Saturday, June 30, 2007

 



MÉLANGE

Um célebre político – muito conhecido entre a Galiza e o Rochedo de Gibraltar – afirmava, quando executivo, (segundo a má língua dos jornalistas lusitanos) que não lia jornais. Só hoje percebi o alcance daquela asserção. O homem era e é rigoroso. Vejamos: desde que deixei de visitar as brasileiras do programa nocturno (não por causa das rusgas policiais ou por não ter os impostos em dia, mas porque o meu inocente BI, embora plastificado, indica impiedosamente a idade, o sexo e a cidade - onde nasci) comecei a ler mais jornais e revistas. A Focus, a Sábado e a Visão, o DN e o Público Online, acrescento a estes os jornais e revistas regionais açorianos. É o que posso ler, apesar de ir tentando revisitar os diálogos platónicos e um ou outro parecer teórico sobre física – que não domino – não tenho tempo para mais. Isto é, às vezes pinto, outras escrevo uns livritos para me autodenominar “pincelista e escritorista”. Se o sono me encoraja em algum sofá, lá ficam as leituras para trás, o mesmo é dizer que quando acordo só leio os títulos, pois de outro modo ficava a casa onde habito transformada numa espécie de Torre de Tombo da secção de papéis. Num determinado dia da semana faço uma paragem, olho para o cinzento açoriano e elaboro um corolário. Geralmente vem-me à cabeça ideia de que vivo num Portugal retrocedista. Quando Freitas do Amaral guinou à esquerda pensei cá para mim: está na mira um partido único. O Prof. percebeu que o País, do modo como se conduzia politicamente, não ia a lado nenhum. Quando a Dona Maria José Nogueira Pinto guinou para o Costa das autárquicas fiquei ainda mais convencido acerca da criação de um putativo partido único. Nos intermédios, os bufos foram surgindo e dando pareceres. Tudo se encaminha para que de futuro a malta que queira um trabalhito na função pública, para matar a fome, tenha de declarar por sua honra que não comunga ideias contrárias ao poder socialista. Bom, voltando atrás. Os ministros não lêem a não ser o que lhes diz respeito e aquilo que a PSO (Polícia Socialista Organizada) lhes coloca em frente ao nariz. É a partir daqui que actuam. Não têm tempo para ler nem vão às brasileiras. Vivem num mundo fechado e sem projecto, a não ser servir os grandes interesses do capitalismo internacional. Querem os socialistas pôr o País na ordem. Mas que ordem? Essa ordem não serve a maioria da população! Os socialistas perceberam que fechados sobre os seus princípios ficariam reduzidos a 22% das intenções de voto, daí que abriram os portões à sociedade civil. Uma ova! O que eles abriram foi a porta à direita. A velha direita virulenta e renovada que tomou a forma técnica e o discurso nacional invadiu os corredores do Largo do Rato. Ela traz consigo a idoneidade e o crédito que a esquerda perdeu porque ao querer transformar o Estado num Estado para os cidadãos deixou que a apetência de pequenos comerciantes (que enriqueceram alarvemente) se transformasse numa plutocracia ou oligarquia conforme o que for mais jeitoso. Tudo isto faz parte do ritual das pós-revoluções. Só que a História não se repete. E o que irá acontecer daqui para a frente só os bruxos poderão adivinhar. Entrando numa de bruxo cá vai: num País em que a Igreja se confunde com o Estado, eis nos perante um pragmatismo Jsocrático caracterizado pela separação dos dois poderes. Que resultará daqui? A Igreja transformar-se num verdadeiro Estado que irá combater o fraco Estado Nacional. Nomeará os seus deputados. Organizará o poder executivo. Indicará o seu Presidente da República. Os Tribunais seguir-lhe-ão os passos porque da Igreja os Cânones serão os “mais credíveis” para uma população migrante de capelas e santuários. É o Portugal Medieval que está na forja. O Portugal dos bufos, dos beatos, dos iletrados americanizados, do agradável sofrimento, das universidades catolicatizadas, das polícias poderosas, etc. Este povo idiota voltará a ser chamado à pedra por faltar aos ofícios religiosos e ao confessionário. É bem feito! É a volta da Cúria. E porque não? Os bispos multiplicar-se-ão tanto quanto os dentistas. E por fim, os padres poder-se-ão casar com uma mulher de cada vez o que fará diminuir o desemprego, pois milhares de jovens inspirar-se-ão na palavra divina. Deus voltará a ser Deus, e Cristo em Seu nome transmitirá o poder às cabeças coroadas ou “votadas”. Tudo em nome das abençoadas riquezas terrenas que afinal estiveram sempre na base da nossa salvação. Viva o Papa que há-de vir!, já que este, por causa do BI, estará cá por pouco…
manuelmelobento

