Friday, July 07, 2006

 

SOBRE MIM I - CONTINUAÇÃO DE QUINTA-FEIRA

SOBRE MIM I – 7.7.2006

VARETT
Existem questões que não são para mim. E, se eu estou a fazer de deus-chefe, estou a deixá-lo ficar muito mal perante essas loucuras que me colocas.

MANDALA
Não te preocupes. Pois nenhum dos deuses é capaz de uma resposta satisfatória a estas questões. Continua que estás a agradar. Tu, quando corres, também pensas. É, pois, muito natural que elas (as ideias) te acompanhem quando corres. Isto parece-me que de facto não podemos negar. Logo, as ideias que são para ti imateriais também correm ao mesmo tempo que os seus possuidores. E, que eu saiba, também vão à mesma velocidade do teu cérebro. E este (cérebro) tu não o deixas para trás que eu saiba. Será que podemos concluir que embora as ideias sejam imateriais elas estão muito juntas à matéria e que quase se “sujam” nela pelo menos nos casos apontados?

V
É isso!

M
Voltemos outra vez à questão de quem cria as ideias imateriais. Não achas que só um ser imaterial é que pode criar outro ser imaterial?

V
Sim, só um deus!

M
Mas há pouco admitiste que a ideia de que a Lua não pensava foi criada a partir do momento em que eu te a criava, melhor te a colocava?

V
O cérebro vai buscá-las e depois utiliza-as.
M
Onde as vai procurar?
V
Sei lá! Talvez a um depósito.
M
És capaz de ter razão. E as ideias que o cérebro nunca teve oportunidade de utilizar?
V
Estão no tal depósito!
M
A ideia de depósito não está mal posta não senhor. O cérebro faz apelo a uma ideia que não possui mas forçosamente tem de a conhecer pois de outro modo como a poderia requisitar. O cérebro conhece uma coisa (ideia) mas não a possui...
V
Como é?
M
Como é que se pode pedir uma coisa não se sabendo do que se trata?
V
Por comparação, está claro!
M
Explica-me como é que podes recorrer a uma coisa, como por exemplo, o belo, sem nunca a teres idealizado ou conhecido?
V
Comparando com o feio!
M
E o feio, onde o foste buscar?
V
Estava no tal depósito também.
M
A tua resposta é muito depositária... Faz-me uma certa confusão. E se não conhecesses o feio? Nunca mais sairíamos daqui. É que para idealizares o belo dependerias do feio... Quem sabe se o tal depósito tem à porta um fiel de armazém que ajudando-te adivinhará no que sabes que não sabes e queres saber?
V
Hum!
M
Se nunca tivesses sentido nem o frio nem o quente, como é que elaboravas as ideias referentes a estes estados corporais?
V
Talvez quando os experimentasse.
M
Podemos concluir, pelo menos o seguinte: o cérebro cria ideias. Essas ideias são a teu ver imateriais. Neste caso, tanto deus quanto o cérebro têm capacidade para criar ideias. Deus divide contigo tal patente. Podes tu criar uma galinha?
V
Por deus, não!
M
E um ovo?
V
Também não!
M
Quem os teria criado?
V
Deus, pois claro!
M
Por que o dizes?
V
Porque só Deus cria!
M
Se estivesse de acordo contigo, poderíamos afirmar que somente Deus pode criar e mais ninguém tem esse poder?
V
Sim!
M
Às palavras árvore, querer, chorar, fornicar, etc., dás tu confirmação quanto à sua paternidade divina? E que só depois é que são utilizadas pelo homem? Será?
V
O homem transforma e utiliza as ideias que Deus criou e Lhe deu em palavras.
M
Palavras essas que se sentem?
V
Sim!
M
A utilização das ideias é apenas apanágio do homem ou o Deus interfere?
V
O homem possui a arbitrariedade para utilizá-las bem ou mal.
M
Como pode o homem utilizar uma coisa que não lhe pertence?
V
É um dom que Deus deu ao homem . O homem recorre a Deus.
M
Como pode o homem recorrer a um ente que não conhece? Alguém o apresentou?
V
O homem sabe da sua existência, É fácil, depois ir ao seu encontro. Deus facilita-lhe a tarefa.
M
Sem nunca se dar a Conhecer?
V
A alguns isso é possível!
M
A esses que foi dado o dom de O conhecer, será que podem descrevê-lo?
V
Ele é imaterial.
M
Desconhecido?
V
Revela-se.
M
Em ideia?
V
Sim!
M
Então, Deus é uma ideia, por enquanto?
V
Penso que sim!
M
Como se pode distinguir a ideia de Justo e de Deus?
V
Deus é justo!
M
Um justo é Deus?
V
Não! Ser justo não quer dizer ser Deus. O contrário é que é!
M
Define-me justo.
V
Um homem que pratica a justiça e que cumpre as regras.
M
Deus tem regras a cumprir?
V
Não, Ele é que as faz!
M
Só servem para aplicar ao homem e não a Ele?
V
Ele não precisa pois é o justo.
M
A justiça de Deus é igual à dos homens?
V
Só Deus é que aplica a Sua justiça aos homens.
M
Não matar é só para fazer efeito nos homens ou também se aplica a Ele?
V
Deus não mata. Deixa isso para o homem.
M
Olha que não. Repare-se no que disse o Deus que temos mais à mão. A tua Bíblia diz que Ele quando se zanga, manda matar. Já leste o Velho Testamento? No Genesis mandou matar um desgraçado à pedrada.
V
Isso é coisa de judeus. Cristo não diz para se matar ninguém. Pelo contrário, manda amar até os inimigos.
M
Cristo não é filho do Pai, o senhor Jeová?
V
É isso mesmo. Ele é filho de Deus e Deus feito homem.
M
Um homem-deus? Como homem não está sujeito a esticar o pernil?
V
Morreu. Mas para salvar a humanidade.
M
Salvar a humanidade de quê?
V
Da maldade, do ódio e do Inferno.
M
Determinou regras para salvar a humanidade?
V
Sim!
M
Dizes-me algumas?
V
Amar a Deus sobre todas as coisas. Amar o próximo como a nós mesmos. Não cobiçar a mulher do próximo...
M
Como se pode amar Deus sobre todas as coisas?
V
Por exemplo, amar mais a Deus do que aos nossos pais, filhos, irmãos, etc.
M
Ele gosta muito de ser amado? Será muito só? Dá-lhe para isso... Um amor imaterial que aprecia imenso sacríficios físicos. Que ideia mais tarada!

(Continua amanhã dia 8 de Julho)

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