Sunday, February 25, 2007

 


A PRÉ-REFORMA DA INVÁLIDA DIREITA NOS AÇORES

No princípio dos anos oitenta a direcção nacional portuguesa do CDS (hoje acrescido de PP) expulsou das suas fileiras dois dirigentes regionais: o advogado Carlos Melo Bento e o engenheiro Vaz do Rego. O delito: ambos foram acusados de defenderem “demasiado” os interesses dos Açores… Estes dois dirigentes são oriundos (Vaz do Rego já faleceu) de São Miguel, o que incomodava de certo modo a capela terceirense que via assim a sua participação política na área da direita diminuída e dividida. Devido à pouca experiência em regimes democráticos dos seus dirigentes, a direita açoriana esgotava-se e projectava-se nas pessoas e não nos projectos. Dividida, porque na Terceira a direita era a do tempo da outra senhora. Saudosista, fadista, cheia de trejeitos nacionalistas, culturalmente anti São Miguel. Assentando o CDS arraiais em São Miguel em virtude dos votos expressos nas urnas, à direita terceirense só lhe cabia ir a reboque ou denunciar o “separatismo” dos micaelenses às altas individualidades centrais. Compilaram provas escritas (era o que havia na altura) e enviaram-nas para Lisboa. Em Lisboa a suspeição por toda e qualquer atitude reivindicativa era motivo de preocupação e, por via disso, sem mais aquelas despediram os seus representantes no arquipélago. Os “cedêesses” terceirenses puxaram dos galões da sua ancestral portugalidade e levaram consigo para a Terceira de Cristo a conhecida e reaccionária “direita” açoriana. O PSD da altura agradeceu e todos ficaram contentes e felizes. A chamada direita açoriana não existe no seu acto puro. Sempre que o poder regional estala um dedo ei-la servil e bajuladora a rastejar por umas migalhas. Mota Amaral fez dela o que muito bem entendeu e agora Carlos César, por fim, colocou-lhe o avental. E é assim que os reconhecemos por essas ilhas fora. Em São Miguel não há tempo a perder com essa direita terceirense apesar de alguns se terem tornado seus colaboradores. Quanto a uma direita do tipo social-democrata… bem isso é outra conversa. Dela vou dizer pouco. Com a saída de Vítor Cruz que lhe dava um certo colorido micaelense o desastre foi total. Algumas Câmaras social-democratas ainda se têm aguentado devido ao carisma de alguns autarcas mas será sol de pouca dura. Isto é, a direita açoriana atrasou-se uns bons vinte anos em relação ao “Continente” e anda aos caídos. Costa Neves “levou” alguma direita regional para a Terceira, embora esteja a dar duro no terreno micaelense não tarda que César transforme o PSD/Açores numa espécie de zumbi retirado do modelo do PDA. Se se retirar da vida política duas Câmaras da Região (não vou dizer quais são) a direita é, perdão, não é. Não está. Não fala. Apresenta-se desunida. A verdade seja dita: escreve (ainda).
PS:
Nos dias de hoje já não se ouve dizer senão muito baixinho: sou socialista. Quanto à direita? Bem, essa tem muita vergonha. Compreende-se. O que traria ela para a Região senão o passado?
mmb

Saturday, February 24, 2007

 