Wednesday, June 20, 2007

 



PRÓS E CONTRAS NA HORA DO ANTICICLONE


Preocupada com as horas da deita de Mota Amaral, Fátima Campos Ferreira, perante o auditório nacional, lembrou as horas tardias ao seu convidado ilhéu, pouco dado a saídas nocturnas. E, não é que gostei da rapidez da resposta, habituado que estou a vê-lo ser sempre cauteloso e rigoroso no comportamento. “O meu relógio marca o tempo dos Açores! Não é tarde para mim.” Se não foi assim, foi lá perto. No “estrado” professoral – no meu tempo de estudante os profes tinham sempre uma situação altaneira devido aos dezassete centímetros de altura a mais que lhes eram impingidos em nome do alto cargo que exerciam – estavam algumas das mais altas e extintas (devido a terem sido e já não são) figuras do Estado: Mota Amaral ex-Presidente da Assembleia da República e ex-Presidente do Governo dos Açores; Jorge Sampaio ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, ah!, e ex-Presidente da República Portuguesa após o 25 de Abril; Carlos Carvalhas, ex-Secretário Geral do PCP e ex-membro do Conselho de Estado. Num outro estrado, qual membro da Igreja de Roma, mas trajando à civil, estava o grande missionário Europa Unida, o ex-Pimeiro-Ministro de Portugal e agora eleito por muito poucos, logo autodenominado (?) Presidente da Europa, José Barroso. Este texto é parcial. Existem pessoas que por exercerem certos cargos e por nunca se poder fiar nelas politicamente me toldam o pensamento. Gosto de Mota Amaral porque os Açores devem-lhe, em parte, do muito que por aqui se fez. Governar nove monstros com a boca aberta a berrar vinte e quatro horas por dia não é para qualquer um. Conseguir unir o impensável com metade das verbas do actual governo socialista era tarefa impensável. A ele se deve a Bandeira, o Hino e o cunho de identidade que hoje prolifera suavemente entre estas altas pressões. A revolução social açoriana foi realizada debaixo da sua batuta e na frente do nariz de uma burguesia do tempo das catacumbas. Comparando o actual regime socialista açoriano com o outrora de Mota Amaral, não estarei muito longe se o apelidar de altamente burguês, gordo e social-fascizante. Outra personagem que às vezes gosto e outras não – o frete que fez à Ministra da Educação mais parecia um documentário sobre as antigas colónias e com exame prévio à mistura – é Fátima Campos Ferreira. É sem dúvida apresentadora de um programa que muito tem contribuído para a consciencialização da opinião pública. Coisa que em Portugal se está ainda aos poucos a construir… Carlos Carvalhas é dos que o que diz é muito junto à letra de uma economia planificada e centralizadora. O mundo tem dado alguns saltos, o que o deixa atrasado, não mental, claro! Quanto a Jorge Sampaio e José Barroso, não consigo engoli-los, porque ainda tenho os ouvidos a chiar de tão amigos que eram do povo que durante 48 anos sofreu as agruras do beatífico ditador Salazar (Salazar pela parte da mãe). A questão que me faz escrever sobre os Prós e Contras é o facto de Mota Amaral ter levantado uma questão importantíssima sobre o Tratado Europeu a que a “malta da política” não prestou atenção devida. O que questionou Mota Amaral à laia de alerta? É simples: “este Tratado irá lixar (termo meu, ele nunca o proferiria) os legítimos interesses e aspirações dos povos europeus; irá contribuir para o fortalecimento e unidade da sua democracia? Não há dúvida que a sua intervenção colocou os encantados-bem-falantes defensores da Odisseia Europeia (não esquecer o dúplice Ulisses na opinião de Hípias…) numa posição de vendedores de banha da cobra. O melhor deles foi José Barroso, valha a verdade. Foi tão claro na defesa das suas ideias ao ponto de quase me convencer. Acordei a tempo de colocar os pés no chão. Que será dos Parlamentos Nacionais se os seus representantes: os chefes de governo, se demitirem de pugnar pelas suas posições legitimadas pelo voto do povo? Mais uma vez, Mota Amaral acintosamente aponta grandes perigos. Vou terminar este texto com um aparte venenoso, como não podia deixar de ser. Tendo em conta a intervenção de Mota Amaral perante milhões de portugueses, não é difícil retirar a seguinte conclusão: foi o único que verdadeiramente se preocupou com Portugal a nível de alta política. Marques Mendes e outros que se cuidem. Mota Amaral voltou.
manuelmelobento

