Wednesday, August 30, 2006

 

CONTINUAÇÃO DE

M&M

MANDALA
Essa é uma questão fundamental em que uma resposta por mais elaborada que seja não consegue satisfazer completamente.
VARETT
Eu creio, tal como tu, que o teu sistema orgânico em que te embrulhaste está deveras programado. Programado com objectivos definidos que tu não sabes quais, como afirmas atrás. É que se tudo é matéria, o pensamento de Deus é matéria também. E digo isto porque para ti tudo é matéria e o pensamento de Deus é dela proveniente.
MANDALA
Ao pensamento é-lhe dada a liberdade de voar de abstracção em abstracção.
VARETT
Não afirmaste que a abstracção pensada é matéria? Como é que essa matéria dá origem à abstracção-matéria-divina?
MANDALA
Eu só acredito na matéria...
VARETT
Se Deus surge para ti como matéria, pois afirmaste que o pensado é um derivado da matéria ou matéria ainda desconhecida, como podes acreditar na matéria e só nela e não acreditares no Deus que acabas por materializar no pensamento que dizes ser matéria?
MANDALA
Deus não surge como matéria. Cuidado! O pensamento de Deus (que é matéria para mim) não é o Deus. Estás a confundir.
VARETT
A ideia de Deus que é matéria, segundo a tua teoria, como é que é materializada e concebida?
MANDALA
A ideia de Deus é para mim um facto materializado. Já expliquei isso! Só que essa matéria, embora por mim detectada dedutivamente, passe a imodéstia (ri-se) é ainda desconhecida dos meios científicos.
VARETT
Ficámos como começámos este diálogo: na mesma!
MANDALA
E por que não?
VARETT
Antes de encerrarmos este diálogo, gostaria que me explicasses como é que de dentro dessa matéria toda surge o sentimento paternal, filial, etc.? Uma matéria a sentir amor por outra matéria. Agora é que me vou rir...
MANDALA
Hoje, estás disposto a quebrar a minha paciência. Na própria evolução da matéria aconteceu que os primeiros animais, muito próximos da matéria e por mais matéria transformada que tivessem sido, tinham pelas crias um grande cuidado para as manterem com vida. Até davam a vida por elas. Traduzindo esse comportamento numa linguagem antropomórfica nada repugna classificá-o de amor paternal.
VARETT
Eu questionava a amor paternal das pedras pelas pedras! Oh, meu Deus!
MANDALA
Se te ficas apenas pelas pedras e não consegues olhar a natureza como um constante mudar, ainda inexplicável, não darás o salto. Se eu te disser que as primeiras espigas de trigo apenas possuíam sete grãos e depois sem qualquer intervenção humana aumentaram a quantidade de grãos que vieram substancialmente beneficiar alguns animais, tu hás-de convir que algo se passa e é considerado muito querido, utilizando a linguagem humana. Até as plantas defendem os seus frutos! Isso é traduzível por amor de “pais para filhos”. As rochas nem sempre foram rochas. Não tens visto a lama incandescente tornar-se em rocha firme, e depois de recoberta de terra lá está ela a permitir criar a vida e assim por diante?
VARETT
E terra arável transformar-se em deserto. Isso não é amor, isso é ódio! Ah! Ah! Ah!
MANDALA
Termino este diálogo satisfeito. Tu próprio já sentes o que sente a natureza...
OUTUBRO DE 2002
ADENDA
Acrescento este texto que encontrei dentro de um cesto de papéis. Penso que antecede este M&M, pois não me lembro da data.

Resumindo. O cérebro que produz o pensamento é matéria. O pensamento produzido pelo cérebro - que afirmámos ser matéria – não é matéria. Posso dizer que o pensamento é imaterial. Posso dizer que é incorpóreo, espiritual e sobrenatural?
-Não tem corpo, sim! É um conjunto de ideias, logo fruto do espírito. Agora, sobrenatural, acho que não.
-Quando o Deus judaico-cristão comunica com os seus eleitos, esse modo de comunicar é uma forma de pensamento?
-Sim, pensamento divino!
-Haverá pensamento divino e pensamento humano?
-Claro!
-O pensamento é, portanto, comum aos dois?
-Claro!
-O pensamento do homem que vai em direcção a Deus é o pensamento humanizado. O pensamento que vai de Deus até ao homem é o pensamento divino. Será?
-Claro!
-O pensamento que parte do homem para o Deus não será um pensamento sobrenatural?
-Quando recebe retorno.
Então o pensamento humano pode, neste caso, ser considerado sobrenatural?
-Claro!
-Este pensamento especial e sobrenatural que vai do homem para Deus é produzido pelo cérebro ou não?
-Claro que é!
-Vamos ver se entendi bem, senão corrige-me. O cérebro humano produz pensamento sobrenatural, logo espiritual, logo imaterial?
-Sim, é uma afirmação.
-Diz-me uma coisa, não é só da competência de Deus a criação do imaterial?
-Sim!
-Mas, pelo que dissemos, o homem também pode criar o imaterial...
-Isso é diferente, porque Deus...
-Já sei, Deus é Deus! Agora, responde-me ao seguinte: será possível uma coisa material, como por exemplo o cérebro, produzir coisa espiritual?
Continua amanhã, dia 31 de Agosto de 2006

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