E DEPOIS DE SÓCRATES…

A actual política musculada, utilizada por quem ganhou as eleições prometendo meia tigela de mel, muito leite e muita felicidade para todos, não pode manter-se eternamente. Sabemos isto muito bem. Esqueçamos, por momentos, as promessas feitas pelo PS para alcançar o poder e olhemos o futuro a partir dos dados do presente. Dir-se-á que vem aí uma grande onda de destruição proveniente do facto de se estar a comprimir num espaço subatómico quase toda a vida “privilegiada” do povo português proveniente das chamadas conquistas de Abril que trouxeram não a democracia (penso que não é preciso demonstrar que de democracia só conhecemos e praticamos uma pequena parte deste regime) mas uma nova maneira de tratar os dinheiros públicos. Criou-se um salve-se quem puder que o país está a saque. E digo isto pelos exemplos no terreno de todos aqueles que de um dia pelo outro foram catapultados para os lugares de dirigentes sem prestarem provas de qualquer espécie mas que são muito determinados a realizarem-se. Os que hoje rodeiam o Primeiro-Ministro tinham currículo nas Universidades como óptimos contabilistas de uma economia de mercado que sempre esteve latente na cabeça de todos e à espreita de uma oportunidade para se impor novamente. O português em geral sempre sonhou ter qualquer coisita de seu. Os do continente labutavam no estrangeiro anos e anos para, ao regressarem, poderem comprar uma casita onde pudessem acabar os seus dias. Os que viviam na capital principal habitavam em casas de renda e muito poucos tinham casa própria. Nas outras pequenas capitais dos diversos distritos era o mesmo e mais forte. Não havia dinheiro em circulação e aquele que havia tinha os seus próprios donos que eram sempre os mesmos. Nas ilhas, onde a falta de tudo era demais evidente, fugir para se tornar escravo e prisioneiro nas fábricas da América e Canadá era o Paraíso. A maioria por lá ficou. São as Comunidades. Era (e é) de doidos esta situação e no horizonte já está outra vez a desenhar-se este modelo. Para lá vamos… Hoje as pessoas tem as suas casas do banco, perdão, partilham a casa com o banco o que é um pouco diferente. Os bairros sociais são coisas que proliferaram por causa do dinheiro das esmolas dos compadres europeus. Por isso a grande maioria dos que não buscam emprego no estrangeiro arranjam um tecto e uns trocos fornecidos pelas centrais sociais da distribuição que proliferam por toda a parte. Avançar mais nesta matéria dá origem a ser-se acusado de discriminação ou até mesmo de racista. Como não faço uma coisa e não sou a outra, caso é que os mando “excrementar” para o deserto. Grande parte de uma população que vegeta sem futuro, sem projecto e sem objectivos vai intervir em força como cabeça desgovernada na vida de todos nós. Já se sente por toda a parte um total desrespeito pela autoridade e pelas leis. O que antecedeu a II Guerra Mundial carcterizava-se por uma deterioração da economia – sobretudo a alemã e a inglesa – e focos de desemprego em alta escala. A perturbação nas ruas era uma prática permanente. Viviam-se dias de verdadeira ebulição da questão social. A guerra até veio fazer “bem” a essas economias. Beneficiaram com a guerra. Aliás, esta é feita para sacar. Sacar sempre. Para nós, da guerra nada veio. Se não entrámos nela o que é que poderíamos lucrar? Nada! Continuámos a ser um país rural e de emigrantes. A nossa estrutura social é tão antiga. É do tempo da colonização do Império Romano. Criou o senhor e os servos da gleba à volta da grande vivenda. Até à morte do Prof. Salazar, Portugal era isso mesmo. A economia era toda ela uma verdadeira vergonha. E, aquela que merecia elogios, era do tipo nazi. Sessenta Grandes Famílias dominavam tudo que oferecia imensas margens de ganho. O vício era tanto em querer imitar o senhorio romano que esses “familiares” se davam ao luxo – para variar – de comprarem as grandes vivendas, com os caseiros incluídos, no interior do país. Só faltava a túnica romana… De repente, com a queda do marcelismo “progressista e industrializado” (a Historia, mais tarde, fará a diferença entre o governo de Marcelo com o de Salazar) toda a gente quis ser funcionário público. Até porque não havia outra solução. O Estado tomara conta de tudo por via daquelas cabeças que fizeram uma “revolução” e puseram-se a imitar os governantes começando a governar. Não se trata de uma anedota. Trata-se de um drama. Eles tinham as armas, o que é que se podia fazer? Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Otelo, Coronel Vasco, Canto e Castro e outros tantos que só sabiam marchar passaram a estar à frente dos negócios do Estado através de um organismo por eles criado à maneira. O que é que se podia esperar? Hoje, temos Sócrates e seus companheiros à frente dos nosso destino. O que é que podemos esperar? Já tivemos um Primeiro-Ministro que não sabia fazer contas e que fugiu porque concluiu que não era capaz de criar condições para que Portugal apresentasse uma governação credível. Sócrates, um pouco mais lúcido, sabe que também irá pelo cano de esgoto em que São Bento se transformou (a culpa não é dele). Por esta razão (Portugal com o actual texto constitucional é ingovernável), já está a perceber que a orquestra nacional que o acompanha está a ficar desafinada. E, ele vai ter que chamar a si certas actuações para as quais não está preparado. Vai, certamente, remodelar o Governo Nacional logo a seguir à reeleição de João Jardim à frente do Governo Autonómico (acrescentado de mais qualquer coisita). Daqui a pouco tempo, Sócrates - e depois de remodelar o seu executivo - vai ter que convocar novas eleições tal qual fez Guterres (actualmente a distribuir papos-secos por esse mundo fora) para repor a verdade na política nacional que valha a verdade é a de sempre…
manuelmelobento

