Monday, July 17, 2006

 

O IMAGINARISTA - CONTINUAÇÃO DO DIA 16 DE JULHO DE 2006


MANDALA
Ela para ser mais do que um sentido não pode cometer os mesmos erros de apreciação. Tanto ela quanto os sentidos pertencem ao grupo dos falíveis, apesar de ambos utilizarem o princípio de identidade.
VARETT
Essa é muito boa!
M
A razão utiliza ideias, conceitos. Coisas materializáveis no e pelo cérebro. Sentidos utilizam a matéria-prima que uma vez tratada se unifica sob os auspícios da compreensão no mesmo cérebro. São ambos hóspedes na geografia cerebral. Ambas as recolhas provenientes dos sentidos e da razão são no cérebro trabalhadas, interpretadas e descodificadas. Trata-se de uma consequência natural. Basta que atendamos ao processo de reacção que sucede à receptação das informações colhidas do exterior. Os formulários racionais que o cérebro organiza após as receber não dispensam conclusões. Tanto a razão quanto os sentidos o fazem naturalmente. A experiência confirma-o. Uma pessoa distraída com qualquer coisa pode não se aperceber durante um certo tempo que tem a mão em algo que possui uma temperatura baixa. Se a temperatura baixar muito, os sentidos transformam essa informação em energia de entendimento. Essa energia foi despendida pelo informador do cérebro que é ao mesmo tempo intérprete da situação. O informador funciona como uma espécie de disjuntor que dá o aviso.
V
Não estarás a equiparar o sentido à razão?
M
O que eu quero dizer é que cada sentido tem o seu próprio discernimento racional. Há uma razão da visão que divide com o sentido da mesma o entendimento. Não tendo outra palavra para expressar a razão do sentido, espero não estar a confundir-te. No laboratório clínico consegue-se separar o sentido da visão em duas secções: a que percebe o campo de percepção e a que vê sem perceber... Se se consegue separá-los, naturalmente é porque estão ligados num só. Isto é a prova mais do que cabal de que o sentido é uma peça da compreensão.
V
Com isto acabas de dizer que tudo leva a crer que aceitas não uma razão, mas várias.
M
Como é que achas que os sentidos comunicam entre si?
V
Eu acredito numa razão superior que ordena tudo.
M
Isso de razão superior e outra quer dizer que existem várias. Acontece que razão e entendimento são duas coisas distintas. E, se, algumas vezes, estão juntas é porque tratam hierarquicamente o que mais interessa à sobrevida. Vários entendimentos exigem várias razões ao mesmo tempo. A razão dá racionalidade às coisas ou as coisas reflectem-se nela como racionalidade razão não tem o dom da ubiquidade. Daí que há que entendê-la sectorialmente.
V
O que é que está por detrás da razão e dos sentidos?
M
A razão e os sentidos têm alguma coisa que lhes é posterior. Por esta ordem de ideias devem ter algo que lhes é anterior. Seria absurdo partir da razão como se ela fosse alguma coisa incriada: algo de onde deve partir tudo o que se constitui em entendimento. Estamos perante uma pirâmide de intérpretes. Quando se atinge o cume? Creio que isso acontece quando tudo é cume e base simultaneamente. E é bom pensarmos que “as coisas una” não o são. O que dizemos do Uno é fruto da visão do Universo. O tal que pode ser bicéfalo. A unidade de informação de informação é um erro a admitir. Que seria dos sentidos se nada houvesse para sentir? Os sentidos estão ligados à coisa sentida. Racionalizar o que não pode ser racionalizado para onde nos levaria? A razão sem o “dado” para que serve? A razão para sê-lo tem de viver acompanhada do aquilo que é racionalizável.
V
A razão vive no ser. E muitas vezes está isolada das coisas.

(Continua amanhã, dia 18 de Julho de 2006) Posted by Picasa

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