Tuesday, August 08, 2006

 

CADERNOS DO OLHAR I - CONTINUAÇÂO DE 7/8/06


CADERNOS DO OLHAR I CONTINUAÇÃO DO DIA 7 DE AGOSTO DE 2006
MANDALA
Presta atenção! Quando o Corpo Central cria o sensor para a área religiosa, ele não incute nos indivíduos a perspectiva do viver mais além do que a vida física?
VARETT
Claro!
M
Não é isso uma forma de sobrevivência?
V
Isso é a apetência de eternidade. Isso é aspirar estar com o divino. É diferente do que se passa com os animais.
M
Tu conheces tão bem quanto eu que existem animais que se fazem confundir com a natureza para se tornarem predadores e outros que fazem o mesmo para fugir aos seus predadores. Se o fazem, não é para dançarem a valsa...
V
Para não morrerem.
M
Para sobreviverem, não será?
V
Pois seja!
M
Imagina-te um desses bichos. Achas que para eles é só uma questão de sobrevivência física? Não será que eles possuem uma ideia de viver mais? Mais “eternidade”?
V
Não, que disparate! Onde já se viu tal pensamento?
M
Perguntei por perguntar... É que não sei, de facto, se eles entenderão a eternidade. Sei tanto como tu que eles não gostam de morrer. Se não envelhecessem - de certo que - quereriam viver indefinidamente.
V
E não deve passar disso!
M
Entendes ou não que eles apesar de animais não gostam de morrer e que se fosse possível prefeririam passar muito mais tempo por cá?
V
Sim! E Deus, eternidade e coisas afins como surgem nessa tua batata que é bicho?
M
Tu, apesar de te saberes portador de uma licença para a eternidade, também por cá pretendes ficar o mais tempo possível.
V
Sim, e depois?
M
Por que será?
V
Não sei, só sei que quero.
M
Assim, como nada sabes acerca de Deus, pois nunca O viste , tu O desejas.
V
Claro!
M
Já são duas coisas de que nada sabes. Porém, admites que ambos – Deus e o teu desejo de perenidade – te empurram para a eternidade. Não será?
V
A minha eternidade e a dos outros seres humanos.
M
Eu olho para ti e vejo que tu na tua vida tens como objectivo viver. Embora não saibas bem porquê, a não ser por uma questão de continuidade, quer estejas bem ou mal. Com o bicho da batata passa-se o mesmo. Ele sente o mesmo!
V
Qual é a relação do bicho de batata com Deus?
M
A mesma que a tua. E di-lo através das suas cabeças e do seu comportamento.
V
Um amigo meu disse-me que o comportamento do homem singular é diferente dos animais. Estou de acordo. Eu vi uma ninhada de nove cachorros ser reduzida pela mãe a seis. Ela deixou morrer, propositadamente, três para que os restantes pudessem sobreviver e não desaparecessem todos. O homem não faz isso aos filhos!
M
Ela deixou-os morrer porque eles cometeram algum crime?
V
Não, que ideia!
M
E a cadela comete algum crime em querer salvar seis dos filhotes condenando os restantes à morte?
V
Claro que na sua natureza ela não é filicida. Essa não é a razão do seu proceder.
M
Os cachorritos escolhidos para morrer pela mãe não cometeram crimes de qualquer espécie. Certamente não seriam os mais aptos. Se o fossem ela não os deixaria morrer. Preferiu os mais fortes porque segundo dizem são estes que dão continuidade à espécie, nas melhores condições.
V
De acordo!
M
Com o bicho da batata acontece mais ou menos a mesma coisa. No começo da nossa conversa falámos de que se houver uma crise os sensores mandam matar aqueles que poderão fazer perigar o Corpo Central (acrescento em 8/8/2006: a guerra no Líbano e a morte de civis). A princípio foram as formigas a darem o exemplo de que nos servimos. Depois, aproximamo-nos do nosso semelhante e vimos que fazia o mesmo. Isto é, matava como forma, em última instância, para impedir a sua extinção. Recordas-te?
V
Estou lembrado. Porém, o homem tem critérios de escolha que os animais não demonstram.
M
Esses critérios apresentam ou não um objectivo comum com os animais que se designa por sobrevivência do grupo através da manutenção dos melhores e mais fortes desse mesmo grupo?

Continua amanhã, dia 9 de Agosto de 2006

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