Friday, February 23, 2007

 


OS LIMITES DO PENSAMENTO POLÍTICO-PARTIDÁRIO
E OUTRAS LIMITAÇÕES NA BANDA DESENHADA QUE É
A DEMOCRACIA/DEMAGOGIA

Parece-me evidente uma coisa quando me disponho a ouvir ou a ver (lendo) os discursos dos políticos que vivem à sombra dos partidos. Todos eles me parecem obrigados a interpretar da mesma maneira os factos orientados pelos cérebros que os lideram. Ao dizerem e ao escreverem, tudo tem de estar enquadrado pelos parâmetros que os dirigem sob pena de serem considerados rebeldes e por consequência despedidos. Como a maioria dos políticos não sabe fazer nada e esse nada permite-lhes ocuparem cargos em empresas públicas e outras suas aparentadas, o que acontece é que esses infelizes não precisam de utilizar o próprio cérebro para sobreviverem. São uma espécie de lacaios à moda antiga. Obediência e disciplina. Obedecem sabujando o líder sempre na mira dos futuros proventos e utilizam a disciplina partidária para justificarem as baboseiras que defendem em nome de uma clientela económica, indirectamente sua entidade patronal. Tem acontecido que lá de vez em quando um ou outro começa a “descabeçar”. Se não tivermos muita coisa para fazer (às vezes é o meu caso), e nos interessarmos pela deriva, vamos claramente descobrir que não foram escolhidos pelo chefe para qualquer mordomia, ministério, secretaria de Estado, etc. Com a dor de cotovelo, ou ainda pior, com a inveja que caracteriza muitos deles, não é estranho vê-los a dissertar fora das parcelas que até ali os limitava e os alimentava. Conseguem com esses actos de revolta alguns minutos à frente das câmaras e espaço nas primeiras páginas dos periódicos antes de serem corridos. Depois esfumam-se. Existem excepções que podem ser detectadas à lupa. Alguns partidos com falta de quadros aceitam-nos e constroem-lhes um novo berço, o que aproveitam pois não vivem sem chupeta. Porém, caso raro e muitas vezes comentado é o facto de algum detentor de cargo político descambar e pôr-se a asneirar e nada lhe acontecer. Também não é difícil perceber a questão. Trata-se de uma manobra para distrair os papalvos. E estes são a maioria da malta que gosta muito de circo e está-se nas tintas para o miolo. Tudo isto é um jogo sujo. Desvirtua-se a realidade permanentemente e, às tantas, estamos vogando num discurso formal principal causador de revoltas e de disfunções que caracterizam este viver quase miserável da maioria das populações. Este texto teve origem num noticiário da TVI de hoje que disse por outras palavras o que o porta-voz do Iraque antes da invasão..., perdão, perdão, digo, o ministro da Economia que difundiu na China uma das características do proletário português: é o mais mal pago da Europa dos seis, digo dos doze, digo dos quinze, digo dos vinte e cinco, digo dos vinte e sete (bolas nunca mais pára). Mas, o que disse a TVI? Muito simplesmente que uma família portuguesa estava horrorizada por ter sido obrigada a regressar a Portugal. Horrorizada por ter sido obrigada a regressar a Portugal. Horrorizada por ter sido obrigada a voltar a Portugal…
mmb



