Wednesday, July 26, 2006

 

O IMAGINARISTA - CONTINUAÇÃO DO DIA 26 DE JULHO DE 2006


O IMAGINARISTA – CONTINUAÇÃO DO DIA 26 DE JUNHO DE 2006

MANDALA
Eu não estou interessado em mudar o mundo, porque ele não precisa da minha ajuda para nada.
VARETT
Socialmente?
M
Claro! Já viste alguém levar as massas à revolta sem estas estarem de antemão revoltadas? E já viste alguma revolta retroceder com apelos teóricos?
V

Explica-te!
M
Revolta é igual a um mais um...
V
Karl Marx?
M
Talvez o melhor de todos. Somou Hegel com a fome de muitos e “descobriu” o Universo em dialéctica transformativa.
V
Estou a ouvir bem?
M
Trata-se de uma mente que se organizou em sistema. As suas teorias só são válidas quando sobrevoam a acção. Não promovem a acção.
V
Onde colocas Mao e Lenine?

M
À frente das massas, mas isso não quer dizer que as tenham levado à acção.
V
Muito discutível!
M

O que move as massas, a história di-lo e di-lo bem: apetências. As movimentações das massas são aproveitadas pelos ideólogos propensos ao domínio da política.
V

E o domínio religioso? Cristo arrastava as massas!
M

Sobretudo com o microfone e os alto-falantes da época... Não me parece que as mesmas massas o tivessem defendido quando os chefes religiosos o condenaram à morte. Sempre que há massas a dirigirem-se para a “festa” é só colocar o ideólogo-chefe à frente delas para ele fazer figura.
V
Ele falou perante cinco mil pessoas. Que dizes a isso?
M
Pensa um pouco antes de repetires bananadas que leste e ouviste. Põe-te a falar no deserto ou numa planície para mil pessoas e vê se elas te percebem? Quanto mais para cinco mil...
V
A história diz-nos que Napoleão falava para milhares de soldados!
M

As catequista meteram-te muita merda na cabeça. Isso é mais uma balela. As condições da geografia do terreno impediam tal baboseira.
V

Hitler?
M
O que levou os alemães para a I Guerra Mundial não foi Herr Hitler . Quando ele, anos mais tarde, discursava, só dizia aquilo que os alemães queriam ouvir. Se fosse o contrário, a história não falaria dele. Outro tomaria o seu lugar. Aconteceu o mesmo a Mr. Winston, etc.
V
Matas todos os heróis!
M
Não é nada disso. Claro que existem heróis. Olha o exemplo do Sansão que quando tinha os cabelos compridos derrotou mil inimigos com uma queixada de burro... Ah! Ah! É preciso não embalarmos em contos infantis feitos à medida dos adultos, senão acabamos por acreditar em homens que se fizeram passar por deuses e que depois de levemente mortos voram para os céus. A mente humana é muito manipulável.
V
Credo! Cristo, um Deus que foi para o Pai que o esperava no Céu.
M
Poupa-me! Na minha infância enfiaram-me muito barrete. Na maioridade não será assim tão fácil. Cresce!
V
Sou eu menor?
M
Menor e não só ... Mitologias a vigorarem no nosso tempo...
V
Tu não respeitas o Universo que tanto apregoas!
M
No Universo encontras pântanos e terra firme. Eu prefiro a terra firme porque diz mais com a minha maneira de ser. Cada um “pantaneie” como quiser. Nunca me ouviste dizer que abraço o Universo incondicionalmente. Para já te digo que se fosse possível optar por não ter nascido eu o faria de bom grado. Seria, para mim, uma vitória sobre o Universo. Infelizmente isso não pode acontecer. A minha relação com o Universo é de total repúdio. Eu não me identifico com o que me coube dele nem com aquilo que me caberia se fosse de outra maneira.
V
Se todos fossem como tu, nada interessava nem se descobria nada. Para que serviria um Einstein.
M
Estás a trocar as voltas ao texto. O que o homem tem feito como ser programado é arranjar almofadas para servirem de quebra quedas à terrível herança que é nascer sobre as regras do Universo.
V
És tu que falas ou o Universo?
M
O Universo às vezes parece estar adormecido. Daí a verdadeira dificuldade entre o entendimento da peça com o todo.
V
Tu teimas em colocar o Universo em diálogo. O homem fala fala, o Universo cala cala.
M
Esta é a parte importante, embora possa parecer caricata. Se retirarmos da face da Terra todos aqueles que nos aproximaram do pensamento especializado, será que ficamos como os outros animais?
V
Claro que não! Existem diferenças enormes. Queres comparar os cascos de um cavalo com as mãos de um homem?
M
Repara que o cavalo não necessita de mãos para comer e plantar a erva com que se alimenta. O procedimento do cavalo está previamente programado e coincide com o programa da natureza que o alimenta.
V
Está tudo programado?
M
Claro! Não se vê?
V
E a liberdade que é uma característica do homem? Não me digas que ela também está programada?

(Continua amanhã, dia 27 de Julho de 2006)

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