Wednesday, May 10, 2006

 

DENSIDADE CULTURAL - PORTUGAL XXL EM EPISÓDIOS


EIFFEL - LITOGRAVURA DA "TORRE DE PARIS" QUE ENCONTREI NA MINHA FALSA. PERTENÇA DE MEU AVÔ DA CIDADE. DATADA DE 1879. DO MEU AVÔ DA VILA (QUE ENRIQUECEU A MOER MILHO NA SUA MOAGEM COM O PRIMEIRO MOTOR ELÉCTRICO QUE PARA A SUA TERRA VEIO E A QUEM O POVO CHAMAVA MESTRE MANUEL DOS MOÍNHOS) HERDEI UMA TERRITA QUE TROQUEI POR DELICIOSOS PREGOS PARA O MEU FUTURO CAIXÃO E UM FRASCO DE FARINHA DE MILHO TORRADO. O FRASCO CONTÉM UM SEGREDO QUE VOU DESVENDAR HOJE, SE ESTE TEXTO PARA TANTO DER...
Também estive em Paris. Por acaso levava algum (demasiado) no bolso ou bolsos. Ainda não tinha escolhido a profissão de professorinho... Eu não viajo sem (conveniente) dinheiro para os "meus" gastos. Daí que não viaje muito. Voltemos então a Paris a Cidade das Luzes, do célebre Museu (esquece-me o nome). Também havia (e deve haver) uma Igreja muito conhecida e que chegou a ter um Corcunda que rezava muito pela nave central, etc... Uma avenida muito grande, do género da Avenida do Príncipe de Mónaco/Ponta Delgada, onde se viam os anúncios de centenas de restaurantes. Nessa avenida, já não me lembro se de trás para a frente ou vice-versa aparecia um arco só, onde as tropas de Herr Hitler passearam até serem expulsos pelos americanos. De Gaulle ainda se encontrava em Londres a dar entrevistas na BBC, uma espécie de Diário Insular, mas falado. As Portas da Cidade/Ponta Delgada/minha cidade natal têm três arcos... Ao lado da avenida dos restaurantes corria um rio de águas quase lamacentas que levam muitas vezes os franceses a apaixonarem-se pelas belas francesas e estrangeiras (chulando-as) quando a Lua nele reflecte as suas cores copiadas. Naquele tempo, e ainda hoje, eu gosto mais de estar sozinho do que acompanhado quando me desloco à procura de companhia. É um trocadilho! Deixa estar. Sempre sofri de pouca densidade cultural, daí que sozinho fui à procura da célebre Rue Pigalle. Que é onde se está bem. Ainda me lembro do preço: cento e cinquenta francos por vinte minutos. Caro se compararmos com os preços das portuguesas do Antigo Regime. Não havia ainda o euro para internacionalizar as trocas comerciais. Quem tem francos pensa em francos. Não se apercebe a não ser dias depois... Resumindo, eu estive em Paris três noites e nem sequer olhei para o alto. Minto, a não ser uma vez que um casaco de peles bem recheado e alto de mais para mim levava um caniçalho pela trela. Resolvi meter conversa armado em latino um todo nada mais preclaro: "Jolie Madame, combien?" "Trois Cents, Monsieur!" (Cá para mim, eu estava a meter-me com ela através do "pedigree" da companhia...). Mas, num repente - que me faltou imensas vezes nos exames do liceu - "Mais oui, Madame!"... E foi assim, que quando me perguntaram que tal era a Torre de Paris eu a descrevia de tal maneira que muitos dos que me ouviam e a quem eu não podia contar propriamente as diferenças me julgaram um pouco tonto (ou muito). Naquela altura, para subir à torre do Campo de Marte pagava-se sessenta francos. "Tu foste enganado, meu tanso!" "Isso é verdade, é que por aquele preço eu até senti vertigens."
Continua. Prometo que irei descobrir o segredo do meu avô, nos próximos episódios sobre densidade cultural. Com aquela farinha, eram favas contadas. Perdão, elas contadas...
Manuel Melo Bento
Quarta-feira
10/05/2006

Comments:
por algum motivo a igreja se chama notre dame:)
 
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