Thursday, February 22, 2007

 


O QUE DE MIM SE DESCOBRE

Levanto-me eleito de um Sol
de outros,
sendo também eleitos na vida
mais do que nas sombras fechadas
das fábricas
testemunho de prisão
de perversa condição
de ser;
pesquisa antropocêntrica
lívida
social de ordenamento;
território de permanente sucção
fértil de egoísmos
fechados e rebeldes
ao sermos na distância
carreiros de preconceitos escuros e nados
no inato dos tempos;
tosco
conjugado arcaboiço de classe
que mantendo-se se altera
orientado para desencontros
que nem todos vêem.

Os mais justos que justos são
no confronto entre o si e o outro?

O que tolera não expande
para além da linha do Eu que predetermina
a burocracia do fazer.
O que tolera não mente mas falseia.

Apeio-me da mesa de todos os banquetes
e fujo de mim querendo que tudo
a mim volte.
Passe para circular na consciência
de todas as acusações.

E vens tu que sou eu
condenar-me
com códigos de prisões para me libertares.

Exame de consciência
legítimo exercício simples e higiénico
com que encaro os dias cinzentos.

E quero eu parar o tempo do futuro
para fazer justiça do quanto é fácil fazer egoísmo.

Recriar, reconstruir…….




Tuesday, February 20, 2007

 


REFERENDO À INDEPENDÊNCIA

Na minha crónica de ontem, no “azorespublicum”, esqueci-me de alguns pormenores que hoje vou procurar compor. É sabido que não interessa ao Poder Central uma ligação política entre os Açores e Madeira porque de lá tem partido uma certa postura de rebeldia e afrontamento que tem como cabeça de cartaz Alberto João Jardim. O Presidente do Governo Regional da Madeira aproveita o palco da Quinta da Vigia para fazer ideologia política e ao mesmo tempo “abrir” as cabeças de um povo pouco dado a pensar por si. Uma das grandes vitórias de AJJ foi pôr o povo a pensar. Veja-se o resultado dos inquéritos às suas actuações junto da população elaborados pelos canais televisivos. A “Intelligentzia” portuguesa, em vez de permitir uma comunhão de comportamentos à portuguesa unindo os três territórios, resolve filtrar e censurar o que lá se passa directamente. O que sabemos da Madeira não é senão o que querem que saibamos. Trata-se de um erro de todo o tamanho, pois se a Madeira enveredar pela independência o facto terá tanta importância quanto a teve Cabo Verde. Nada sentiremos a não ser o facto de ficarmos com a saudade do bailinho. A Madeira tão perto fica tão longe. A estupidez da política portuguesa, ainda com vertente colonialista, esquece-se de nos unir. Não existe uma sintonia política entre os três territórios. Cada um puxa conforme pode a brasa para a sua sardinha. Os Açores vivem um autêntico modelo pró-sovietico alimentado por Lisboa. O peso do Estado na região é flagrante. As medidas pró-capitalistas e tremendamente economicistas introduzidas no “Continente” nada têm a ver com a estatização do nosso regime económico. A Madeira treinada pelo liberalismo saxão assente nos seus circuitos comerciais, há mais de duzentos anos, torna-se dia após dia numa verdadeira economia de mercado centrada na sua muito boa qualidade de prestação de serviços. No dizer de Jardim, a Madeira é quase auto-suficiente. E, é nesta perspectiva que ele já fez constar que a independência não é coisa fora do horizonte dos madeirenses. Se o centralismo, português estúpido e atávico, saísse de uma vez por todas da nossa existência havia de perceber que não pode haver diferença entre os portugueses das ilhas e os do continente europeu. Ou somos todos iguais em direitos e deveres ou estaremos sujeitos eternamente a este vai e vem de identidade. Se estamos longe e separados da Europa dos euros há que fazer compensação custe o que custar para manter um Portugal que se quer unido e que se consome dia após dia numa autêntica e permanente indefinição. O resultado dessa péssima política de unidade está aí à porta das nossas casas. É por isso que um chefe de governo ilhéu resolveu “referendar” a independência indirectamente, aproveitando o intrincado da Lei Fundamental e a maré daquele referendo que teve lugar ainda há pouco tempo entre nós. No caso de Jardim ganhar novamente a sua quadragésima eleição, eis o que me parece irá acontecer: a) - um combate previsível e sem tréguas contra o Governo Central com muitos custos para a unidade nacional portuguesa; b) - apresentação da candidatura da independência da Madeira à União Europeia sob forma de protesto da imposição de Portugal de um modelo desajustado à vivência de um povo com características particulares, se não for dado o dito pelo não dito; c) - acusar Portugal no Tribunral Europeu dos Direitos do Homem de abuso colonialista tendo em conta o desrespeito pelo não acatar as leis por si aprovadas e concertadas que o obrigavam a canalizar verbas de apoio à Madeira, sem auscultar o sentir da população. No plano interno e a acrescentar a estes propósitos implícitos, teremos uma campanha eleitoral nunca vista e que irá fragmentar ainda mais a sociedade madeirense. Aguardemos o que será dito no Chão da Lagoa. Não haverá, como se calcula, sermões à laia do Padre António Vieira…