Tuesday, June 12, 2007

 



AMÉRICA, CHÁVEZ E OS AÇORES

Só meto água quando me predisponho a escrever sobre política e outras tantas coisas. Não sou pago para escrever nem obrigo ninguém a ler as minhas variáveis mentais. Sem ofensa para os intelectuais, claro! Se tivesse sido informado acerca da vinda do Presidente Chávez da Venezuela a Portugal, ( actor sem desprestígio, lembrem-se de Reagan e do Mr. Músculo da Califórnia) a convite do Governo Central, chefiado por José Sócrates, não teria desenhado o texto sobre a entrevista que o Dr. José de Almeida concedeu à RTP/Açores no passado dia “6 de Junho” da maneira como o fiz no
www.azorespublicum.blogspot.com . Ora, cá vamos inventar mais umas tantas baboseiras à laia de líder parlamentar com assento pago na Assembleia da República. Quando Chávez chegar a Portugal (da Europa física) vai ter – tudo se conjuga para – uma enorme recepção de apoio, o que traduzirá uma condenação à política americana de Bush. Quem no passado recebeu de braços abertos nos Açores (terra administrada por Portugal, assim como quase a Madeira) um Bush sedento de sangue e os cúmplices Blair da UK e Aznar de Castela foi uma espécie de empregado de mesa de nome Durão Barroso, que na altura chefiava o Governo português. Significou este acto, extremamente capcioso, num apoio táctico e num envolvimento das nossas Forças Armadas na futura (como se constou) guerra do Iraque II. Portugal oficialmente posicionou-se numa frente de batalha contra o Islão. O prémio para Durão Barroso foi torná-lo uma imitação de Delors (salvo seja a comparação). Porque a política é como os meus artiguelhos, Portugal deu o dito pelo não dito. Os socialistas nada mais fizeram do que, e a partir de certa altura, condenar tal despautério e tamanha loucura. Taparam os olhos na altura por conveniência! Para um país que apresenta ao mundo filas e filas de espera para intervenções cirúrgicas e com um serviço estatal de saúde bastante debilitado até que não está mal para uma imitação de República Sul-Americana. O Dr. Mário Soares seguido de uma plêiade de ilustres políticos nacionais têm vindo a condenar em público a intervenção americana. O Governo Central não os desmente! Tanto assim é que convidou Chávez para uma visita de Estado… Mas, era preciso garantir aos tolos dos americanos que eles, por cá, no País, tinham adeptos incondicionais, para não interpretarem mal o gesto petrolífero de futuro. Perdão o gesto político desfazedor de mal entendidos. E vai daí, toca a convidar os açorianos, na pessoa do açoriano Dr. José de Almeida, a pronunciarem-se oficiosamente acerca da nossa posição, como bons portugueses, para garantir “uma corrente de consciência” pró-americana. Os açorianos estão de costas voltadas para a Europa. Tanto é assim que só emigram para o Novo Mundo. Vivem neste, cerca de cinco milhões de açor-lusitanos e seus descendentes. É obra! Colocar na televisão pública e com responsabilidade de Estado um defensor de uma determinada independência, para uma parte do território “nacional”, foi uma golpada e uma jogada de mestre de salão congeminada nos corredores da sacanice política e/ou “diplomática”. O senhor Amado, representante da política externa portuguesa, é amigo dos EUA? “Proscurem” bem… Que conclusões retirarão, da intervenção do Dr. José de Almeida, a diplomacia e serviços secretos norte-americanos depois do apoio a Chavez do Governo Central? Que existe uma opinião pública muito sabida que não se pronuncia no terreno das manifestações com medo de represálias e persecuções? Que os Açores são um rebuçado para Bush, como aqueles que se dão aos cavalos depois das vitórias nos hipódromos? Que César de conluio com José Sócrates quer demonstrar que estamos sempre com os EUA? Que uma coisa é lá outra é cá? Não estou a ver Chávez a visitar os Açores. Mais, não estou a vê-lo a visitar a Base Aérea 4, situada na ilha Terceira, e que é e não é americana em território nacional português, a convite de Carlos César… Se Chávez não vier aos Açores, então Portugal parte-se e reparte-se. E lá se vai o tal Estado Unitário tão ao nosso gosto (português) no entendimento e troca de conceitos gerais. Estaria agendada anteriormente a visita do mais alto representante anti-americano (a nível de Estado) ao nosso País? Mas, perguntar-se-á, antes de quê? Mais uma vez os açorianos servem de capacho. Não será altura de nos respeitarem, para que, de facto, Portugal se transforme numa união indestrutível no respeito pela independência de povos portugueses? Estão a jogar connosco como se de bolas de pingue-pongue se tratasse. Que rica autonomia! Os açorianos ou se venderam ou se deixaram comprar. Não pode haver outra explicação.
manuelmelobento


