Sunday, April 23, 2006

 

.COISAS DA POLÍTICA E DO IDEÁRIO

A criação de uma vice-presidência no meio de um governo fragmentado é um sinal de fraqueza de César perante o "lobby" terceirense? Será uma manobra para fazer quebrar o ímpeto das ilhas mais "pequenas" que fazem muito barulho? Uma estratégia para prolongar o regime socialista no poder? Uma imposição de Lisboa no quadro de um secretismo tendo em vista prolongar o grito de independência política há muito comprimido? Como quem não quer a coisa, Angra-Terceira tem surgido ultimamente como pertença de uma liga de cidades em oposição à liga capitaniada por Ponta Delgada-São Miguel. A liga de Angra é capitaniada por Lisboa. Por essa razão os Açores estão divididos em dois grandes blocos. Um voltado para si, outro tipo Cavalo de Tróia onde os adversários conseguem sabotar a libertação económica que é a nossa única saída para o desenvolvimento e crescimento. São Miguel não pertence à Liga de Lisboa por ser antagónica a atitudes centralistas. Mesmo quando os governos são da mesma cor partidária o entendimento não funciona. E, se parece funcionar, é só para inglês ver. Para São Miguel imigram de todas as ilhas as cabeças pensantes dos Açores. Menos, como é óbvio, as da Terceira, pois é lá que se instalou a sucursal dos interesses de Portugal. Ponta Delgada é desde há muito culturalmente subdesenvolvida. Criou-se um modelo de subserviência cultural em São Miguel para, como cota, pagarmos o nosso maior pendor económico. Com excepção dos governos de Mota Amaral e de alguns laivos autonomistas do século XIX os "governos" de São Miguel não passam de colaboracionistas dos que nos exploram e não nos deixam crescer ao ritmo desejado. As ilhas, com excepção de São Miguel, foram politicamente estruturadas para viverem como agentes do Estado Português. São quem mais activamente "presta serviços" remunerados à custa do atrofiamento de São Miguel. São Miguel não está vocacionada para interpretar Portugal aqui. Penso que nunca esteve. As outras ilhas vivem dividindo muito bem o que recebem, e porque não têm de justificar seja o que for é-lhes permitido criticar quem paga a factura. As nossas bolsas de miséria física, moral e económica estão por aí para consubstanciar o que aqui fica dito. As outras ilhas (não há outra maneira de o dizer sem cínismo) socialdemocratizaram-se longe do quadro da miséria de São Miguel. A economia de São Miguel está a liberalizar-se à custa de investimento estrangeiro de duvidosa eficácia. Esse poder económico um dia vai pronunciar-se. É só apertarem-lhe os calos que é como quem diz os lucros. Portugal tudo tem feito para que nos Açores se venha a passar o mesmo que aconteceu às outras ex-colónias. Deixa atrás de si o caos, miséria e violência. Para quem gosta de brincar às guerras não é de admirar. O exército português está no Kosovo... será que invento? A política portuguesa sempre teve como finalidade voltar as ilhas contra São Miguel. Infelizmente elas não podem fugir ao seu destino. Venderam-se e o pior é que não têm consciência disso. Servem, para num futuro próximo e com este estilo de dividir votos, tornar São Miguel num bobo com a boca cheia de massa sovada e a rir que nem um basbaque. Está aí a chegar a data em que se comemora aquilo que ficou resolvido designar de dia de liberdade. Nada mais falso! Dias após a traquinice de uns rapazes que estavam fartos da guerra (nisso tinham razão) e de não serem promovidos por darem tiros nos nacionalistas africanos começou a saga dos piratas. Perseguiram-se pessoas, prenderam-se os que foram apanhados a não cantar: "o povo está com o MFA". Muita gente fugiu com medo para o estrangeiro levando os filhos e a roupa que tinha no corpo. Roubaram-lhes as terras e os haveres sem critério. Centenas de portugueses perderam os seus direitos políticos só porque eram funcionários públicos e por serem apoiantes do Estado Novo. Houve uns pulhas que assaltaram o Estado como quem assalta os bancos e ainda por lá andam. Prenderam-se pessoas sem culpa formada e que estavam a dormir de madrugada nas suas camas sem atender aos direitos e garantias dos cidadãos tão propalados pelo espírito democrático. Fugiu-se com dinheiros públicos e até agora foram apanhados os seus autores, etc. Isto foi o 25 de Abril! Depois, sim! Só muito depois começou a surgir o pensamento e a atitude democrática envergonhada. Portugal foi-se modificando. Houve de facto um período que julguei que nos tranformaríamos numa verdadeira democracia. Não, foi uma ilusão! Portugal é o que todos nós vemos e sabemos: uma ditadura do capital. A verdade aí está! Portugal além de sugerir não ter viabilidade como país independente a não ser num quadro de casinos e de subsídios tem às suas costas cerca de quinhentos mil desempregados. Arranjem outra data para comemorar, que esta está ferida de morte. Ferida daquilo que é o espírito de mentira e de fuga à verdade. O 25 de Abril para quem o viveu no terreno não é como o cantam os instalados nos dinheiros públicos. Manuel Melo Bento
23/04/2006
Domingo

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