Friday, August 31, 2007

 



PORTUGAL, OU MUDA OU DESAPARECE

Dirigi-me à pequena e tradicional mercearia lisboeta da esquina para comprar fruta. Só quando cheguei a casa é que vi a origem. Kiwi do Chile. Até que está bem. Eu já comprei alhos da China em Ponta Delgada. Qual é o problema? Ao lembrar-me que já não tinha charutos, meti-me na aventura de conduzir na capital e lá me fiz ao caminho da Baixa, único local onde os encontro. Estavam esgotados os meus “Fine Corona” feitos com tabaco brasileiro que os alemães colocam em Portugal. Porque conduzo devagar, um carro bateu-me atrás. O condutor era um espanhol. Não deu para fazer espectáculo e mandei-o em paz. Só quando cheguei a casa é que vi que tinha um pequeno prejuízo. Daí o facto de o ibérico ter ficado muito nervoso aquando do toque. Fica para a próxima. Quem me manda andar à aleijado. O ajuntamento que se fez à volta do acidente tinha mais achocolatados do que brancos. Como este era o meu oitavo acidente de carro, habituei-me a ficar calmo. É que houve uma vez que me distraí a discutir com o outro condutor e levei uns socos de um matulão que treinava boxe. Nunca mais! Prefiro ficar só com o prejuízo. De repente, olhei a Baixa e tive pena da capital onde cresci culturalmente. Está velha e os “arranjos” modernos inacabados. Então, a Almirante Reis não se conta. Aos mesmos buracos e irregularidades do passado somam-se agora as pequenas valas actuais. A Praça do Comércio já não tem viaturas à volta da Estátua de D. José, mas olhando um pouco mais além, parece que os fundamentalistas islâmicos passaram por ali. E foi de repente que me lembrei de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o criador de Brasília. Lisboa já muito fez por alimentar a rotura com o resto do país. Não se pode pensar em Portugal como se do país o único espelho fosse Lisboa. Se o próximo aeroporto ficar longe dela, os políticos assassinarão a velha cidade imperial. Nos dias de hoje, com o desenvolvimento da informática, facilmente se translada para qualquer parte do país qualquer ministério ou direcção geral, o governo e a presidência da República. A cidade está velha. Os seus habitantes estão velhos, reformados e mal pagos. Está na hora de mudar de capital. Está na hora de renovar este país. Deixar a Assembleia da República onde está até se construir uma nova capital dirigida para o progresso é o primeiro passo. É deixá-la onde está que morrerá de pé e não impedirá a construção do futuro que se quer para breve. Aníbal, faz-te Juscelino! E digo isto antes que seja tarde.
mmb

Friday, August 24, 2007

 






