Sunday, April 30, 2006

 

"CROQUIS" DO PSDA - CONTINUAÇÃO (II)

O texto de sábado (ontem) está fraquito. Para já, meti-me por atalhos e perdi-me. Como é que vou chegar ao PSDA? (A de autárquicas, evidentemente). Bem, comecemos por transcrever parte de uma carta que Mota Amaral enviou ao grupo de fundadores do PSDA (A de Açores...) :Jorge do Nascimento Cabral, Fernando Pacheco Costa, João Bernardo P. Rodrigues, José Ventura (hoje Presidente do PDA), José Gouveia (falecido), Álvaro de Lemos e Tibério Ribeiro (falecido). Rezava assim "... tal e tal... haverá algum interesse em passar pela Terceira?" Data: 2 de Outubro de 1974. In História do PSDA. Este PSDA é o tal que se designava por PPDA. Mudou de nome/sigla por causa das confusões com uma certa direita e para ficar bem visto pelos europeus da altura. Na Terceira, não deve ter havido 25 de Abril. Calados estavam os terceirenses a ver como andavam as modas. O costume! Depois de conquistado o muro de Angra, o resto caíu como ginjas no regaço da social-democracia. Mota Amaral começou por sugerir (ordenar) que primeiro se tomasse São Miguel. Ele tinha sido deputado da Assembleia Nacional (uma espécie de Assembleia da República mais idónea, mas fascizante...) e sabia que as ilhas estavam divididas em distritos e cada distrito era um reino sobre si mesmo. Não estava nos seus sonhos de sobrevivência política ver Açores Unidos. Essa ideia só toma forma com a reacção dos micaelenses contra a ditadura renovada do Portugal por aqui. A trindade (de cada um por si...) açoriana só toma forma quando Mota Amaral se apercebe que uns Açores politicamente nação só começariam a sê-lo dando a cada capelinha o pároco respectivo. Explicando melhor, a Terceira muito mais politizada nunca aceitaria directrizes micaelenses. As outras ilhas sem peso iam de arrasto como o chicharro de costa. O Faial lá ficou com o seu quinhão. E que quinhão!, para apenas quinze mil habitantes. Uma espécie de Arrifes aconchegados à Ribeira Chã. Tudo organizado na Terceira e bem. Tudo em nome da descentralização (açoriana). "Querem vocês ser governados por São Miguel ou por Lisboa?" Perguntavam os velhos colonialistas - feitos democratas - às ilhas. "Por Lisboa!" , (gritaram primeiro os terceirenses) seguidos pelos restantes insulanos dos despovoados distritos e suas ilhotas satélites.
140.000 micaelenses votam? Sim, mas votam para as outras ilhas. Eu não vou explicar. Não tenho pachorra. Os micaelenses deram o cabedal para sacudir o peso da exploração portuguesa e quem usufrui com a nossa luta? Os das ilhas de baixo! (Momento para gargalhadas e impropérios). Não se mexem. Estão sempre à coca. A ver vamos quando a política real se impuser longe das jogadas dos que permitiram tal sangria. Também queremos viver como os corvinos!!! Também queremos ter as mesmas condições de vida dos terceirenses, dos faialenses, dos graciosenses,etc. !!! Querem ver que não pode ser! A democracia nos Açores está de pernas para o ar. A pobreza de São Miguel não está apenas localizada nas classes ditas desprotegidas. A pobreza está a expandir-se pela classe média antiga que não presta serviço público. Atingiu já alguns estratos da média alta. Foram-se os foros e os rendimentos que lhe permitia olhar de cima para baixo... Os que conseguiram um posto público safaram-se. Os outros já devem nas mercearias de bairro e às criadas. Os carros pertencem aos bancos. As dívidas sobem em flecha... As terras já não dão para o sustento das casas dos senhores. As rendas delas nem dão para comprar o milho para os pombos. As casas alugadas que antes lhes permitia um certo desafogo ecnómico e bem estar já eram. São Miguel está com a corda ao pescoço. Nas ilhas vive-se à custa do Estado através de vencimentos, de ajudas e de subsídios de protecção "triangular". São Miguel está aqui está a berrar. A social-democracia açoriana criou uma situação governativa perigosa. Esta quando caíu nas malhas do socialismo dos pobrezinhos delineou-lhe a agonia final. É só esperar para ver. Não é em vão que o arquipélago está a retroceder para o esquema dos distritos. César remodelou o governo? Nada disso!, ele está a entregar o seu a seu dono. Isto é, toma lá a tua parte e desenrasca-te para outro lado. Cada um para si. Vai chamar pai à solidariedade de um só lado, a outro. Este texto nunca mais chega às autárquicas. Onde me fui meter! (Continua. Para amanhã: o projecto secreto do PPDA sobre a alteração da política económica açoriana.)
Manuel Melo Bento
Domingo
30/04/2006

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