Friday, March 24, 2006
SÁBADO POLÍTICO /"A COMUNIDADE AÇORIANA AFLITA". UMA DEMISSÂO ESPERADA
Açorianos e seus descendentes, nos Estados Unidos e Canadá, perfazem a bonita soma de um milhão e tal de almas. Durante anos o seu sangue, o seu suor e as suas lágrimas chegavam aos Açores transformados em saudade e em dólares. Estes últimos serviram e muito as carências económicas dos familiares que deixavam atrás e numa segunda mas imediata perspectiva a banca sedenta associada à cumplice governação. O seu sofrimento era traduzido em lucro limpo. Chegavam de férias para matar saudades e eram tratados apenas como carteiras onde se podia retirar mais algum. Após o 25 de Abril, a Comunidade Açoriana começou a dar sinais de força política. Foi assim que toda a classe política oficial e não só se começou a movimentar no sentido de obter dela todos os benefícios. Espoliados lá como quase servos, os nossos irmãos de sangue, pois os trabalhos que lhes eram destinados ninguém os queria, maltratados na terra que os vira nascer pela ganância de uma burguesia habituada a ser servida sem querer dar nada em troca e finalmente recebidos com folclore e muito cinismo, os nossos emigrantes só servem para carne de canhão. Foi criada uma Direcção Regional das Comunidades para dar seguimento ao folclore e sobretudo para os controlar, não fossem eles por outrem serem manipulados. A coisa continuou na mesma. A Região, a Banca e Portugal receberam milhões de dólares dos emigrantes e investiram mal esse dinheiro. Investiram em coisas que a eles não dizia respeito. E tanto é assim que as estruturas que recebem os repatriados estão nas mãos de padres e outras entidades votadas à caridade. Isto serve para lhes dizer que eles, os emigrantes, não têm direitos. Que se desenrasquem como puderem e quiserem. Para que serve uma Direcção Regional, cuja responsável não sabe nada acerca dos assuntos que lhe deviam dizer respeito? É paga para apresentar obra - ela e os que como ela prestam serviço de interesse público. Resultado, na primeira contradição fica tudo com a careca à mostra. Isto até a política dar o respectivo tratamento. Que quer dizer enganar novamente os emigrantes com palavras cheias de lágrimas e de saudade. Questionda acerca do número de emigrantes sujeitos a serem expulsos, a Directora Regional nada sabe. Diz ela que gosta de rigor. Mas nada fez por isso. Ela própria o confessa numa infeliz entrevista. E a quantas festas foi ela mais o senhor César? Isso deve saber. E quanto dinheiro , do nosso, claro, foi gasto em banalidades? Fala-se em cerca de quinze mil casos de expulsão. Será o caos? Com certeza! Então, não cabia ao governo da Região fazer o levantamento antecipado da situação dos nossos emigrantes? Não cabia, também ao governo da Região preparar o apoio para posteriores desgraças? Ou estaria o senhor César a pensar no bispo de Angra e no maná do deserto para suprir futuras misérias? Temos o direito de saber que dinheiros tem a Direcção Regional das Comunidades para prestar serviços de apoio aos emigrantes. Temos o direito de saber que dinheiro foi gasto em viagens e outras benesses dos políticos do sector em causa. Isto é muito grave! Pode até dar origem à demissão de César, se a situação estiver fora do seu controlo. Este senhor não faz a mínima ideia do que serão milhares de emigrantes nas ruas a reclamarem e a pedirem contas , trabalho ou subsídios. Para já, a senhora Directora não tem condições para se manter no cargo. O bom senso exige a sua demissão. E digo isto para se salvar ainda o que pode ser salvo. Estamos a falar de política e não de casos pessoais. Existem boas pessoas que nada percebem de política...
MMB