A BOFETADA MAIS CARA DA HISTÓRIA PORTUGUESA DAS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS

Era Ministro da Administração Interna (ex-Ministério do Interior) o pacifista açoriano, anti-salazarista, democrata e ex-detido (por sete dias) na prisão doméstica da antiga polícia política em Ponta Delgada por ter escrito um artigo de opinião, o socialista Jaime Gama, na altura em que uns retornados oriundos de Portugal Continental esbofetearam Almeida Santos numa das artérias da atrás citada cidade. Estava-se no ano de 1977. Almeida Santos, também ele ministro do governo de Mário Soares, acompanhado de um democrata-cristão, vinha fazer campanha política. Alguns retornados das ex-colónias - que tinham perdido todos os haveres com a descolonização – apanharam-no e deram-lhe uns bofetões. Nada que se pudesse comparar com os socos e bofetadas que o socialista Francisco de Assis apanhou de uns socialistas, no Norte, o ano passado. Almeida Santos queixou-se poética e dramaticamente à RTP/Açores da agressão de que tinha sido vítima e naturalmente fez o mesmo ao seu companheiro e colega do executivo, o ministro açoriano Jaime Gama. Este em vez de mandar abrir um inquérito aos incidentes para apurar responsabilidades, como era ser dever, resolveu enviar a chamada Tropa de Choque para Ponta Delgada para reprimir a população micaelense. Em vez de se demitir a ter de enviar tropas repressoras contra os seus princípios (?) e contra os seus conterrâneos, imitou o velho Salazar (que ainda estava bem quente na cova). A feroz tropa bateu em toda a gente que apanhou na baixa da velha cidade de Ponta Delgada. Fê-lo de dia e de noite. Mais de uma vintena de feridos deu entrada no hospital com a cabeça aberta e sangrando abundantemente. Existem registos fotográficos! Uma grávida que ia a entrar para o antigo Banco Micaelense também foi vítima dos algozes do Gama. Na altura, São Miguel era um foco de revolta contra os desmandos de Lisboa. Chegou-se ao ponto ridículo de se levar a tribunal quem chamasse de português aos continentais. A repressão era prática corrente dos novos senhores democratas. Várias foram as vezes que a cidade de Ponta Delgada esteve em estado de sítio. Uma autêntica baboseira. Milhares e milhares de contos foram gastos na operação “Gama furibundo-bofetada 77”. Aviões militares, apoio logístico, despesas com pessoal, combustíveis, aquartelamento e tudo o mais. Para quê? Para concluir a acção militarizada, prendeu-se ao calhas cinco açorianos às quatro horas da madrugada enquanto dormiam para virem ser presentes nos tribunais de Lisboa. Estavam inocentes! E ficaram livres e sem dinheiro para voltarem a casa. Uma tristeza de todo o tamanho! Uma vergonha! Porém, serviu para sabermos com quem lidávamos. Nos dias de hoje, não estou a ver os substitutos da antiga tropa de choque a fazer o mesmo em Ponta Delgada. É que à noite, centenas de jovens que se embebedam, se drogam e se tornam violentos a toda a hora partindo tudo que apanham pela frente não serão pêra doce. A verdade é que estão completamente despolitizados. Porém, nunca se sabe o que farão quando lhes derem para copiar os ecologistas que, ao arrepio da lei, queimam campos de milho transgénico em propriedade privada, como aconteceu ainda esta semana no Algarve. Amanhã, com o desemprego a aumentar e sem objectivos, facilmente se “politizarão”. Como é que vai ser, então? Haverá um Gama para enviar tropas contra prováveis insurrectos? Não estou a ver! Também não estou a ver, por exemplo, quando em certos bairros lisboetas e portistas se assalta e se mata por meia dúzia de euros simples pedestres, mandar-se o exército para bater em toda a população. Já sei, manda-se abrir um inquérito para punir os culpados. Não aconselho nem a Gama nem a Almeida Santos a irem sozinhos fazer campanha por tais sítios. Além de poderem ser esbofeteados poderão ser roubados. Outros tempos outros processos de actuação. Espero que tenham aprendido com a história e não façam mais asneiras. Pois, não esqueço que ainda ocupam altos cargos naquilo a que ainda chamamos de Estado.
mmb

Wednesday, August 22, 2007

 


THE PORTUGUESE AMERICAN WAY…

PORTUGUÊS DE QUÊ?

Penso que deve ter sido no domingo passado, ou talvez não… comprei o DN por vício antigo, pois, assino o Público via internet para ler o VPV e … somente. Chego a casa depois de ter andado a pé… não por causa do coração ou outra coisa parecida mas para me abrir o apetite e para acicatar a sede. É Agosto! Desço a Luís de Camões mas subo-a de táxi. Entretanto, olho com atenção alguns traseiros e reconheço África. São os melhores! As portuguesas perderam as nádegas. Agora, gostam, também elas, do silicone nas mamas, claro! Os americanos gostam de mulheres com mamas grandes porque são alimentados a biberon onde as mães os deixam para se irem enfrascar. Até isso impingiram aos meridionais. Coitados dos portugueses, a padralhada é que os informava do modelo a utilizar. Perdida a influência evangelizadora dos seguidores do Jota Cristo, os pregadores voltaram-se para a Bolsa e para a mama do Estado português que não sabe onde apagar os fogos para que é solicitado. Chego a casa e ponho a TV a funcionar. O que vejo? SIC Notícias com os 60 Minutos. SIC, TVI e RTP1 e 2 a reproduzirem vómitos americanos. Vou saltando de canal em canal e naquele momento os programas difundidos eram todos americanos. Lembrei-me do Kennedy em Berlim: Ich bin ein berliner… “tá asno”. Disseram-me que os espanhóis estavam a invadir Portugal. Compravam tudo o que estava à venda e não só. É capaz de ser assim… Abro o DN e dentro estava um livro do Henry James: “Washington Square”. Começo a ler. América no sec. XIX. Uma verdadeira merda diria Antero do Quental. O mesmo disse ele a Eça aquando da primeira versão de “O crime do padre Amaro”. Mamas americanas, estações de TV luso-americanas e publicidade de autores americanos… Eu sou americano!... Estou lembrado de, quando os Açores se queriam ver livres da esquerdalha portuguesa, terem sido acusados de ir cair nas dependência dos Estados Unidos da América. Um horror! Afinal, quem é que é americano? Quem é? Portugal é América a todo o momento e nos intervalos a Espanha espreita com algum capital para nos comprar. Não é novidade. No passado, também foi assim… A selecção portuguesa do brasileiro Scolari perdeu com a Arménia… Fernando Santos foi despedido por ter ganho aos dinamarqueses e empatado com o Leixões… Veio o espanhol. O que é que eu quero mais para me sentir português? Quero ser açoriano, mas aqui em Lisboa. Quem me tirar Lisboa, tira-me tudo. Sinto-me perdido… sinto-me português? Claro, mas tonto! O que é que isso quer dizer? What you mean…
mmb

