Monday, August 28, 2006

 

M & M
Continuação do dia 28 de Agosto de 2006

MANDALA
Deixa de brincadeiras, pois quero dormir a sesta. Responde, por favor.
VARETT
Assustar-me-ia imenso. A emoção seria enorme.
MANDALA
Claro! E se fores ao cinema e observares um drama do tipo familiar, também é possível que te emociones?
VARETT
Claro!
MANDALA
Existem várias graduações de emoções. Até, por vezes, há quem as confunda com as motivações. Para sermos práticos e não estarmos a copiar nos dicionários de psicologia, ou outros, pergunto-te se achas que as emoções são estados que mexem connosco?
VARETT
Pode ser.
MANDALA
Imagina-te agora a picares um caracol com um alfinete. Que é que vês?
VARETT
Ele encolhia-se todo, como estivesse a sofrer de uma cólica renal. Isso não é emoção!
MANDALA
Porquê, agora já falas a linguagem do caracol?
VARETT
O caracol não tem emoções!
MANDALA
Bem, esse tipo de pensamento pertence ao passado e nos dias de hoje há ainda quem não consiga desligar-se de preconceitos medievais. Se calhar, o caracol, depois de o teres picado, encolher-se-ia com cócegas... Imagina uma leoa a dar-te uma patada nas bolas. Não obterias uma sensação nova?
VARETT
Uma sensação primária, ligada à preservação da vida.
MANDALA
Penso que o caracol também sentiu o mesmo quando picado. Imaginemos que tu apanhas um pouco de barro e o colocas numa tina com água. Que achas que acontecerá?
VARETT
O barro desfazer-se-ia.
MANDALA
E se deixares a mistura ao sol?
VARETT
A água evapora-se e fica o barro.
MANDALA
Por que razão o barro não se evapora?
VARETT
Porque é mais resistente e consistente.
MANDALA
O barro não se evapora nem as pedras da calçada ou outros porque estão destinados a isso. Não achas?
VARETT
Sim. Parece-me que tudo tem um destino próprio. O barro quando muito seco transforma-se em pó. E lá se vai a tua teoria.
MANDALA
Penso que não. Esse pó vai organizar-se num outro local e vai obedecer a um novo programa.
VARETT
Vamos esclarecer o teu ponto de vista. Ainda não disseste como nasce nesse mundo só de matéria as emoções.
MANDALA
Eu estava a tentar fazer com que tu percebesses que tudo o que existe é fruto da evolução da matéria. E que a matéria também tem procedimentos que se assemelham aos dos animais, incluindo o próprio homem.
VARETT
Essa não lembraria ao Diabo mais velho!
MANDALA
Diz-me cá uma coisa! Se quiseres cultivar uma planta num vaso, como procederias?
VARETT
Arranjo um pouco de terra. Meto-a no vaso e coloco a planta ou a semente desta dentro daquele e vou regando com água até ver no que dá.
MANDALA
Não estarás a a copiar a natureza?
VARETT
Como assim?
MANDALA
Como é que achas que as plantas crescem na natureza? Não é com terra e água? Tu o que fizeste foi copiar a natureza. Não será?
VARETT
Talvez!
MANDALA
Se analisares a matéria de que és feito vais observar que a natureza também a possui. Tu és irmão da natureza em todos os sentidos. Não te esqueças que o teu Deus te fez do barro e o barro é a terra. É a natureza.
VARETT
Já cá faltava a religião! De qualquer maneira, já que a referiste, justifica-me nesse mundo da matéria e de materiais somente, como é que surge o pensamento de Deus? Esta é muito boa, não achas?

Continua amanhã, dia 29 de Agosto de 2006

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