Saturday, June 03, 2006

 

FALAÇÃO OFICIAL


IMAGEM LIMPA
A Rádio Televisão Portugal nos Açores prestou mais um mau serviço à Região Autónoma dos Açores. Osvaldo Cabral, seu director, entrevistou o Representante da República Portuguesa. Para quê? Para dar a conhecer quem é a personalidade que está a ocupar um cargo desconhecido entre a maioria dos ilhéus. O que conhecíamos em termos de agente em relação aos interesses de Portugal nos Açores, antes, designava-se por Ministro da República. Até agora não houve alterações, a não ser na designação. E digo isto porque nada ainda se alterou. Os mesmos palácios, os mesmos carros, as mesmas mordomias e o mesmo lugar na Feira do Paletó. No tempo do saudoso Estado (Unitário) Novo, o querido Prof. Marcelo José, Primeiro-Ministro, mudara a designação da famosa PIDE para DGS. E tudo voltou ao mesmo e ao mais forte. O que se esperava era um jornalista aguerrido açoriano (ou continental) e não um acomodado e substancialmente charmoso director de uma estação que está feita com o poder político que condiciona o viver nas ilhas. No geral, a entrevista não passou de um prato de papas. Uma ou outra pergunta (indiscreta?) a que o Representante se escusou esclarecer convenientemente. Antes de continuar devo dizer que o Sr. Juiz (assim o tratou Osvaldo Cabral) tornou-se simpático não só pela sua plástica como pela linguagem muito cuidada politicamente raciocinando. Das nove ilhas uma é dele. Eu percebi. Ao contrário do Bispo António que sendo da dele é de todas. Foi professor primário como primeira opção e só depois foi cursar Direito. Carreira de Magistrado iniciada no Ministério Público em Vila Franca do Campo. E finalmente Juiz saltando todos os graus para ir parar ao Supremo. Filhos nascidos no arquipélago. Para mim óptimo! Livros, pensamentos, tendências artísticas e literária... nicles! Está bem! Com o andar da Representação iremos descobrir mais qualquer coisa. Esperemos. Gravei parte da conversa tipo clube inglês sem chá nem secóteche. Não dá para muito a não ser duas coisas sobre as quais irei filosofar antiperipateticamente. Entretanto o Osvaldo sempre charmoso. Muito mais do que o Sr. Juiz. Espremi, espremi, espremi e nada. Ah!, cá está: as prisões do 6 de Junho de 1975 foram de cariz político. Isto é, catorze meses depois do derrube da ditadura do Estado Novo que prendia por delito de opinião e manifestação, o Portugal Democrático encarcerava na prisão do Gungunhana trinta e cinco domésticos chefes de família. Nenhum deles era revolucionário. Nenhum deles faltava à sua missinha de domingo da sua paróquia respectiva. Nenhum deles tinha o Registo Criminal sujo ou em vias disso. Eram senhores! As suas vidas eram tidas como modelo de cidadãos. Senhor Juiz aquelas prisões foram de cariz criminoso ao estilo de José Maria Noriega, de Otelo Saraiva de Carvalho, de Costa Gomes, etc. Que quase vomito só de pensar em citá-los a eles e a outros. Cariz político entrar em casa de cidadãos, já com barriga de tão domésticos que eram, às tantas da noite? Apontar armas a crianças e a mulheres no escuro? Cariz político? Uma porra é o que foi! Quando é que pedem desculpa e indemnizam as vítimas? Quem não pede desculpa é conivente! Têm de recriminar o acto e abrir um processo público. As actas revolucionárias têm de ser entregadas à comunicação social. O Sr. Juiz representa o Estado Português, logo tem o dever de pedir desculpas. Se se portou como disse ao Osvaldo Cabral e a toda a gente como que "indignado" com aquela sacanagem mostre os documentos respectivos à malta ou mande mostrar. Nós precisamos deles para fazer a nossa História, que nesse capítulo está incompleta e incorrectamente difundida. Eu não acredito no Filho do Homem muito menos no Juiz e nas suas dulcíssimas palavras. Prisões políticas? Mas tínhamos acabado com elas em 1974! Aquelas prisões não podem ser consideradas políticas! Ou eram, de facto, actos terroristas e aí sim era levá-los a tribunal com as prerrogativas de defesa que o Estado Democrático estabelece para esses casos (como aconteceu com as FP/25 que até cometeram crimes de sangue) ou por terem gritado a alto e a bom som "INDEPENDÊNCIA". E aí sim, pois, a lei prevê multas por alterarem os decibéis que incomandam. Que bufos testemunharam os gritos libertadores? Era à PSP que cabia elaborar ou instruir (não sou jurista, sou professor desactivado) os processos. Abuso de autoridade? Claro! Mas quem era a autoridade naquela altura? Gritar "INDEPENDÊNCIA" era proibido? Claro, pelos colonialistas! Só pode. E estes é que tinham as armas... naquela altura, claro. Se o Sr. Juiz procurar nos processos antigos do Tribunal da Comarca de Ponta Delgada verá que foram levados a Juízo e condenados micaelenses só pelo facto de chamarem de portugueses aos que nasciam em Portugal do continente europeu. Rir e muito. É por isso que gosto de ser português e Açoriano Nacionalista, claro. Pacífico, claro... Depois, informou o Sr. Juiz que tinha falado com um Independentista. É de lhe se tirar o chapéu. O senhor não percebe nada de política! Ainda bem! É que se fosse o Prof. Freitas do Amaral a ter dito esta calinada, vê-lo-iamos a convocar uma conferência de imprensa logo a seguir para dar o dito pelo não dito. Vou terminar. Não tenho mais paciência. Mas antes queria dizer-lhe o seguinte. O governo português entra ano, sai ano é cá uma desgraça de cabeça. O Prof. Freitas, acerca de Timor, disse bem alto para que o governo australiano ouvisse: "As Forças Armadas de um país com quase novecentos anos como o nosso só obedecem ao governo português." Não sabe, História de Portugal. Desgraçado!
Manuel Melo Bento
Sábado
02/06/2006
Contributos para conceito de CIVILIZAÇÃO AÇORIANA:
ANA DECQ MOTTA TEIXEIRA DA SILVA, ORFEÃO EDMUNDO MACHADO OLIVEIRA, AGOSTINHO TAVARES, CIPRIANO PACHECO, LUÍS PEREIRA DE ALMEIDA, FRANCISCO REGO COSTA, FERNANDO LEZAOLA, etc. (Cont.)

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