Sunday, July 16, 2006

 

O IMAGINARISTA - CONTINUAÇÃO


CONTINUAÇÃO DO DIA 15.7.06

VARETT
Afinal, quem fala pelo Universo? O “canibalismo”?
MANDALA
Tudo está inserido no Universo. Tanto o pensamento quanto a acção do homem fazem parte dele. O canibalismo pouco difere do que se passa nos talhos.
V
Diacho, o homem tem alma!
M
Mais me ajudas! O canibal não come a alma, mas sim a carne e alguns ossos dos seus semelhantes. Quanto à alma, a existir num qualquer modelo, tenho dúvidas que ela dure para além do tempo do Universo.
V
E se o Universo for eterno? Se tudo está dentro dele como tu dizes, então, a alma será eterna. É que terás dito algures que ninguém podia ser expulso dele.
M
Se o Universo for eterno elas também o serão numa outra dimensão de transformação.
V
Também percebes de almas?
M
A alma para mim é o conjunto dos órgãos de um corpo em funcionamento. Sentidos, coração, bexiga, fígado, cérebro, etc. Quando estes órgãos cessam funções a energia da alma adapta-se ao Universo. Penso eu...
V
E, quanto ao pensamento?
M
A alma não pensa. O pensamento é aquilo que resulta da acção físico-química que percorre os circuitos cerebrais. O cérebro funciona com matéria própria.
V
Uma coisa eu creio: o Universo, às vezes, dá-me vómitos. Embrulha-me o estômago o espaço imenso sem significado humano. Como será possível interpretar humanamente aquilo que nada tem de humano?
M
O Universo não te vê como humano. O Universo ao prolongar-se numa determinada direcção produziu o ser homem, o animal, plantas, hidrogénio, etc.
V
Como é que o Universo se prolonga até dar origem à raiva, à dor, à infelicidade, etc., que são coisas do foro da vida interior do homem? O Universo não responde a estas questões!
M
Não responde directamente. Quem responde somos nós que fomos por ele criados através de transformações milenárias. Quem responde pelo voo das aves a não ser as próprias aves? Quem responde pela fome e pelo frio a não ser as plantas e os animais? Qualquer peça do Universo responde pelas suas próprias tarefas (integradas no conjunto global). Algumas destas tarefas são fáceis de determinar. Outras, muito complexas, ainda estão longe do nosso domínio e compreensão. Penso, todavia, assim que como o Universo entra em inflação , o nosso entendimento também se expande e desenvolve correspondentemente. Uma coisa está ligada a outra!
V
E quando implodir? Será que o nosso entendimento corresponderá a este efeito contrário?
M
Sem esquecer o imaginário que faz parte da nossa maneira de estar, devo responder-te à maneira de Plotino – um grande imaginarista, diga-se. Ele previu (no seu sistema) o regresso das almas individuais ao Ser e posteriormente ao Uno indivisível, esfumando-se nele.
V
Afinal, também recorres ao imaginário!
M
Depois do que se disse, até parece que o Universo imaginário compete com o outro, aquele onde nos sentimos com os pés no chão. Pois seja! Saibamos viver com ambos e saibamos também deles retirar o proveito mais fiável.
VUm Universo imaginário criador do Universo dos sentidos ou vice-versa.
M
É um risco que se corre porque isto é conversa de maluquinhos. Estamos fazendo o contrário do que pretendíamos inicialmente, isto é, colocar o Universo a falar de nós.
V
O Universo não fala!
M
Fala! Fala! Nós é que ainda não destrinçámos o seu código. Julgamos que a razão nos ajudará. A nossa racionalidade faz parte do jogo do entendimento. Ela nada é mais do que um auxiliar e por vezes também é arrastada para a disfuncionalidade.
V
Se ela (razão) é isso, é quase um sentido!
M
Ela para ser mais do que um sentido não pode cometer os mesmos erros de apreciação. Tanto ela quanto os sentidos pertencem ao grupo dos falíveis, apesar de ambos utilizarem o princípio de identidade.

(Continua amanhã, dia 17 de Julho de 2006) Posted by Picasa

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