mmb

Monday, February 19, 2007

 



CRIEI AS MINHAS MÁGOAS

Depois… Muito depois…

Criei as minhas mágoas para as consumir
como sacio o apetite de um mosaico
de apetências
que me foram atribuídas
graciosamente.

Levo comigo o dólmen de uma identidade
recomposta
reconhecida.
Autêntica bagagem de dizeres para perceber
o que não entendo.
Não entendo!, é assim como a recepção de um bem
que não requisitei.

Farsa de compromissos
que me obrigaram a jurar sem querer
para me tornarem estranhamente livre
e me poderem julgar de inocências culpado.

Depois… Muito depois…

Género comum, habitante
de pareceres físicos que nunca estão
quando com eles contamos,
remedeio circular de uma selva,
jogo alto. Bem alto que é lá que está o que nunca desce
porque nunca subiu.
Ah!, e nunca lá esteve.

mmb





Saturday, February 17, 2007

 



TEMPOS HOUVE EM QUE AS CÂMARAS NÃO PASSAVAM DE ASILOS POLÍTICOS

Tempos houve que pouco ou nada se ouvia falar de presidentes de Câmara. Passados tempos, verificou-se que os cargos políticos das autarquias começaram a atrair toda a espécie de políticos. Uns, para as Câmaras vinham, outros das Câmaras saíam. Os que chegavam acalentavam saltar para outros ninhos. Os que delas partiam em voo acelerado, por vezes, tentavam alcançar lugares que não estariam ao seu alcance pelos circuitos normais e internos das “câmaras partidárias”. Com o esvaziamento da importância de alguns cargos ministeriais, mercê dos que no actual entendimento usurpam todo o protagonismo, a apetência dos descamisados orienta-se para os lugares do palco concelhio, onde uma comunicação social manipulada os alcandora para as aberturas dos telejornais, pelas piores razões regra geral. Ganharam câmaras personalidades de vulto cujo nome garantia à partida a vitória sobre outras tendências encabeçadas por “estagiários”. Eram pessoas que tinham adquirido créditos políticos substanciais. A Câmara de Lisboa nos últimos doze anos perfilhou um Presidente da República e um Primeiro-Ministro. Esculpiu alguns ministros e uma série animada de candidatas que emolduram uma ainda temática aloirada de intenções. Porque a política é como a economia ou como dizia a minha avó: “onde há dinheiro, há ladrão” (trata-se de uma alegoria. É que a minha avó quando sabia que determinada moça passava muitas vezes pela mesma rua em vez de dizer: ali há mouro na costa - atirava para matar de um só tiro dois coelhos). Não vou elaborar a lista das personalidades que a política camarária cilindrou. São muitos e muitos que ainda aguardam aterrorizados o fim da investigação do Apito Dourado. É que depois da presente “golbolada”, Maria José Morgado deve estar a preparar-se para virar o País do avesso e aí é que vai ser o bom e o bonito. A Procuradora, apesar de idosa, está longe de se reformar… Voltemos ao que me motivou para escrever este “netexto”. Carmona Rodrigues é, hoje, vítima de uma guerra sem quartel porque – e retomando a “tese” que é da Câmara de Lisboa que às vezes saem os pais da Nação – ele pode vir a ser um desastre para o Partido Socialista no próximo acto eleitoral se o PSD resolver, numa atitude de rara inteligência, substituir Mendes e arranjar um líder que se veja, perdão que leve a social-democracia às vitórias. A minha avó - se fosse viva – dizia (diria) que gostava muito do Salazar, porém, apesar de ele ser muito seriozinho estava rodeado de ladrões. Nada falta ao Professor Carmona Rodrigues. Tem carisma. É sério. Cai no goto. É simpático. Sendo careca não parece. Aprendeu depressa a cartilha da política que ensina o sujo e o limpo. Os cães que lhe morderam é que apanharam raiva. Resumindo: o Partido Comunista percebe que se for a votos perde hegemonia. O Partido Socialista não tem candidato. O CDS-PP só com Portas poderá equilibrar-se, visto que a Zezinha já deu o que tinha para dar. O PSD aguarda tornar-se vítima para ganhar a todos. O Bloco de Esquerda é o único que ganhará com a demissão da actual Câmara porque Sá Fernandes, que começou como munícipe irrequieto, encarna, na actualidade, o homem-instituição capaz de fazer parar todo o tipo de atentado às mais elementares aspirações de decência que já nos vêm fazendo falta. Estão a fazer uma grande cova para o Professor Carmona Rodrigues. Estão tão distraídos os seus autores que nela vão caber outros que não ele.
PS:
Certo dia, na minha escola primária, um aluno ofereceu à mestra uma régua de osso de baleia. Coisa certa. Foi ele o primeiro a prová-la. Caso é! Melhor dizendo, caso foi…..
manuelmelobento

