Saturday, July 15, 2006

 

O IMAGINARISTA


O IMAGINARISTA

CONTINUAÇÃO DO DIA 14 DE JULHO DE 2006

VARETT
As coisas não têm o mesmo sentido nem o mesmo entendimento entre nós. Apesar de possuirmos os mesmos sentidos e a mesma capacidade de entender, estes nem sempre estão de acordo. Algumas dessas capacidades evoluem mais do que outras.
MANDALA
Correcto. Se juntares cinquenta aldeias num grande aglomerado populacional do tipo concentrado, achas que as pessoas que lá passam a viver continuam aldeãos? Não apresentarão elas uma nova maneira de viver e de pensar?
V
E depois?
M
Naturalmente passariam a viver com outro modelo de sobrevivência. Organizariam as suas vidas num ritmo mais excitante e rápido. Tudo mudaria para elas.
V
Toda esta lenga-lenga deve ter um propósito que não descortino.
M
É o propósito do Universo interpretado à luz de cada um e segundo a liberdade que nos é atribuída condicionalmente.
V
E um Universo eterno?
M
Se ele for eterno, deixá-lo ser. Que interesse pode ter isso?
V
Eu apercebo-me do sentido da minha alma: um sentido de eternidade.
M
É-te permitido assim pensá-lo. Se isso te satisfaz não descures esse sentido. Arranca-lhe a utilidade. O Universo é muito donairoso.
V
Parece que te divertes?
M
O Universo é até onde podes ir. Quanto maior for a distância entre ti e os limites dele, maior será para ti o teu Deus. Quanto mais complexo for o Universo mais rico se tornará o Criador, se é disso que se trata. Se um dia o Universo retrair como defendem os promotores da implosão, verás que o teu Deus encolherá também. O teu Deus tem a dimensão do Universo! É difícil concebê-Lo maior ou mais pequeno que o Universo. É através dele que O conheces. Se apagares o Universo, Ele desaparece.
V
Se Ele tudo criou, como será isso possível? Mesmo que a implosão reduza tudo a nada, Deus e as almas subsistirão para sempre.
M
Desaparecendo o Universo, ficas tu, as almas e Deus em parte incerta. Ah!
V
Trata-se de coisas sublimes e imateriais.
M
Na parte de fora do Universo! Que esquisito! Que rica imaginação!
V
Pois é! Aquilo que chamas imaginação eu coloco na esfera do divino.
M
O que vale é este nosso comum entendimento. Ficamos, de facto, com um Universo mais enriquecido, não haja dúvida. Saltemos para outra questão.
V
Qual?
M
Coloquemo-nos no lugar do Universo e que ele se pronuncie observando-nos e classificando-nos.
V
Através da nossa linguagem? Isso é viciar os dados!
M
Talvez. Por que não pensas por um instante ser o Universo quem estruturou o pensamento e a acção do homem? Um Universo que tudo liga e a tudo dá um sentido. Um Universo compreensível e que fala connosco.
V
Vindo de uma coisa inanimada? Que imaginação!
M
Nada é inanimado. Debruça-te sobre a microfísica com outros olhos e compreenderás melhor o que te digo.
V
Queres que me ponha a fazer de Einstein? Até agora as Teorias da Relatividade Restrita e a da Relatividade Generalizada não respondem às minhas inquietações, assim como espaços não euclidianos curvos. Às minhas dúvidas, o Universo que tentas formalizar deixa-me só e com o pensamento dirigido a algo superior.
M
Superior ao Universo e à maravilha das suas combinações?
V
Achas que a existir o tal Big Bang, que não passa de uma teoria, pois nem tu nem o teu Universo o podem pôr em prática, é alguma maravilha? Tratar-se-iam de explosões e de temperaturas tão altas que até cozeriam o Diabo mais velho. Será o Caos uma maravilha?
M
Então o Caos, no começo, não é uma maravilha? Só quando a concepção dele nos dias de hoje destrói a vida no planeta é que ficamos confusos. A destruição da vida é uma procura de equilíbrio no modelo do Universo. O homem e os animais copiam-no entre si. Já viste um canibal preocupado por ter ingerido uma perna de porco assada , perdão, do Homo Sapiens? Cada ângulo corresponde a uma determinada visão. A minha moral burguesa coloca-me num ângulo distinto do canibal. Queres responsabilizar “alguém” por isso?

(Continua amanhã, dia 16 de Julho de 2006) Posted by Picasa

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