Thursday, August 24, 2006

 

MENTE EM PÓ
Continuação do dia 23 de Agosto de 2006

MANDALA
Sexo?
VARETT
Sim. Sexo puro!
MANDALA
E de manhã, quando a tua avó dava pelos lençóis manchados e sujos?
VARETT
Tu não prestas para nada!
(Gargalhadas...)
MANDALA
A questão que quero repescar é se o pensamento é material ou se é apenas um veículo daquilo que é material. Digamos, um parente próximo.
VARETT
O pensamento não é material. Eu sinto isso.
MANDALA
Sentes, como? (Ri-se)
VARETT
A matéria foi aquilo com que iniciámos esta merda de conversa.
MANDALA
Pensa num prato de que gostes muito.
VARETT
Prato sexual?
MANDALA
Não, minha besta! Paparoca!
VARETT
Lagosta... que saudade.
(Mandala dirige-se ao frigorífico e de lá retira uma travessa com lagosta preparada à Montevideu.)
MANDALA
Papa-a, esta é à Montevideu!
(Varett atira-se à lagosta de mais ou menos um quilo e devora-a sofregamente.)
VARETT
(Limpando os lábios com as costas da mão)
Estava um espanto!
MANDALA
Prepara-te para ouvir como é que eu confeccionei esta lagosta à Montevideu.
VARETT
Não estou interessado, ela já cá canta!
MANDALA
Ai, ele é isso! Pois aquilo que julgavas que acompanhava a lagosta e que deviam ser trufas picadas, eram nem mais nem menos do que baratas que apanhei na cozinha. Ah! Ah! Ah!
VARETT
Bandido! (Vomita tudo)
MANDALA
Mentira! Mentira! Mentira!
(Mandala dirige-se novamente ao frigorífico e retira outra lagosta que dá a comer ao amigo que a devora rapidamente, perdoando-lhe o dislate.)
VARETT
(Depois de ter devorado a segunda lagosta.)
O que tu fazes para ganhar uma discussão. O que vale é que contigo sempre se aprende sacanices.
MANDALA
Papas-me duas lagostas e ainda me chamas sacana. Isto só visto! Tu és um açorpiteco de uma fila micaelense. Diz-me cá uma coisa. Quando te falei nas baratas, foram estas ou a imagem delas que te provocaram vómitos?
VARETT
Eu não vi baratas vivas. Foram as imagens delas que me provocaram os vómitos. E, neste caso, todas as imagens têm, para mim, um agente provocador de situações. Será necessário referir aquele borracho que me ensinava inglês?A matéria e a ideia fazem-te confusão.
MANDALA
Sempre ouvi dizer que o pensamento é sempre o pensamento de alguma coisa. Se admites o contrário, justifica-o para não estarmos a perder tempo. Pensa noutra à Montevideu.
VARETT
Chantagista! O pensamento pode ser puro!
MANDALA
Pode ficar tão puro que ficará reduzido a merda, perdão a nada.
VARETT
Eu posso pensar no nada!
MANDALA
Explica-te senão eu julgo que o pensamento fica reduzido a nada.
VARETT
É isso mesmo!
MANDALA
(Voltando-se para a Segunda Garrafa de uísque que começara a beber.)
Vês, o pensamento para este é nada...
VARETT
Não foi o que eu disse. Tu queres confundir-me!
MANADALA
Em que é que ficamos? Ou o pensamento é nada ou é o intermediário da coisa?
VARETT
Seja o que tu quiseres...
MANDALA
Achas que os animais pensam?
VARETT
Esta agora! Só os racionais1
SEGUNDA GARRAFA
(Para Mandala)
Os animais também pensam. Só que o fazem na sua própria dimensão.
MANADALA
(Para a Segunda Garrafa)
Como podes afirmar tal coisa?
SEGUNDA GARRAFA
Abre a goela à tua Kalix (cadela de estimação) e vê se eu não lhe chego ao cérebro? Derrama-me bem lá dentro!
MADALA
De facto, o álcool é o único que pode percorrer aqueles “corredores” , apesar de a ciência estar por lá perto...
Continua amanhã, dia 25 de Agosto de 2006

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?