Thursday, August 03, 2006

 

VIVIDA - FIM

VIVIDA - CONCLUSÃO

VARETT
Sim, o Papa, por exemplo, não erra. Não pode.
MANDALA
Bom, não vamos por aí. Só queria interpretar os desígnios da divindade através dos homens. É que eu tenho dificuldade. Muita dificuldade mesmo em lidar com Ele directamente.
V
Não foste para tal escolhido
M
Talvez por isso, queira separar o que é do homem daquilo que é de Deus. Não gosto de confusões. Penso que vocês falam demasiado como vozes de Deus.
V
Está escrito!
M
Está escrito o que outras vozes de Deus andaram por aí a dizer que Ele tinha sussurrado aos seus ouvidos. Falando muito alto o velho Deus corria o risco de ser ouvido pelos outros mortais.
V
Duvidas?
M
Nada disso. Em não tenho em mim dúvidas. As dúvidas coloco-as eu nos outros.
V
Ora essa!
M
As vozes de Deus cá na Terra, como muito bem sabes,compilam legislação imensa. Umas vezes a favor dos trabalhadores, outras a favor dos patrões e dos especuladores.
V
As vozes de Deus como tu chamas aos santos não legislam contra os trabalhadores. Quem faz isso são os que não acreditam na Sua palavra sagrada.
M
Os comunistas?
V
Sacana! Os comunistas querem que todos sejam iguais. Mas não o conseguirão.
M
Sacanas! Os materialistas não acreditam em Deus. Quando legislam contra os poderosos, fazem bem ou fazem mal?
V
São comunistas, está tudo dito.
M
Quer dizer que nem todas as leis do homem são leis inspiradas pelo divino.
V
Se são as dos materialistas...
M
Quem não está com os materialistas, está com Deus?
V
Nem todos.
M
Não percebo!
V
Só os da comunidade de Deus. É que há gente que não é materialista nem pertence à comunidade do povo de Deus.
M
Isto está cada vez mais interessante. Parece uma divisão geográfica de intenções religiosas. As leis dos homens até competem com as leis divinas. O homem está cada vez mais poderoso.
V
Deus ganhará no final.
M
Não ganhando de início, parece que está com dificuldades.
V
São os desígnios de Deus.
M
Não vamos por aí. Gostaria de voltar ao seguinte. Tu precisas consultar as Escrituras ou a legislação para, por exemplo, saberes que é mau matar?
V
Não, matar afecta-me só de pensá-lo.
M
É qualquer coisa dentro de ti?
V
Sim
M
Haverá neste planeta homens que nunca leram as Escrituras e que pensam que matar o próximo é mau?
V
Penso que a maioria dos homens não gosta de matar o seu semelhante, isto apesar de haver muito assassino entre eles.
M
Quer dizer que as leis das Escrituras reveladas por Deus aos seus homens-de-mão também são domínio de outros homens que nada têm com o bom Deus?
V
Os homens eram selvagens antes de conhecerem as leis divinas. Estas servem para indicar o bom caminho.
M
Diz-me uma coisa: devemos imitar Deus e cumprir as suas leis?
V
Isso seria ideal.
M
Segundo li nas Escrituras, Deus mandou matar, através da fala com Moisés, um pobre homem que recolhia lenha num dia de sábado.. Sábado, o dia do Senhor. Se eu mandar matar um infeliz que trabalhe no actual dia do Senhor, não vou contra as leis de Moisés ditadas pelo seu Deus?
V
Deus é Deus! É todo poderoso.
M
Quer dizer que aquilo que Ele faz ou manda fazer, não quer que o homem copie. Ele próprio manda matar e ao mesmo tempo condena ao Inferno todo aquele que mate imitando-O.
V
Jesus não é assim.
M
Não queria particularizar. Mas já que puxas a conversa para o particular, vais ter de ouvir o seguinte: Cristo coloca no Inferno o próprio Pai Celeste, Moisés e outros que tais.
V
Que barbaridade!
M
Só um momento. O Cristo alguma vez mandou matar? Alguma vez respirou vingança? Eu respondo: claro que não! Ele condenou quem o fizesse. Ele condenou o velho Deus revelado e os seus sequazes. Talvez, por isso, os judeus o tivessem matado. Jesus revelou que o velho Deus morrera cheio de ódio e vinganças. E o pior é que fizeram de Jesus um Deus novo. Talvez, até, contra a sua vontade.
V
Ele é Deus!
M
E morreu!
V
Para salvar a humanidade!
M
Um Deus que se suicida para salvar a obra que criou...
V
Suicida?
M
Se não é um suicídio é um filicídio. Segundo as Escrituras Ele mandou o Filho conscientemente (Ele nada faz inconscientemente, pois é Deus) para a morte ao entregá-lo aos filhos de Deus que neste caso eram Seus. Um Filho que também é Pai. Um suicídio e um filicídio simultâneos. Bem, coisas que a razão (a minha) não entende. É mais fácil e “racional” ver dois isqueiros a esforçarem-se sexualmente para procriarem. Jesus aproveitou a boleia e autodenominou-se Deus. Chamem-no parvo! E ele que nunca viu um isqueiro...

Nota final:
Esclareço que nunca estaria ao lado dos que crucificaram Jesus. Não passava de um pobre diabo à procura de fazer passar o tempo lendo livros horrorosos aos quais acrescentou o pacifismo oriental cuja aprendizagem deve ter adquirido até aos trinta e tal anos fora do local onde nasceu. Os povos precisam de altares e de bonecos para partirem para outras áreas descansados. Dedicam-se aos bonecos a tal ponto que metem dó. Outros, sem precisarem de bonecos, saltam de vez para o que desconhecem: o absurdo antropomorfizado. Depois divinizam-no. Que se lhes pode fazer? É deixar rezar! É que nestes momentos não fazem nem bem nem mal. São a humanidade!

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