Wednesday, August 02, 2006

 

VIVIDA CONTINUAÇÃO DO DIA 1 DE AGOSTO DE 2006


VIVIDA
Continuação do dia 1 de Agosto de 2006

VARETT
A tua razão é desmascarada pelo facto de ser naturalmente impossível dois isqueiros parirem um terceiro. A razão de Deus é uma necessidade. Esta necessidade é comum ao homem. Partimos de uma razão comum.
MANDALA
Percebi o teu ponto de vista. Se eu afirmar que é lógico e racional dizer-se que dois isqueiros pensados a fazer sexo não dão origem a um terceiro, achas que raciocínio bem?

V
Nada a obstar.
M

Se eu afirmar que a tua razão te faz crer em Deus num determinado e interiorizado momento de fé, achas que digo mal?
V

A experiência de Deus é a sua existência em mim.
M
Tudo o que tem existência em ti tem o mesmo valor para ti?
V
Claro que não!
M
O medo e a felicidade que existem em ti são diferentes do Deus que existe em ti?
V
Claro!
M
Experimentaste alguma vez o medo e a felicidade?
V
Sim, muitas vezes!
M
És capaz de descrevê-las?
V
Sim, o medo é quando receio, por exemplo, cair num poço...

M
Basta! Explica-me por palavras tuas a experiência de Deus que dizes possuir.
V
À noite, quando faço exame de consciência e oro a Deus, sinto-me aliviado.
M
E dormes bem?
V
Que nem um justo!
M
E quando isso acontece, como conduzes o teu exame de consciência?
V
Peço a Deus perdão. É a minha obrigação. Sinto que Deus me perdoa. Aliás, Ele perdoa os que se arrependem.
M
Pedir perdão e arrependimento expresso é uma experiência de Deus?
V
Claro!

M
Imaginas-te a pedir perdão ao teu semelhante e ao mesmo tempo a ofereceres arrependimento também?
V
Sim!
M
Então, tanto podes pedir perdão e arrependeres-te junto a Deus como junto aos homens?
V
Sim, mas não é a mesma coisa. Deus é Deus!
M
Muito bem. Mas, diz-me, tantos os homens quanto Deus podem perdoar-te se te arrependeres e pedires perdão?
V
É óbvio.
M
Quando fazes bem, ficas satisfeito por agradares a Deus ou ao teu semelhante?
V
Por agradar a ambos.
M

Recebes retorno quando ages bem?
V
Às vezes os homens são ingratos. Deus não!
M
E como é que Ele te premeia?
V
Sei que hei-de receber a paga no além. Além disso, sinto-me feliz só de saber que a minha intenção está vocacionada para Ele.

M
Digamos que: faz aos outros aquilo que queres que te façam a ti.
V
Palavras divinas.
M
Não vamos já por aí. Voltemos à questão da tua experiência de Deus, para melhor nos situarmos. Pedir perdão a Deus das más acções cometidas e aceitar fazê-lo – porque é uma necessidade comum ao homem – é o que para ti faz parte da tua maneira de pensar a fim de aceitares a razão da existência de Deus?
V
Essas e outras razões levam-me a aceitá-Lo. Queres que as enumere?
M
Para lá vamos. És capaz de me dizer o que achas que é comum ao homem sem ser a (tua) razão de Deus?
V

A fome, o sexo, o dormir, o estar vivo, o medo, o frio... Queres mais?
M
Entre a inteligibilidade de Deus que dizes experimentar e a inteligibilidade do medo, encontras diferenças?
V
Que pergunta! Eu sinto o medo em várias situações.
M
E Deus, tens situações em que o sentes?
V
O medo, às vezes, leva-me a Ele.
M
És capaz de experimentar os dois ao mesmo tempo?
V
Naturalmente!
M
És capaz de distinguir a sensibilidade do medo da de Deus?
V
Distingo a do perigo da do próprio Deus. É preciso explicar?
M
Não. Portanto tu distingues Deus da fome, do sexo, do dormir, do estares vivo, do frio, etc.
V
Sim, Deus é Deus e qualquer coisa destas pode ser explicada na esfera própria.
M
Que te aconteceria se perdesses a noção de medo, da fome e do frio?
V
Podia cair de um quinto andar, podia morrer por não comer e enregelar.
M
E se perdesses a noção de Deus? Continuarias vivo?
V
Vivo para o dia a dia, sim. Mas para a eternidade estaria condenado.
M
Deus tem, então, pouca utilidade para o dia a dia?
V
Os homens regem-se bem com as leis de Deus.
M
Como surgem essas leis?

V
Reveladas.
M
Não queria entrar por aí, no entanto, certas leis dos homens têm muito pouco a ver com Deus.
V
Não, as leis estão nos Livros Sagrados.
M
Também os li. No entanto, não me parece que estejam lá as leis que regem a circulação rodoviária, por exemplo.
V
As leis de Deus são superiores.
M
Já tínhamos concluído que as leis de Deus nem sempre têm muita utilidade cá em baixo. No entanto, se bem me lembro, também legislou sobre o casamento e outras banalidades domésticas.
V
O que Deus uniu, o homem não pode desunir.
M
Isso só serve para os que seguem as Sagradas Escrituras. Há milhões de homens que não as tomem muito a sério.
V
Não chegarão ao Reino dos Céus.
M
Não vamos por aí senão o Reino dos Céus é mesmo um Reino... o que é contrário à humildade divina.
V
Deus dá liberdade ao homem para ele fazer o que quiser. Depois, Deus responsabiliza-o.
M
Dá a liberdade, porém, indica-lhe o caminho da obediência. Servirá esta para organizar a sociedade humana ou permitir-lhe um salvo conduto para o tal Reino dos Céus? Obedecer a Deus ou aos homens?
V
Primeiro a Deus.
M
Obedecer a Deus é, segundo me parece, obedecer aos homens. À excepção, claro, do haver de amá-lo sobre todas as coisas.
V
Obedecer aos homens sob inspiração divina. Tudo vai dar a Deus.
M
Então, os homens quando obedecem a certos homens estão a obedecer ao divino?

(Continua amanhã, dia 3 de Agosto de 2006)

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?