Thursday, May 04, 2006

 

DE "CROQUIS" POLÍTICOS PARA "CROQUIS" INTROSPECTIVOS


PINTURA PARA RUI COUTINHO
Para já, enquanto não fizer uma pesquisa mais acentuada sobre actividades político-partidárias das formações açorianas, vou fazer um pequeno intervalo nas minhas descrições. Portanto, para que melhor conheçam o escriba destes textos, vou dar-me um todo nada a conhecer-me. Não gosto de anonimatos, mas também não gosto de gente que se faz esconder atrás de muitas máscaras. Tenho algumas. Mas poucas, claro! Essas, por uma questão de "pudor" pois não gosto de misturar pessoas "inocentes" com segredos de linho, não as publicarei. Nem cartas, nem fotos! Tudo queimei, como o fiz com algumas das minhas "pinturas". Arrependi-me... Depois de ter pintado à volta de umas setecentas "obras" resolvi abruptamente deixar de tocar em pincéis. Foi uma questão de consciência. Estive cinco anos retirado como monge/cozinheiro - mas , note-se - sempre acompanhado pelos vícios catalogados pela Santa Sé. Ingénuo como sou, esqueci-me que eles nos abandonam sem avisar tal como quando chegam nos apanham desprevenidos. Em tudo é preciso aprendizagem tanto para trás como para a frente que é como quem diz passado e futuro. Nesses cinco anos de retiro voluntário pintei, comi, bebi, escrevi, chorei, ri e isso mesmo. Ah, e li, dormi e apanhei sol. Muito sol. Meu irmão Carlos e José de Almeida apareciam semanalmente para comigo partilharem os meus "deliciosos" petiscos. Se assim os não achassem, acabava-se a tertúlia. Depois do almoço eu lia-lhes os meus textos o que dava azo a que dormitassem um pouco, fingindo estarem atentos. Só percebi isso muito mais tarde. Acontece, que meu irmão sempre com a mania das histórias - ele agora aparece na RTP/Açores às terças e quartas entre um anúncio de insectícidas e "Vamos Dormir" - resolveu fotografar os meus quadros. Um dia dispo-los num pequeno painel e pôs-se a recolher opiniões. Recolheu os seguintes dizeres de uma velhinha sua cliente: gosto muito deles, mas este que aqui está - apontou com o dedo - é o mais bonito. Precisamente um que não era meu e que estava na parede entre os meus que foram fotografados e que tinha sido pintado pelo Victor de Lima Meireles. Bolas! Não é tarde nem é cedo. Acabou-se. Comecei a queimá-los. Foram poucos, não se assustem. É tudo encenação... Quanto aos meus "livros". Nem dados os lêem. Eu já confirmei. Por isso, não me contrariem! E ainda por cima eu não assino as minhas "obras" pictóricas. Leva tudo pseudónimo. Quando, às vezes, eu me punha a dissertar sobre pintura (chumbei em Belas Artes por não obedecer à métrica das suas exigências e ...) com alguns amigos, meu falecido irmão Zé Rosa para me gozar dizia-lhes: tomem cuidado que ele ainda vos oferece um quadro. Quando um dia - um amigo meu, o José Manuel Machado, que tem a mania que é actor de teatro (julga ele) - estava eu a fazer uma rifa grátis para sortear um quadro da minha autoria disse alto para toda a gente ouvir : se me sair o quadro, sou obrigado a levá-lo? Claro que fiquei apreensivo. Há mais histórias, como a daquela vez que um deles me disse para ir ver onde tinha colocado um quadro meu na sua casa. Cheguei lá e não vi nenhum meu. Havia, mas eram de pintores. A mulher tinha-o mandado para lixo! Aos poucos tenho recuperado. E devo isto a minha irmã Graça que me tem apoiado psicologicamente, pois pendura-os em sua casa ... Bem, hoje, ao sair à rua encontrei o Prof. Rui Coutinho a quem tinha prometido um quadro meu. Não é que ele me lembrou acerca do facto. Antes que vá parar para lugar incerto resolvi apresentá-lo no meu blogue por causa de certas dúvidas que cá tenho. Em cima estão dois. O "dele" é a mulher de costas. O outro é para ele também, isto se mantiver a promessa de levar o primeiro. A história do quadro é gira. Talvez, (?) melhor do que a pintura. Foi uma sueca que parou o trânsito em Lisboa quando se atreveu a sair de mini-saia em São Sebastião da Pedreira. Decorria a década de sessenta. Como se passaram tantos anos, certamente que vê-la de frente seria assustador. É o quadro que te ofereço!
Manuel Melo Bento
Quinta-feira
04/05/2006








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