Sunday, August 12, 2007

 



UM AÇORIANO POR CÁ

OS MUITOS PORTUGALOS

Vivo numa zona onde a população é tão ou mais velha do que eu que sou quase septuagenário. Até as pombas que poisam na varanda do apartamento já nem arrastam as asas. No Verão, Lisboa fica deserta… não é bem assim. Estrangeiros enxameiam a Baixa e os bairros. Não sei se serão os tais colonos que vêm para ficar ou se estão só de visita. Brasileiros, africanos das ex-colónias europeias - até italianos - trabalham na restauração. Quando falo no meu cuidado dialecto micaelense interpelam-me com um yes ou coisa que o valha. Dizem existir à volta de meio milhão de imigrantes que fazem intenção de procriar por cá. Os portugueses já não se multiplicam como dantes. Nas aldeias e pequenas vilas havia muita filharada. Era a cultura da segurança para os últimos dias de vida. Agora, os aldeãos já não se esforçam tanto, pois a Segurança Social veio substituir a pacatez da lubrificação libidinosa. E para se fazer filhos não é preciso senão uma poucas de quecas. Portugal tinha fama de ser um país de macho latino. Uma verdadeira mentira! Excepções havia e ainda as há. Mas não passa disso mesmo. No passado pensava-se muito em sexo. Pudera! Era proibido. E por ser proibido era desejado. Apenas isso. É preciso fazer-se filhos para que os portugueses não desapareçam. Os governantes querem ou difundem a ideia permitindo-se apoiar os copuladores. Mas, nestas gaiolas citadinas onde os colocar? Ter um cão de pequena dimensão dá cá uma enorme trabalheira quanto mais uma criança que requer todo o tipo de atenção e cuidados. Com o fecho das escolas e dos hospitais e com a subida do custo de vida só se os governos capitalistas que agora nos governam querem mão-de-obra pouco qualificada para servirem futuramente de criadagem a preços módicos… Nos Açores, ainda não temos esse problema de falta de população, não porque sejamos grandes fornicadores, mas porque ter crias faz parte da nossa “cultura”. No passado, quando o Alentejo se despovoou, quem acham que veio ocupar a terra? Quatrocentos casais açorianos! Dêem condições de vida aos açorianos no continente português e vão ver que não será preciso pedir ao leste europeu que nos ajude a aumentar a população. Com os portugueses a envelheceram a olhos vistos, o que será de Portugal daqui a quarenta anos? Teremos (se já não as tivermos) comunidades poderosas e estranhas a governarem a terra que herdámos. E os Açores? Naturalmente a viverem debaixo das ordens do Terreiro do Paço globalista… E mais uma vez os Açores a serem o que resta do velho Portugal. O remédio está à vista de todos. Dêem-nos terras e casas e vão ver. Façam como no passado! E em vez de pensarem primeiro oferecer boas condições a outros pensem nesse apoio revertido aos portugueses das ilhas. Ah, e arrastem os párocos regionais, pois será a garantia legitima da proibição do preservativo e do aborto. Salvo seja!
mmb


Friday, August 10, 2007

 