Saturday, June 09, 2007

 




JSÓCRATES FLEUMÁTICO QUASE INGLÊS


Não morro sem ver os representantes da Ordem dos Engenheiros de gatas a pedir ao engenheiro José Sócrates que lhe dê a honra de se inscrever nela cum laude - se esta latinice me é permitida. A mesma estação de televisão (SIC) que há uma dezena de dias ridicularizava JSócrates por ter tirado o Inglês Técnico em meia dúzia de segundos, fê-lo passar no exame do Inglês Político em oito minutos. Ali (lá na SIC) estava o Primeiro-Ministro a responder em inglês impecável ao jornalista. Yes! O que vai seguir-se? Muito naturalmente que os seus detractores irão sentar-se “no banco dos arguidos” acusados de prestar falsas declarações. As universidades privadas têm autonomia legal e respondem pelos seus actos. Não são os alunos, como é óbvio, quem deve responsabilizar-se. Impávido, sereno, fleumático quase inglês, JS passeou-se entre todos sem ligar pevide à caravana. O homem ganha batalha sobre batalha. (Em Portugal quem é acusado ganha eleições!) O pior está para vir, caros leitores! JSócrates mais os seus camaradas (salvo seja tal nome) vão institucionalizar a ditadura do capital enquanto o Diabo, num ápice e aproveitando uma distracção de São Pedro, salta para a espinha da virgem Irmã Lúcia. No tempo do muito querido ditador Salazar quem fosse apanhado com um simples isqueiro sem licença de uso era automaticamente multado. Hoje, e sob o governo do camarada JSócrates, quem tiver uma viatura sem selo para circular é autuado mesmo que a não utilize. A viatura é um bem móvel. Os bens móveis não podem ser desmantelados sem se dar baixa! Onde é que se viu tal despautério? Possuir um carro velho, sem rodas e sem motor na garagem do avô paga imposto de circulação. Nem o querido fascista Prof. Salazar permitiria tal assalto à bolsa dos martirizados portugueses… E os frigoríficos que são bens móveis? Será o próximo passo do carrasco das Finanças? Vai ele inventar mais um imposto? Dou-lhe daqui uma dica. A minha sogra vai usar a arrastadeira devido à sua idade avançada. Trata-se de um bem móvel. Irá ter de declarar esse bem ecofisiológico às Finanças? Tanto constitucionalista e fiscalista a berrar por cada ilegalidade de merda que sai das cabeças dos que nos governam e quando se trata de defender os interesses da maioria dos tesos ficam calados que nem sapos quando estão a copular. Tenho de acabar este texto o mais rapidamente possível pois vou assistir ao filme sobre Al Capone que gravei da RTP1 para o leitor. Chiça! É outro bem móvel…
manuelmelobento

Wednesday, June 06, 2007

 




DE TANGA OU SEM ELA?

As modificações que sofreu o regime político português nas últimas três décadas alteraram substancialmente o modo de pensar de todas as camadas sociais. Entre a queda da burguesia comercial criada pelo Estado Novo e o surgimento de uma nova burguesia, uma espécie de mistura de interesses semi-estatais e semi-privados deu-se um salto qualitativo de como olhar os negócios de Estado. O Estado que castigava, que perseguia e punia os opositores, que distinguia as classes sociais no velho estilo medieval deu lugar ao Estado assumidamente protector, socializante e empregador. Foram trinta anos de ideologias para todos os gostos. Esgotou-se o Estado democrático mais depressa que o seu predecessor. Este, de cariz rígido, pouco alterava a sua composição maniqueísta. O segundo, experimentalista, foi-se insinuando na base de uma legislação que se ia febrilmente adequando conforme as modas e as espertezas de uns quantos. Esgotada a paciência da população e dos novos capitalistas, encontrou-se o regime a olhar-se tristemente. Que resultou daqui? Que o Estado implodiu! Se não implodiu que sintomas de desgraça são estes que são denunciados pelos de altos responsáveis do País e que nos colocam no palco do ridículo? O actual “Presidente da EU” quando era Primeiro-Ministro de Portugal disse que estávamos de tanga. E não é melhor continuar com ela? , pois o Verão está à porta e sempre dá jeito por via da moral e dos bons costumes.
manuelmelobento



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