Monday, July 10, 2006

 

SOBRE MIM II - CONTINUAÇÃO DO DIA 10 DE JULHO/06


MANDALA
Bem! Eu tenho memória de essências-matéria e tenho memória de matéria pensável. Quanto à matéria pensável é aqui que quero trabalhar. Numa outra ordem dimensional de discurso, nunca poderia dizer que uma essência esticava. Só que a ideia de essência faz parte de um discurso abstracto digno de altíssimos pensadores. Para mim, apresenta-se como um discurso doentio. Todo o discurso é “doente” visto de fora. Trata-se de um desvio maior ou menor conforme as estruturas das clientelas ideológicas pertença do próprio cérebro. Razão esta que impede, muitas vezes, o seu produtor de ajuizar o seu ajustamento à realidade. Deixemos os adversários dos nossos pontos de vista entregados a esse mundo de elites volatizantes e voltemos de mansinho à bruteza da natureza: o cavalo castanho montado por Dom Afonso Henriques assustou-se e fê-lo cair.
VARETT
Um assustadiço?
M
É nesta ordem de ideias que refiro o crescimento do pensamento. Não peço que estejas de acordo comigo. Só quero que continues a dialogar porque és imprescindível para o meu abrilhantamento. Assustadiço é um bom aumento. É um fazer crescer a frase. É um fazer crescer um sentido.
V
O que tu fizeste foi aumentar com palavras um pensamento compósito. Ele, o conceito - ideia geral – continuou na mesma com o que lhe juntaste. Realizaste uma amálgama com palavras e colocaste-as no mesmo cesto. Não respeitas os princípios lógicos. É por isso que adulteras tudo em que tocas.
M
Eu já me cansei da intolerância e fixidez dos ditos princípios lógicos. Pensamento para mim é matéria. As essências são a matéria mais leve. É certo que nos entendemos mesmo em desacordo. Eu respeito muito as essências e já vais ver o quanto. Se me é permitido perguntar, gostaria que me respondesses o quanto Deus é para ti uma essência?
V
Nem muito nem pouco! É uma essência!
M
Essência que não é muito nem pouco... Será que a ela como forma de pensamento se lhe pode atribuir referências de pouco ou muito?, ou queres dizer outra coisa? Por favor, diz-me coisas discretas! Deus é para ti infinito ou finito?
V
Deus é infinito!
M
Isso é muito ou pouco?
V
Muito no sentido infinito.
M
É muito ou é infinito?
V
É uma forma de dizer...
M
Errada ou certa? Infinito pode identificar-se com muito?
V
Claro que não. Era para dar uma ideia aproximada.
M
Ideia aproximada não. Posso dizer que Deus é infinito e que muito não é aceitável para o pensarmos.
V
Estava a querer facilitar.
M
Não facilites que me confundes. Deus cresce?
V
Ora! Ora! Se Ele é infinito, tal não se lhe aplica!
M
Que mais me podes dizer dele?
V
É o criador de tudo o que existe.
M
Devo dizer-te que não sei o que é o infinito. Calculo por aproximação. Isto é, “vejo” o que é o muito e depois deduzo o infinito. Para mim é difícil! O infinito é um muitos muitos.
V
É normal! Tu és limitado. Também és confuso1
M
São sinas. Partamos para outra. Deus sendo o Criador, que ligação tem com as criaturas?
V
Para sê-lo (para elas) depende delas. Calculo que te estejas a referir aos homens como criaturas?
M
Certamente!
V
Imaginas-te seres criado sem a intervenção divina?
M
Era cá uma grande chatice.
V
Não significavas nada. Sendo tu um ser criado por Deus, deixas de sentir o vazio e passas a viver a vida com objectivos. De que outro modo poderia ser?
M
De facto, eu estou no vazio. É por isso que quero que me elucides, pois tu dominas mais do que eu coisas de essências e de divindades. Há pouco referias que Deus era infinito. Em tudo infinito?
V
Deve ser. Melhor, é!
M
Infinitamente mau?
V
Que ousadia! É infinitamente bom.
M
Não se pode dizer que é muito, muito bom, isto porque combinámos atrás que tal “comentário” não podia ser atribuído a um ser infinito.
V
Claro!
M
Quem pode ser muito bom ou bom são os seres humanos, que Ele criou.
V
À sua imagem e semelhança!
M
À imagem do infinito? À semelhança do infinito?
V
Noutros aspectos!
M
Vamos a eles que estou bastante curioso.
V
O homem possui alma imortal. Sabe distinguir o bem do mal. Deus é imortal. A alma do homem é também imortal. Vês a semelhança?
M
Deus não só cria o homem-matéria como também o homem-alma?
V
Sim, e outras coisas mais para além disso.
M
Fiquemos, por enquanto, pela alma e pelo corpo e pela capacidade de distinguir o bem do mal. A alma será uma dádiva assim como o corpo?
V
Sim!
M
Que faz Deus do corpo e da alma dos homens?
V
O corpo corrompe-se, envelhece e morre. Não há outra saída. Quanto à alma ela pode salvar-se..
M
Vamos lá ver se percebi. O corpo decompõe-se e desaparece, enquanto que, por outro lado,a alma pode salvar-se. Salvar-se de quê?
V
Do pecado!
M
Do corpo, porque a alma é, segundo consta, um ser imaterial. Logo pura.
V
A alma pode purificar-se no final. Porém, enquanto viver no homem, não é totalmente pura.
M
Se o corpo e a alma vivem juntos, será que ambos se podem purificar?
V
Ambos, podem purificar-se.
M
Não percebo! Quando é que a alma se torna impura?
V
Quando não cumpre as leis de Deus.
M
Como é que o homem as conhece?
V
Deus comunica com os homens.
M
Vamos lá ver se percebi. O corpo é impuro mas pode “melhorar” se seguir as leis divinas. O corpo sujeita-se e com o seu proceder bem a alma é premiada. O corpo deve ser uma grande preocupação para a alma e para Deus. As leis divinas, que eu saiba, têm muito pouco de espiritual, pois estão sempre a exigir sacrifícios ao corpo. Isto é, o corpo é a vítima de leis furibundas. Não as cumprindo, a alma é que paga. Muito giro! O corpo tem uma existência passageira. Depois de viver em grande fartura de pecado desaparece para dar lugar a uma alma que o avaliza sendo, depois punida com o sofrimento eterno...
V
As leis divinas tanto se dirigem ao corpo como para as almas.
M
Do corpo temos mais ou menos a ideai das regras que tem que cumprir. É melhor passarmos à alma.
V
Ser bom, amar a Deus e ao semelhante.
M
Ser bom o que é que significa?
V
Não praticar o mal, por exemplo.
M
Não fazer mal não é ser bom. É neutral.
V
Ajudar o próximo.
M
Em quê?
V
Naquilo que ele precisa para sobreviver, se for caso disso.
M
Mas isso são mezinhas para o corpo!

(Continua amanhã dia 11 de Julho)

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