CRÓNICAS A PARTIR DE LISBOA

É SEMPRE A FIAR…

Portugal europeu, é hoje, uma superfície comercial-passeio-público por um lado. Da outra banda, um grande Banco. Com raras excepções pontuais, claro está. O crime e o futebol são produtos de consumo a par das necessidades “intelectuais”. A política está centralizada na Assembleia da República (por acaso está de férias apesar de alguns políticos andarem a dar à sola por certas ruelas). Algumas sedes partidárias ainda recebem alguns questionáveis jornalistas e vai daí, pouco ou nada salta cá para fora. É facto que não há nada para dizer. Mastiga-se o que foi dito na Primavera e cospe-se o mesmo para o tornar indigenamente mais tragável. Saramago não disse mais nenhuma das suas bem alzheimeiradas prelecções, o que chateia muito a “intelectualidade” espanholizada, sempre ávida a comentar o que certos neurónios desobedientes arquitectam. António Lobo Antunes está um delírio de cronista. A cura a que se submeteu aperfeiçoou-o e ei-lo, imagine-se, a superar Vasco Pulido Valente. Temos Nobel. Retiro tudo o que disse dele. O povo explorado que faz greves calendarizadas está de férias. O crédito bate-lhe à porta e convida-o a gastar. É gastar que o dinheiro que está em boas mãos de boas mãos não veio. Amanhã, as greves serão organizadas pelos devedores. E estes exigirão cem ou duzentos anos para liquidar o que me parece vir a ser impossível de cobrar neste século. O partido do futuro é o partido dos devedores (PD). Para presidente há que ter critérios de escolha. O sexo está por todo o lado. É caro, mas é muito melhor do que estar numa fila de espera nos “novos hospitais”. Fala-se numa organização que estuda sexo a crédito. Até que está bem! Ora, dê-me dois croquetes, uma meia de tinto da casa e quarenta e cinco minutos do quarto 204. Aqui tem o meu Gold. É sempre a fiar.
mmb

Thursday, August 09, 2007

 



NÃO ESTÁ NINGUÉM EM CASA

Quando a Dona Manuela Leite era ministra das Finanças convidou um alto quadro do BES para atacar os portugueses contribuintes faltosos. Se os contribuintes não fossem faltosos ou fugidios, que necessidade haveria de incluir o senhor Macedo nos remunerados da Função Pública? O senhor Macedo deixou obra? Claro! Todos nós sabemos como trabalha a Banca. Até o cuspo dos selos dos avisos aos clientes se paga. Nada escapa à sanha recolectora da Banca. O senhor Macedo em vez de ir dar um curso de reciclagem aos funcionários das Finanças assentou arraiais na alta cadeira da Direcção Geral das Contribuições e Impostos de onde dirigiu o combate. A Dona Manuela (mais o seu Macedo) deu início oficial à “privatização” do Estado que já estava na forja a partir do momento em que o próprio Estado pôs na gaveta a Constituição. Quando alguém fica a dever um tostão furado à Banca, esta acciona os meios legais colocados ao seu dispor para ser ressarcida do seu eventual prejuízo. E ao Estado? Vende-se um alqueire de terra por pataca e meia e não se delara. Os dados são cruzados e pimba. É-se apanhado. Até a dona de casa - aproveitando o tempo da cozedura da sopa - para fazer bolos para fora é multada ao vendê-los para casamentos ou baptizados sem passar recibos. O trabalhador por conta de outro quando recebe o vencimento deixa para os cofres do Estado aquilo que deveria pagar no fim do ano. O Estado ficou moralizado. A arraia miúda está lixada. Não tem por onde escapar. “É assim nos países evoluídos!” Afirmou perante as câmaras o novel moralista maoísta e fiscalista Sanches. Se toda a gente pagasse impostos viveríamos muito melhor? Claro! Tem é de ser toda a gente e não os que não podem. O fiscalista Sanches também afirmou que tinha os impostos em dia. Parabéns, senhor doutorando! O senhor disse que levava por cada parecer seu 25.000 euros. Ah, como é saboroso pagar impostos quando se ganha bem e se tem de passar recibos! O senhor Macedo ex-DGI levava para casa todos os meses a mesma quantia. Assim, também, julgo ser saboroso pagar impostos. Até dá gosto! O senhor Macedo também disse que o Presidente da República estava mal pago, assim como o Primeiro-Ministro, pois ganhava mais do que aqueles por mês qualquer coisita à volta de 18.000 euros. Esta gente não é de cá! Esta gente está de passagem… E, já agora…, disse um disse outro, o Comendador Berardo sendo amigo deste e daquele vai dizendo o que acontece aos milhões dos lucros que alguns desses amigos levam para casa em seus jactos particulares. Se não foi assim foi parecido. Este texto tinha uma razão que se perdeu devido ao calor que gera quando esperamos uma resposta dos nossos merecidos reembolsos. O que se espera do Estado é que ele faça cumprir e cumpra. Quando quer que a malta cumpra ameaça por tudo que é canto e esquina. Quando não são os agentes oficiais a fazê-lo são os cães de coleira do capitalismo a endossar recados à laia de comentário economicista. Quando ao contrário, isto é, para recebermos o nosso, não está ninguém em casa. Ora porra!
mmb

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