Tuesday, April 25, 2006

 

AO CENTRO-ESQUERDA E AO CENTRO-DIREITA

O Presidente Aníbal Cavaco Silva deu o mote da vida política portuguesa para os próximos anos, ao discursar ao lado do cravo vermelho Jaime Gama, na Assembleia da República, aquando da comemoração do 25 de Abril de 74. Se alguém estava à espera que o professor copiasse os anteriores "presidentes da democracia", enganou-se redondamente. Spínola, Costa Gomes, Eanes, Mário Soares, Sampaio - para que não falte nenhum - foram pontas de lança de grupos e de interesses que pouco tinham com a ideia de Pátria. Abriam a boca mais para desunir do que unir. Os executivos estiveram sempre em pé de guerra com a presidência. Parecia mais um dueto de ódios do que um tango à Mardel (?). Eles foram: Spínola/Vasco Gonçalves; Costa Gomes/Sá Carneiro; Eanes/Mário Soares; Mário Soares/Cavaco Silva; Sampaio/Santana Lopes. Portugal foi isso mesmo: gente que perdeu a noção de pátria para alcandorar-se não se sabe bem em que ramo. As camarilhas sedentas de sangue viraram vampiros diurnos. Um homem que representou o centro direita, e como tal foi eleito, veio propor um concerto de um Bloco Central domesticado, obediente e patriótico. Sim, o que Sócrates está a fazer é para salvar a nação... Nem um ponto e vírgula de obstativo foi dito pelo algarvio. E agora? Agora lá vamos. Vem aí o nacionalismo de unidade trinominal, cujo chefe é Cavaco. O seu primeiro-ministro (Sócrates já foi papado) passará a figura secundária. Tudo o que fizer está nos planos do Presidente. O Presidente é o chefe do trinominal: centro-esquerda, centro e centro-direita. Sócrates é o centro equilibrado e euro-comes-o-que-puderes. A esquerda não vai com ele nem para o Panteão, mas o centro-esquerda vai. A direita está lambendo os beiços de satizfação. Sócrates é uma espécie de feitor de Cavaco. Tudo o que fizer será transformado em créditos do nacional-trinominal, cujo chefe máximo pontifica em Belém. Sócrates, não comparando é o Sidónio. No penteado é tal e qual. Enquanto um - Sidónio - foi despachado numa estação de caminhos-de-ferro, Sócrates despacha um combóio moderno para o futuro de Portugal. São muitas coincidências... As greves! Ah, as malditas greves! O célebre Afonso Costa (um democrata da Primeira República) odiava, enquanto primeiro-ministro, todos os grevistas. As greves vão fazer muitos estragos. Polícias, magistrados e outros defensores da estabilidade têm na forja formas de luta que irão tentar descaracterizar o que Sócrates e Cavaco pretendem: reforçar o Estado recuperando parte do seu poder e dignidade perdidos. Há muita gente saudosa do respeito, do reforço da autoridade e "parentes-afins". A ordem na rua , em casa, na escola, nas repartições, nos cafés, na noite... Ah, a saudade da velha e respeitável polícia... Os bons costumes... Que é lá isso de oferecerem nas escolas o preservativo!... Ninguém ouve o senhor Papa que não quer esssa pouca vergonha? A direita sonha, o clima promete e Cavaco espreita pelo olho do feitor. Só assim... Será a receita, o que estou pensando? O primeiro passo já foi dado. Cavaco teve a grandeza e estatura de Chefe de Estado. Honra lhe seja feita. Eu até nem vou (ia) com a cara dele. É-lhe devido este cumprimento. Tome lá!
Manuel Melo Bento
Terça-feira
25/04/2006

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