Monday, August 07, 2006

 

CADERNOS DO OLHAR I - CONT. do dia 7


CADERNOS DO OLHAR I – CONTINUAÇÃO DO DIA 6 DE AGOSTO DE 2006

MANDALA
Umas vezes disfarçadamente, outras declaradamente. Porém, sempre dentro de uma lógica formalizadora muito forte. Ao ponto de se confundir com o sensor da política. Portugal, nos séculos XVI e XX, é um exemplo do que afirmei. Queres outros exemplos?, vira-te para a história que eu não sou nenhum compêndio.
VARETT
E as revoluções?
M
Não há aço! Olha bem a Revolução Francesa.
V

Liberdade, Fraternidade, Igualdade!
M
Lá isso gritaram os franceses em voz muito alta. No entanto, meia dúzia de anos após essa treta histórica, os mesmos que fizeram ecoar esses “palavrões” estavam de armas nas mãos a invadir tudo o que os rodeava de perto e de longe. As vítimas foram às dezenas. Portugal, Espanha, Itália, o Norte de África e muitos mais. Na Polónia, o esperma de Napoleão provou que à famosa trilogia revolucionária se devia acrescentar o uivo do macho vencedor com cio. Quando os conquistadores da liberdade deram por si, era demasiado tarde: mais de duzentos mil franceses foram para o galheiro com o rabo entre as pernas ao fugir de uma Moscovo vazia, fria e sangrenta que os puniu. Fraternidade, Igualdade e Liberdade tornaram-se gritos de imperialismos muito duvidosos. Napoleão não foi mais do que um sensor que interpretou “comme il faut” os desejos do seu Corpo Central.
V
Antes de acabarmos esta fase de conversação, diz-me que Corpos Centrais tiveram os melhores sensores?
M
Não te posso responder com rigor porque poderia vir a perder os meus direitos políticos.
V
O pensamento antigo que chegou até nós pela pena de Platão, a páginas tantas, refere e explica o aparecimento da Justiça e da Injustiça e de uma série infindável de conceitos. Dá-nos conta de que quando uma comunidade cresce e se constitui cidade é-lhe necessária a Justiça para melhor harmonia da Polis. Tu, na tua comunidade bicho da batata, em que lugar colocas a Justiça? Será no esfíncter da lagarta? (Ri-se)
M
Aprendeste, tal como eu, acerca das invenções psicanalíticas do Dr. Freud. Às tantas, ele apresenta o Id, o Ego e o Super Ego. Quase todo o mundo disse ámen. “Acharam graça”! Tratou-se do resultado de uma investigação. Ser ou não ser verdadeira pouco interessa (?)... O que valeu foi o salto que se deu na matéria. Ontem, estava eu a pensar como organizar este devaneio e lembrei-me de que a minha verdade apresentava três dimensões: a verdade achada, a verdade desencontrada e a verdade discutível. Ah! Ah! Ah1 Ah! A verdade achada é achatada! Ah!Ah!
V
Vai gozar com outro! Vamos jogar, a partir de agora, com as minhas regras. Eu é que questiono e vou utilizar o teu formato de pensar. Aqui vai! No teu bicho da batata, os sensores estão ligados ou desligados dos constituintes que são os indivíduos organizados ou não em grupo?
M
Estão ligados!
V
Como pode ser assim, se os sensores vivem à custa dos indivíduos, umas vezes mais incisivamente, outras nem tanto?
M
A opressão que pareces referir é mais uma orientação com vista à sobrevivência destes e do Corpo Central. Eu diria que eles estão ligados através do espectáculo. O espectáculo alivia o stress que surge sempre que o futuro se apresenta pouco risonho. Os imperadores romanos, por exemplo, eram useiros e vezeiros no fomento da diversão. Esta alivia e desmentaliza. Nos nossos dias, olha à tua volta... e vê como funciona com eficiência.
V
E os feiticeiros?
M
Também eles organizam os espectáculos. Qualquer dos sensores os tornam cadenciados, sistematizados e periódicos.
V
Está aqui estás a dizer que o futebol é a missa que os sensores da política oferecem ao Corpo Central...
M
Sim, mas mais divertida!
V
Para ti tudo é sobrevivência. É um tema mais do que estafado. O homem não é só sobrevivência. Há mais qualquer coisa. Não achas?
M
Tu a fazeres perguntas pareces uma alcoviteira. Retomo a técnica do velho maieuticista. O homem na luta pela vida não se torna imperialista, usando a minha terminologia?
V
Tem essa tendência. Todavia, não podemos esquecer o seu lado espiritual.
M
Parece-me ser correcto dizer que o bicho da batata luta pela sobrevivência. No que diz respeito à vida espiritual de que falas, eu penso que o objectivo é o mesmo.
V
Defender-se, atacar, comer e defecar tem o mesmo valor espiritual relativamente à sobrevivência? Não me digas!

Continua amanhã, dia 8 de Agosto de 2006

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?