Tuesday, June 20, 2006

 

CONFINS DO HÍFEN - Continuação do dia 19 de Junho


DEDICO ESTE TEXTO A ANTERO CABRAL E À NOSSA SEMPRE BOA DISPOSIÇÃO
CONFINS DO HÍFEN
CONTINUAÇÂO do dia 20
M
É provável. Mas isso não me interessa para já. Analisemos um corpo com vida. Um corpo doente e sofredor que fará à vida desse corpo?
V
Sei lá! Talvez uma vida sofredora por tabela.
M
Que partes do corpo estão sujeitas à doença?
V
Julgo que todas.
M
Incluis o cérebro também?
V
Claro que sim!
M
Será que podemos dizer que a vida antes de “entrar” no corpo, já estaria doente?
V
Não me parece! O que é mais que provável é ser o corpo quem adoece. É como aquela semente que não cai em boa terra.
M
Um cérebro doente que fará à vida?
V
Um cérebro afectado produzirá desequilíbrios e comportamentos desajustados.
M
Os malucos são doentes?
V
Claro!
M
E os que cometem crimes?
V
Apresentam, também, comportamentos desajustados e pronunciados desequilíbrios. São também doentes.
M
Será que se pode mandar às urtigas o livre arbítrio?
V
Nunca! Isso diz respeito às coisas da alma e do espírito. O homem é presenteado por Deus para ser livre e responsável.
M
Lá estás tu a falar daquilo que não sabes o que é. Até agora falámos de duas coisas das quais podemos adquirir algum conhecimento. Sobre o corpo e a vida, embora esta não seja visível a olho nu.
V
Há mais coisas para além disso!
M
Vamos supor que eu acreditava na alma como tu a perspectivas. Uma alma não vive separada da vida nem do corpo. O que seria uma alma num corpo sem vida? Esta ideia tem dificuldade em enquadrar-se no nosso modelo de pensar. Pode-se pensar numa alma fora do corpo? Nada nos impede de o pensar. Retirar-se a vida à alma é estar a congeminar um conceito impróprio para ser consumido racionalmente. Uma alma sem vida é coisa esquisita. Uma alma para o ser tem de se comportar. Uma alma que não actua, o que é que podemos dizer dela? Para se responsabilizar uma alma (na tua perspectiva) ela tem de actuar. E só presta contas (na tua perspectiva) depois de proceder bem ou mal. As almas não podem ser culpadas ou inocentadas fora deste enquadramento. Como podem ser premiadas ou punidas se não se pronunciarem? Para o serem têm de encarnar. Que eu saiba encarnam no corpo que pode estar física e mentalmente doente; incontrolável, etc. Como se pode julgar uma boa alma que está impedida de ser boa só porque habita num corpo debilitado mentalmente o que lhe reduz a capacidade de distinguir o bem e o mal? Quem se atreve a julgá-la?
V
Deus existe para alguma coisa!
M
Deus existe como forma de discurso humano. Acreditar ou não em Deus é coisa que pertence à estrutura mental do homem. Ser crente ou ser ateu não é mais do que um estádio onde muitos se encontram. Por sinal, encontro-me num outro que se distingue desses dois porque ultrapassa essa invenção psicobiológica.
V
Explica-te melhor.
M
Não professo nem o teísmo nem o ateísmo, nem tão pouco o deísmo.
V
Quem julgas que és?
M
Nada tem interesse para o homem neste Universo. Acho que o melhor é não existir depois de ter existido. A existência conspurca a não-existência, isto se esta existir como tal. A existência é um tumor do nada.
V
Puf!
(Cont. amanhã dia 21

mmb

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