Tuesday, February 13, 2007

 


A GRANDE VOLTA DA MULHER

Para mim o que esteve em causa no Referendo do passado dia 11 pode ter todas e as mais variadas leituras. Um regime democrático - que é o que usufruímos hoje - permite às pessoas opinar e intervir sobre a vida em sociedade e tudo o mais. Ninguém está ou deve estar sujeito a pressões de qualquer espécie quando exprime o seu modo de ver e de sentir. Quero fugir de posições extremadas, pois elas, embora tenham o seu papel importante, não permitem que se cresça em entendimento. Vamos discutir tudo para tudo esclarecer. A um povo esclarecido é motivo de orgulho pertencer-lhe. Como é sabido por aqueles que se interessam pela liberdade nela mesma (não confundo a liberdade “civilizada” com a liberdade de certos grupos que sem profundidade e entendimento a desvirtuam) que viver em liberdade é um acto colectivo. Não pode existir liberdade de grupos nem de secções. Para isso, ninguém pode estar acima das leis. Isso custa e muitos não o aceitam. Daí assistir-se a comportamentos corporativos indignos de uma abertura sã de espírito. Daí viver-se a maior parte do tempo ver construir-se um mundo de interesses e de mentiras. O facto de estes “mundos” existirem não quer dizer que não tenhamos de o enfrentar com racionalidade, conhecimento e respeito pela dignidade do outro. São momentos de cultura que é preciso realizar. Este texto já está longo para me posicionar perante aquilo que penso vir a ser uma grande volta na nossa mentalidade relativamente à mulher. A mulher, num Estado de Direito, não podia ser entendida (e eu vou ser muito delicado) como peça de estudo e interpretação por um ser que se lhe diz semelhante. Nesta última semana, do tempo de todas as análises, aborreci-me imenso em ver os homens a quererem comandar uma coisa a que não foram chamados por via de capricho da natureza. As mulheres passaram procuração a diletantes zângãos para interpretar o seu sentir interior? Mas que atrevimento! Que triste figura falar por elas no que diz respeito aos seus mecanismos cerebrais! Este Referendo serviu para a mulher se livrar de grilhetas e poder ela mesmo ser senhora do seu pensamento como acontece com os homens. Um compromisso global não quer dizer à partida que se tenham de sujeitar. E, então a liberdade? Entrar na consciência da mulher não será crime? A mulher só pode ser responsável se tiver sempre o homem a seu lado? Que tipo de igualdade se queria forjar? A partir de domingo espero poder contar com “outra” mulher: não aquela que sempre foi conscientemente obrigada a ser mulher do lado de fora…
manuelmelobento

