Tuesday, May 02, 2006

 

"CROQUIS" IV - Fundamentos autárquicos do PSD

Ainda bem que cheguei até aqui. Esqueci-me de nomes? Talvez! Voltemos à Igreja de Roma, pois, sem ela faltava o colorido transplantado pelos ventos da mudança. Apesar de esta organização religiosa estar sempre a pender para o lado dos poderosos - faz parte da sua história - alguns dos seus elementos resolveram investir pelo lado da esquerda social. Compreende-se. Os sacerdotes provêm, na sua totalidade (quase), de famílas com poucos recursos económicos. A única via para se ascender socialmente (têm todo o direito deste mundo e isto não é paternalismo) era o ensino eclesiástico. Às vezes, ainda em tenra idade, lá vinha o apelo à chamada divina. Uma espécie de convocação de vocações em idade de fraldas. E Deus a chamar, a chamar. Só faltava falar. Houve casos... Aprendiam a ser reaccionários entre os estudos da selecta latina e a missinha madrugadora. Deus estava por todo o lado. Pudera! Ladaínha aqui, terço acolá. Um sufoco. Depois daqueles anos todos de ave em ave, os miúdos até transpiravam por todos os poros o Espírito Santo. Mal saíam feitos ministros da fé (que nome) a primeira coisa que faziam era pregar aos pobres para lhes ensinar a palavra divina (pois claro): é mais fácil um pobre entrar no Reino dos Céus do que um rico passar pelo fundo de uma agulha. Trabalha, come e cala. Se não é assim, deve estar lá próximo. É que há muito que não ouço tais disparates. Porém, tenho lido outros equivalentes. Por exemplo: a crente/socialista/socióloga Piedade Lalanda: "Sem emprego perde-se a dignidade ou pelo menos a consideração dos outros, porque a dependência dos subsídios do Estado, da família ou a mendicidade retiram o direito a decidir, transforma a liberdade em submissão. O trabalho é um valor sagrado que dá sentido ao esforço.... (mais adiante e muito mais sublime) Seja de sol a sol ou das nove às cinco, a ocupação estrutura a experiência do tempo e confere um sentido de utilidade à vida." (1) Lindo! E os socialistas a lutarem pela semana de seis dias e de trinta e cinco horas de trabalho... A deputada faz parte da cota das grandes casas comerciais dos Açores incluídas no poder ou governo da região. É preciso organizar as mais-valias para os tais que não passam pelo fundo da agulha... Karl Max a retrocer-se no além-túmulo... A Igreja não está sozinha na propaganda da exploração. Pudera! Empregos de fome é o que é preciso. O resto é socialismo ou deste tipo de "cristianismo"... E padres houve que se revoltaram contra o sistema castrador. Na Madeira, tornaram-se verdadeiros revolucionários. Nos Açores nem tanto. Porém, alguns (poucos) avançaram e bem, mas sempre de mansinho para não espantar os fiéis das mesas de voto. A maioria? Ficou-se pelo lado do poder e do vencimento que este propicia. A social-democracia teve-os como aliados preciosos. O Estado/Região cedeu em relação a certas instituições ditas caritativas. Abdicou de criar nos espíritos a tal dignidade que P. Lalanda fala. E, isso, ela não denuncia. Para deputada socialista do povo ficou muito mal na fotografia. De um lado os padres feitos com o poder, do outro os tribunos. É a ditadura do capital pela mão do socialismo engavetado e envergonhado. Paciência! Quem pode mexer com a Igreja que tem em cada freguesia uma faloa na boca de cada ministro para lavagem dos cérebros ainda cheios de medos de limbos e de infernos? Por essas e por outras é que César não distinguiu/separou o poder temporal do poder espiritual. Aquilo que foi a marca registada da social-democracia açoriana - o poder é de origem divina - é hoje um apanágio inamomível dos socialistas açorianos. Confirmo isto que aqui digo com a prefiguração a ter lugar na próxima e espectacular procissão do Senhor. E não só. É que o bispo já mandou apregoar cá para fora as dívidas da Diocese. Paga César! Isto se não quiser fazer a cama para a social-democracia retomar o poder, perdido pela falta de fé no Deus de todas as alianças...
(1)In Açoriano Oriental/01/05/2006-"Trabalhar"
Manuel Melo Bento
Terça-feira
02/05/2006

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