Wednesday, April 26, 2006

 

.TELEVISÃO DO PARTIDO ÚNICO - RTP barra AÇORES

A televisão nos Açores foi desde a sua implantação um órgão altamente politizado. Trata-se como é óbvio da subestação do Estado que dá pelo nome de RTP barra Açores. Não temos outra. Melhor, não é permitido pela potência administrante, no caso Portugal, avançarmos para a comunicação televisiva privada. Tratar-se-ia de um crime lesa-pátria. Porquê? Já lá vamos. Primeiro, analisemos o que é esta instituição que tem dado de comer a todo aquele que subscreveu, tal como antigamente os funcionários públicos do Estado Novo, um texto de submissão aos critérios do colonialismo português. Quem não está com o Portugal dito democrático não janta cá hoje. Organizou-se uma espécie de censura a tudo que cheirasse a separatismo, nacionalismo e autodeterminação do povo das ilhas. Qualquer peça que tratasse estes temas tinha de ser filtrada a fim de servir os interesses do Portugal dito democrático. A questão era isolada para ser devidamente ridicularizada quando passasse pela pantalha. Abafou-se boa parte da história do povo das ilhas nestes últimos trinta e dois anos. Os africanos nos últimos anos do regime salazarista-marcelista também podiam gritar (estavam para tal autorizados) Portugal em alta voz. Ganhavam com isso emprego de tostões para matar a fome. Quando saltavam o trilho esperava-os tudo de mau. A história dos Açores há muito que é falsificada. O que nos deu a conhecer a "nossa RTP barra Açores" nestes últimos trinta e dois anos de democracia à portuguesa é um cozido a que falta algumas das melhores peças. A recolha de imagens da contestação dos insurrectos foram enviadas para Lisboa para tratamento político. A maioria não passou pela "nossa televisão" devido à censura. Uma vergonheira a que aderiram açorianos sem dignidade. A nossa RTP barra Açores pespegou-nos uma série de telenovelas cujo tema tinha alicerces na literatura açoriana. Alguma fraquinha. Mas era nossa. José Medeiros (condecorado pela Presidência da República) realizou-as. Bem, não foi bem assim. Da obra de autores como Almeida Pavão, Manuel Ferreira, Vitorino Nemésio, José Medeiros apenas utilizou o título. Para quem duvidar, favor ler os textos e depois comparar com as séries. De outra maneira nunca seriam levados à cena. Almeida Pavão era a favor da aurodeterminação do povo açoriano. Vitorino Nemésio idem aspas aspas. Manuel Ferreira... bem leiam os seus livros que estão por aí e depois digam qualquer coisa. Ia-me esquecendo do João de Melo , o das lágrimas autobiográficas, outro serventuário. Teve medo em passar para a escrita aquilo que andou a recolher e a gravar sobre as aspirações independentistas dos açorianos. Talvez condecorado. Está em Espanha como adido cultural. Claro! E o livro? Será que o trocou por qualquer coisa mais a jeito? Bufaria? Já não sei! José de Medeiros um dos responsáveis pelo (re)nome que tem esta estação e que é de esquerda sabe muito bem os serviços que tem prestado a esta democracia burguesa e colonialista. Está feito com ela. Admira-me nunca ter sido convidado para ir lá para fora realizar o Eça, por exemplo. Não posso respeitar intelectualmente quem teve nas mãos a possibilidade de transmitir o real sem o maquilhar. O nosso real!!! Entre por essa miséria adentro. Faça uma vez na vida de BUÑUEL. Justifique o nome que tem. Quanto à televisão privada nos Açores... nem Portugal nem os seus amansados capangas poderiam travar o rumo dos Açores para a verdadeira liberdade de expressão. Quando o governo de Cavaco permitiu as televisões privadas deu por terminada a hegemonia da RTP. À frente da RTP apareceu de tudo. Mas o que prevaleceu foram os mafiosos. É só vasculhar o que disseram os jornais portugueses da altura quando alguns foram levados à barra do tribunal por crimes que nada tinham a ver com oralidades. Qualquer estação privada nos Açores custaria a quarta parte das despesas de um diário subsidiado. Um canal açoriano é isso: pataca e meia. De que é que está à espera o governo de César? É isto uma medida económica ? Claro! Há açorianos que só servem os interesses de Portugal. É pena que tenham transformado os Açores num dormitório. Será que "pedirmos" (tem de ser tudo pedido) canais privados pode ser considerado um acto separatista? Isto ainda está pior do que eu pensava... Lá vem mais uma troca. Sem canais mas com mais subsídios. Toma lá! Boca cheia não ladra. Ah, que rica mornaça...
Manuel Melo Bento
Quarta-feira
26/04/2006
de

Comments:
Nem vai ser preciso canais independentes

A RTP Açores apesar de durante muito tempo ser um meio do estado começa, penso eu, a ganhar outro folego. Ainda ontem olhando para os anúncios que passam nos intervalos reparei que a actual grelha de programação começa a ter muitos programas de produção independente. Neste momento atrevo-me a dizer que a RTP Açores num futuro muito próximo terá 90% de programas criados por gente que nem trabalha na RTPA. É claro que a direcção de programas é que escolhe o que vai comprar e fazer passar no ecrã, mas mesmo assim penso que a oportunidade de ter uma RTPA mais pluralista começa a surgir.
 
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