Sunday, February 11, 2007

 

AS NOITES DO RIO POR CÁ À NOITE TÊM DIAS Posted by Picasa

 

AS NOITES DO RIO POR CÁ À NOITE TÊM DIAS

Sábado à noite a cidade de Ponta Delgada é visitada por gente vinda das catacumbas do desespero. O Centro Histórico enche-se de gente nova que depois de beber uns copos resolve entreter-se destruindo tudo o que lhe aparece pela frente. Caixotes de lixo, divisórias de construções, carros e até janelas baixas são o seu alvo preferido. A cento e poucos metros da esquadra da Polícia de Segurança Pública ficam os despojos de uma “luta” que à primeira vista parece não ter explicação. Sabe-se que os agentes da autoridade não podem actuar sem que os desacatos lhes sejam comunicados. Às vezes, o barulho que fazem é tanto que se estranha não haver de imediato intervenção policial. À partida não há lógica para tais desacatos. Acontece! O cidadão comum pouco ou nada pode fazer. Se por acaso lhes chamamos a atenção sujeitamo-nos a ser violentamente agredidos. Quem são estes novos bandidos? Não sabemos. Sabemos, isso sim, quais os lugares onde se portam como feras saídas das jaulas. Os locais estão definidos e muito bem. Penso que está na altura de a Polícia durante as duas ou três horas que duram as cenas de violência levar a efeito o patrulhamento adequado. Daqui a nada estamos organizados para nos manifestarmos contra estes comportamentos. Começaremos por abaixo-assinados a fim de alertarmos quem de direito. Não convém para certos políticos que se faça muito alarido para dar ideia de que tudo corre bem. Um ataque violento ali outro acolá. Espancamentos estão na ordem do dia. Melhor dizendo, na ordem da noite. Ponta Delgada é uma cidade violenta! Querer esconder a questão não vai durar muito. Não serão, certamente, energúmenos das favelas aqueles que estão a tornar a vida desta cidade um inferno. São indivíduos reais que em grupo tudo podem. Estarão eles também a meter medo àqueles cuja missão é proteger? Se assim, é estamos fritos!
Alturas houve que se viam turistas a passear à noite. Fugiram?
manuelmelobento.

 


Tuesday, February 06, 2007

 

