta de chamada. Não percebo como é que se “permite” a ida de gente do leste e brasileiros para as ilhas e não se aceita a ideia de “povoá-las” informativamente com portugueses… Alguém percebe?
mmb

Comments:
E a Irmã Lúcia foi fechada em Coimbra! Terra onde o António das Oliveira foi lente.
Afinal, estava tudo bem maquinado.
 
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