Saturday, April 29, 2006

 

PSD EM "CROQUIS" - (Continuação)

Pensar-se no PSD sem falar nos figurões das ilhas de baixo (é assim que a malta - japoneses - denomina as outras ilhas) é adulterar a história da social-democracia açoriana. Parece que os micaelenses julgam viver num continente. Deve ser por causa das lagoas que se parecem com o Lago Vitória... Não existe da parte dos terceirenses aquela força de vontade para chegarem a São Miguel e dizerem sem meias medidas: "Quem tem que governar os Açores somos nós. Vocês são um corpo sem cérebro. Com quase cento e quarenta mil almas, mais da metade da população do arquipélago, vós não tendes mais do que uma vintena de cabeças pensantes e bem falantes. Ao passo que nós, na Terceira, temos em cada rabo-torto (é assim que nós os tratamos) um político; um homem de boas falas que vos interpretará e bem." Adaptado de um possível discurso de um terceirense putativamente consciente. Por que razão, então, não há entre eles chefes social-democratas? Há-os, sim senhor! Porém, têm vários senãos. Têm complexos de culpa porque passam a vida a cascar nos coriscos. E isso inibe-os certamente. Ficam receosos. Essa atitude faz com que nem os micaelenses se sintam à vontade para governar a Terceira-Açores, nem os os terceirenses para governarem São Miguel-Açores. Camuflam governos para se aproximarem da política real. Uma chatice de todo o tamanho, pois esta atitude serviu e serve para impedir o nosso desenvolvimento. Tanto assim é que os terceirenses mais dotados correm para Lisboa tanto quanto baste um estalar de dedos. Foi o caso de Álvaro Monjardino e do actual (provisório...) líder do PSD, Carlos Costa Neves. É o máximo que aspiram na política: Ministrinhos de Portugal! Queimam-se, por isso, em relação ao açorianismo que se exige para um chefe indígena. Tornam-se suspeitos. Deixa-se, pois aos micaelenses o lugar em banho-maria, quando um terceirense está ao lume. Costa Neves é eleito chefe e depois não chefia. É ausente. Escreve para os jornais em São Miguel, mais para registo biográfico do que a fazer de chefe da oposição. Se houvesse directas num Congresso extraordinário do PSD, quer Vitor Cruz (este a justificar o que eu já disse acerca da cota de governação da Bensaúde), quer Berta Cabral iriam certamente colocar no banco de suplentes Costa Neves. Está de passagem. O segredo está na receita de Mota Amaral. E este levou-a para Lisboa. Se compararmos estas cenas com o que se passou com o Partido Socialista, temos pois matéria mimética. Na Terceira, parte do governo dos Açores esteve entregue a Reis Leite, no tempo de Mota Amaral. Nada tem mudado. Mesmo, Álvaro Monjardino, no tempo em que prefigurava uma sombra a Mota Amaral, nunca passou disso. Parece bruxedo. Ou então como são muito beato-judaicos talvez esperem que surja um messias (talvez de saias...). Quando Mota Amaral encerrou a telenovela Açores, ficou a substituí-lo um Madruga da Costa, mais funcionário administrativo de que político. O período em que o empurraram para chefiar o governo dos Açores foi propício para começar-se a perceber o que era a social-democracia sem um micaelense a liderá-la. Ele (Madruga-Faial) começou a cavar a sepultura de Álvaro Dâmaso-São Miguel. Habituados a ganhar sempre, os social-democratas estão (perdoem-me os madrilenos) com uma psicose acentuada de perdedores, tal como o Real Madrid: cheio de estrelas e sempre a andar para trás. Nove bolas, fora! As ilhas da maneira como se comportam são verdadeiros sorvedouros de políticos. Melhor dizendo. Temos três reinos. Em cada reino exige-se o sangue de cada ilha. O chefe do Faial tem de ser oriundo desta ilha senão apaga-se, como aconteceu com Humberto de Melo, por exemplo. (Continua)
Manuel Melo Bento
29/04/2006
Sábado

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