A PEDIDO VOLTO A PUBLICAR ESTE TEXTO
Editado em 25 de Outubro de 2006

... GENERAL SILENO

- Senhor general, que achou da prestação de Zenaide Soares (BE) no programa “Meia Hora”?
- Deixe-me acender o meu cachimbo, último grito em Stil. Para já, jantei tarde porque o horário/calendário foi alterado como de costume e eu esperava ver “O maior português” na RTP1 para poder votar em consciência. Mas, compromissos são compromissos. Ora, se não estou enganado a doutora disse que a lei era repressiva e perseguia as mulheres. Ora no meu tempo a lei não perseguia as mulheres. Elas eram propriedade dos maridos. Nem podiam viajar se nós não as autorizássemos. Elas estavam escondidas em casa e protegidas por nós. E também, valha a verdade, pela Santa Madre Igreja. Ela propõe a despenalização do aborto. Aonde íamos parar, Santo Deus! Elas já conseguiram poder viajar sem autorização, que mais querem?
- O que pensa o general do aborto?
- Eu sou pela vida!
- O senhor, que já esteve em várias batalhas, quantos inimigos já matou? - Imensos! E não precisava de gastar muitas munições. Até ganhei um primeiro prémio em pontaria. Era tiro e queda! E acertava sempre na cabeça.
- Na cabeça?
- Sim por causa dos coletes de protecção.
- O que pensa o general do corpo das mulheres?
- Quando são belos é que nos encantam. E isso vale por tudo o que a natureza nos dá.
- Será que elas poderão dispor dos seus corpos a seu bel-prazer?
- Só para aquilo que estou pensando e você também.
- Não é essa a questão. Pergunto-lhe se podem ou não rejeitar a junção do espermatozóide com o óvulo que às vezes as incomodam tanto?
- Claro, e porque não! Basta lavarem-se e pronto.
- Aquela junção não será vida?
- O saudoso Salazar e o Cardeal Cerejeira diziam que uma vez agarrados os dois nada se podia fazer. Que era pecado.
- Mas, o senhor, como intelectual permitiria que os médicos as lavassem? - Bem, agora percebo onde você quer chegar. Sou contra o aborto! Totalmente! Aquilo é um crime. Não podemos dar às mulheres o corpo delas! E com que é que ficávamos? Elas já têm tanta liberdade. Basta, digo eu! Aliás os senhores bispos já se pronunciaram contra esse assassinato.
- E desde quando?
- Desde que o Padre Américo engravidou a Amelinha.
- Então, será melhor fazer-se o aborto clandestino?
- Claro, desde que com discrição e com bons médicos senão dá para o torto e fica muito feio.! Eu próprio conheço senhoras da alta que já o fizeram em óptimas clínicas. Até posso recomendá-las.
- Mas isso é crime!
- Só para as pobretanas! Põem-se a fazer sexo esfomeadas e sem classe e dá no que dá.
- Nesse caso o senhor está contra a posição de Zenaide Soares? ~
- Completamente! A gente de esquerda quer dar cabo do país! Não podemos aceitar.
- Então, o general está a favor do dr. Melo Alves, protector da infância intra-uterina?
- Sabe, os infantários estão cheios e somos nós todos que pagamos a despesa da gentinha com os nossos impostos. Eduquem os filhos em casa! Dêem-lhes educação familiar que bem precisam.
- General, toma mais um uísque?
- Se faz favor!
- Vamos ouvir a gravação para podermos depois analisar o pensamento dos “meias horas”: “Interrupção voluntária da gravidez”, não acha que isso devia ter em conta a consciência individual de cada mulher?
- Meu caro amigo eu não sou o erudito Professor Marcelo. Você está a falar de aborto com falinhas mansas. Comigo vem de carrinho.
- Senhor general, quantas vezes foi comido por mulheres?
- Comido eu? Nunca, eu é que as comia!
- Olhe que não general, olhe que não! E se o general tivesse engravidado várias mulheres nas suas campanhas não gostaria que elas resolvessem o assunto da melhor maneira para que a sua falecida “esposa” não ficasse desgostosa?
- Aqui para a gente que ninguém nos ouça. Eu é que sei o quanto me custou em escudos antigos cada assunto resolvido. Houve uma vez que até tive de recorrer à Banca, pois tinha comprado um carro novo.
- General, hoje, não falou mal da RTP/A?
- Ia-me esquecendo.
- Pois é, general não temos mais espaço para tratarmos da infância intra-uterina.
- Fica para a próxima.
- Claro, olhe que o meu copo está outra vez vazio!
O general Sileno é um heterónimo

Monday, February 05, 2007

 



A todas as mulheres que foram e são vítimas da desigualdade

Tu és a comoção viva do Universo de muitos abrigos.
Saudade composta de palavras roídas e exaustas que
regressam de muitos lugares que de mim também foram.

Retomo-te no ser que és
resposta efémera do gesto do tempo perdido
que no antes movendo-se compõe o perfil olhado de frente sentido.

Que marés questionam desejos que se desgastam
enrolados nos cabelos voando em manhãs de sempre calmas.

Por que te tenho em forma de fumo subido
travando a ruga da última viagem?

Que mais tirar do que julgaste dar que para tanto
receber de nada serviu?

Ficaste para sempre espelho de nada
recordação
vaga sensação do prazer
rasto de uma consulta de saberes acumulados na já cheia tábua
de olhares curiosos
filha de anseios domesticados
que para tanto absurdo
me ficaste…
mmb













Sunday, February 04, 2007

 


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