Wednesday, July 19, 2006

 

O IMAGINARISTA - CONTINUAÇÃO DO DIA 18 DE JULHO

IMAGINARISTA – CONTINUAÇÃO DO DIA 18 de JULHO DE 2006

VARETT
Deixava de haver políticos. Não havia governo. Um autêntico desastre.
MANDALA
Veremos. Não achas que passado pouco tempo apareceriam outras pessoas que se organizariam politicamente?
V
É muito provável que isso acontecesse.
M
Do facto se poderia retirar algumas ilações.
V
Quais?
M
Se eu atirar um pedregulho para a superfície de um lago, que achas que aconteceria?
V
As águas tornar-se-iam revoltas e onduladas no princípio para depois voltarem à calma inicial.
M
Isto é, as moléculas da água sofreriam pressão e deslocação com o impacte para depois se harmonizarem. Com a comunidade dos homens acontece o mesmo. Dir-se-á que as coisas apresentam um plano de actuação para o futuro.
V
Parece que esqueces que as elites produzem elites. Ao passo que a maioria surge incapacitada e pouco elaborada. A ocupação dos cargos políticos pela mediocridade não pode ser considerada governação. E se a face é medíocre é porque serve interesses ocultos.
M
Uma má governação não deixa de ser governação. A aprendizagem reporá tudo nos seus devidos lugares.
V
Queres dizer que da população medíocre gerar-se-ia uma nova elite?
M
Claro! Este é o caminho e o projecto das comunidades. Das mais simples e primitivas até às mais complexas.
V
Caso estranho. É que uma vez decapitada a sociedade pelo tal Herodes nem todos se dignam ocupar os cargos políticos deixados em aberto. Sá uma parte dela teria apetência para dirigir.
M
Vês, apesar de todos os homens serem racionais não é racional todos governarem. Se for responder à tua questão acerca da racionalidade da comunidade humana eu digo-te que não. A comunidade humana não é racional. Não funciona racionalmente. Funciona por esquemas e em cada esquema existem razões de esquema.
V
A razão não é isso. Não pode ser!
M
A razão se fosse como tu a pintas exigiria para todos o mesmo percurso. Isso não acontece. Numa comunidade com pretensa ordem de valores formais e materiais era de admitir a igualdade de oportunidades. Porquê as diferenças?
V
Quando das maiorias surgem organismos de defesa, como por exemplo, os sindicatos, a igualdade de oportunidades é um objectivo que se pode alcançar mais facilmente.
M
Pois. Porém, acontece haver sindicatos mais fortes do que outros. Uniformizar coisas distintas pertence ao imaginário.
V
Não será isto fascismo?
M
Cada sociedade possui características próprias. Umas são mais industrializadas do que outras. Existem sociedades muito pouco industrializadas que utilizam o comércio para melhor sobreviverem. Existem sociedades que não são nem industrializadas nem comercialmente desenvolvidas. Observá-las globalmente pode não levar a nada. É preferível partirmos da análise de cada uma. Basta que comparemos duas civilizações distintas para encontrarmos dois modelos de razão, de justiça, de moral, de estética, etc. Apesar da componente humana ser a mesma, o desenvolvimento de uma formaliza um ser diferente e com práticas vivenciais desiguais. Só o estudo da razão de pouco serve, nestas condições, para nos responder cabalmente.
V
Mas, é a razão que interessa!
M
Se ela nem sempre actua da mesma maneira, penso que interessa em primeiro lugar o que a faz ser diferente e por vezes nunca igual.
V
Será a razão angular?
M
É o que parece! Senão vejamos. Se a razão como diz o outro é tudo, então o imaginário é o racional e o que é objectivo também o é. Será que o racional imaginário é um adaptador das coisas ou adapta-se às coisas?
V
Não será isso redutor?
M
Como pode sê-lo? O racional imaginário não está só. Há que ter em conta o racional natural.
V
Onde começa um e acaba o outro?
M
Interagem e o sujeito supervisiona-os.
V
Como age o sujeito?
M
No espaço próprio e do qual faz parte.
V
Entenda-se, então, activos e a sua acção de conjunto torna-os comprometidos entre si.
M
Ao transformar comportamentos artificialmente corremos o risco de criarmos o homem robotizado.
V
De qualquer maneira a natureza fá-lo robot. É o que parece.
M
Tendo em conta a ordem e o rigor interventor do Universo, não repugna aceitar a ideia de o homem ser isso mesmo: um robot.

(Continua amanhã, dia 20n de Julho de 2006)

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