Tuesday, May 23, 2006

 

DUAS HORAS DE EMISSÃO TELEVISIVA SOBRE UM LIVRO; UM HOMEM QUE PERDEU UMA ELEIÇÃO AUTÁRQUICA E AS ACUSAÇÕES FEITAS À COMUNICAÇÃO SOCIAL


FALTA DE SOM OBRIGA A IMAGINAÇÃO A FAZER UM RELATO SOBRE O QUE SE PASSOU NO "PRÓS E CONTRAS"
Duas horas de emissão televisiva custam meio milhão de euros. Juntar algumas das mais mediáticas figuras do panorama jornalístico não sai barato. Levar Fátima Campos Ferreira a utilizar o seu programa, que diga-se é de grande audiência, para falar de uma derrota, de um livro, de um ex-candidato e respectiva mulher e filho é de facto um grande feito. Dividir Portugal em duas facções é-o ainda mais. Só a inteligência de um Filósofo poderia fazer com que tal acontecesse. Até hoje, na história das estações televisivas, não houve paralelo. Os meus parabéns ao Professor. O Professor está farto de saber o que é a comunicação social e o que é o ângulo de perspectiva. Este último é sempre fruto de uma leitura circunstancial. Trata a comunicação social de factos e a perspectiva o mesmo. Tal como o professor tem uma visão (socialista) da sociedade, o actual presidente do Município de Lisboa, seu ex-adversário, tem outra. Tem razão de queixa porque não teve tratamento digno de candidato? Em quê? O Professor não soube fazer passar a mensagem de vir no futuro a ser autarca? Claro que não! Se tivesse ganho as eleições camarárias o ângulo de visão mudava. Os minutos com o Dinis Maria incluídos na campanha (veja só que eu já sei como se chama o miúdo e não me lembro do nome do actual presidente da CML) teriam sido um elo de ligação à vitória caso ganhasse. O professor caíu no ridículo em querer mostrar o casal modelo. Tipo manequim da Loja das Meias. Isso paga-se. Não cumprimentou o seu adversário depois do debate. Até os pugilistas o fazem. E o embate entre eles não é com a língua. Não caíu bem. Não se metesse na política! Ela é tão suja quanto a comunicação social. Claro que nem todos os políticos são sujos nem todos os jornalistas o são... Se a política é uma coisa suja, por que quer uma pessoa limpa meter-se nela? Com tantas profissões à vista por que querem alguns ser jornalistas e porem-se ao serviço de patrões pouco escrupulosos e sérios? Como sejam os jogos de interesses privados por um lado e os utilizadores do Estado por outro. O Professor descobriu a pólvora. E foi durante cinco anos ministro da Cultura. O livro que escreveu é uma treta de queixinhas. Não merece ser sequer dimensionado. Mas sem dúvida teve em Portugal mais propaganda do que o Código Da Vinci. É obra! Se vivesse nos Açores, o Professor havia de ver o que é que a comunicação social faz aos intelectuais Os escritores se não bajularem os directores dos órgãos de comunicação social não passam da cepa torta. O meio é muito mesquinho e cheio de pequenos ódios. Imagine-se o que é ter a RTP/A a bater à porta para nos fazer uma entrevista política. Procurar fazer boa figura com as respostas e depois de tudo ela não sair para o ar. Porque motivos? Isso aconteceu comigo. Já fiz (aproveito para me lamentar. E por que não ?) uma exposição de pintura e convidei a RTP/A para a inauguração da primeira galeria criada para expor trabalhos de artistas livres (1991) e a comunicação social como sempre não apareceu. Em 1983 lancei o primeiro de muitos livros. A primeira edição esgotou. A RTP/A nem se dignou a aparecer depois de convidada. Daí para cá já pus cá fora vinte e seis trabalhos... Não vou falar do seu valor. Não me compete fazê-lo. Não caía bem... Só porque penso pela minha cabeça. Só porque acho que nos Açores devem ser os açorianos a mandar. Só porque acho que os políticos são uma corja de imbecis e de vendidos. Só porque acho que os jornalistas não passam de balconistas. Só porque acho que o povo açoriano ainda está na fase do Neanderthal. Só porque não pertenço a panelinhas ninguém me dá um minuto no ar. Estou tão infeliz. Ai! Às vezes nem durmo só de pensar como os papar como fez o Professor. Duas horas no ar! Uma vez, quando me entretinha com a política dei uma conferência de imprensa. Na altura a jornalista que foi fazer a cobertura da RTP/A era Alzira Silva, actual membro do governo. Falei durante uma hora e quarenta e cinco minutos. Dessa conferência apenas foi para o ar trinta segundos de baboseiras ainda por cima interpretadas. Era eu candidato. Porra, só trinta segundos... E o professor a queixar-se. Se um dia me aparecer um "jornalista" à porta eu não lhe estendo a mão. Eu solto a Kálix. A minha cadela de fila. Bem, se for a Fátima Campos Ferreira quem se solta sou eu.
Manuel Melo Bento
(Crónica de Segunda-feira. Atrasada devido aos riscos)
22/05/2006

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