Friday, July 28, 2006

 

FIM DE O IMAGINÁRIO


MANDALA
Vamos pôr de parte existencialismos e outras formas equiparadas e coloquemos o homem ao nível do cavalo, seu companheiro universal.
VARETT
Ao cavalo, pelo amor de Deus!
M
Qual é a liberdade do homem que não possa ser equiparada à do cavalo?
V
O homem pode fazer o bem e o mal. Pode matar e pode suicidar-se conscientemente. O homem evoca Deus e tem a liberdade de o rejeitar. Como é o teu caso. Tudo isto está longe do cavalo.
M
Desvia-te um pouco para olhares melhor e melhor pensares. A verdade que falas está dentro do homem. Tu não a vês.
V
Mas sinto-a.
M
Caracteriza-a.
V
Posso fazer tudo o que me der na gana e posso não fazer. Tenho essa liberdade.
M
Responde-me sucintamente às questões que te coloco: podes voar?; podes fazer sexo com quem te apetecer?; podes acreditar no que não acreditas?; podes matar o teu semelhante?; podes odiar a morte?; podes pensar que existirás para além da morte?, etc.
V
Não posso voar. Posso fazer sexo com quem me apetecer mesmo que esse alguém não queira (usando a força). Não posso acreditar no que não acredito. Posso matar o meu semelhante. Não posso odiar a morte. Posso pensar que existirei para além da morte.
M
Tanto para o cavalo como para o homem a liberdade é um tripé. Basta retirar um dos pés para tombar. É uma liberdade condicionada. Cada espécie é senhora de uma liberdade própria. A liberdade é comum ao homem e ao cavalo. Cada espécie tem um programa específico de liberdade.
V
Como se programa a liberdade?
M
Repara que eu sugeri o cavalo e não primatas com cromossomas idênticos aos nossos. A liberdade está programada tanto para o cavalo como para o homem em dimensões de espécie. A liberdade do homem insere-se na componente homem. Homem livre na esfera fechada do próprio homem. Sê livre como eu quero, parece estar o Universo a dizer. O cavalo tem a liberdade de correr. O homem também. A liberdade é comum a ambos. O existencialismo, uma espécie de clínico geral da liberdade, remete-a para o ser no futuro. Corta com o passado como se este fosse uma doença incurável. Um tremendo erro idealista que coloca a liberdade como um fruto instantâneo. A liberdade é um momento ou momentos de cultura. Esta é um saber acumulado pela espécie e pelo Universo.
V
Como? O homem carrega consigo a liberdade de se suicidar. Quando o faz, que relação tem isso com a sobrevivência?
M
O suicídio é também uma forma de sobrevivência. Morrer, por vezes, pode significar “viver” melhor ...
V
O suicídio é condenado nas sociedades ditas civilizadas. Viver melhor é morrer? Não me parece que isso seja obra de uma mente sã.
M
O que é que distingue uma mente sã de uma dita insana? São ambas mentes! Onde e quando se inicia a insanidade? Quem ajuíza? O homem ou o Universo?
V
Se este ajuíza não podemos sabê-lo. O Universo fica de férias quando precisamos dele para nos ajudar. O homem está só e só fala com ele próprio sobre estas matérias. Também fala com Deus. Este é a sua única salvação. Ele é que nos guia nesta escuridão. Ele é luz!
M
É interessante o que a escuridão nos pode trazer como elemento de dedução. Ausência de luz será escuridão? A escuridão fraca será luz? A luz serve para o Universo se ver a si ou ele é tão bom que dá luz para vermos a sua obra? Se tudo fosse escuridão quem deixaria de ver? Nós ou o Universo? A escuridão e a luz são uma e a mesma coisa? Se conseguimos ver na escuridão, será a escuridão escuridão? Terá a luz forma quando toca a escuridão? Ou será o contrário? Ambas terão forma comum? Dará a escuridão forma às coisas? Qual terá sido a causa da escuridão? A luz ou vice-versa? Terá a escuridão, como a luz, velocidade? O Príncipe das trevas tem olhos? Haverá raio de escuridão? Estudar a escuridão é torná-la clara? Terá o medo da escuridão correspondência com o medo da luz?A escuridão é um descanso? A morte é conduzida na escuridão? Poder-se-á retirar a escuridão da luz e vice-versa' A escuridão dissolver-se-á na luz? A escuridão terá cheiro? Se nem o cheiro, nem o olfacto, nem o gosto servem para se poder entender a escuridão, então a visão e a escuridão são os sócios mais antigos que se conhecem.
V
Nunca respondes concretamente às questões! Que grande imaginarista me saíste!!!

Fim! Que mais poderia ser...

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