Saturday, September 16, 2006

 

AMARGURA

Conclusão
MANDALA
Julgo que não, visto a linguagem ser um auxiliar-tradutor com limitações.
VARETT
Se a linguagem é limitativa, o que me custa a crer, como é possível quantificar emoções traduzidas tão claramente por ela?
MANDALA
Quando os homens desconheciam a circulação do sangue, não lhes passava pela cabeça que para além da circulação as veias e o próprio sangue estavam sujeitas a pressão. Nunca mediste a pressão arterial? Os aparelhos que a medem dão-nos números e não emoções. Embora alguns números traduzam tonturas, desinteresse, etc., certas avarias no coração detectadas por aparelhos específicos podem significar morte imediata. Vê-te num desses momentos lúcido que nem um pêro. Procura traduzir o que sentes. Não seria muito melhor seguir as instruções dos aparelhos que quantificam situações melindrosas em vez de te aturar?
VARETT
Se Sócrates aqui estivesse dir-te-ia que confundias num só conceito – no caso a amargura - coisas ou ideias diferentes. Amargura visitada no laboratório não é a mesma que amargura sugerida por uma situação de possível perda de felicidade (no terreno humano).
MANDALA
Assim como um tacho não é uma panela de pressão. Achas que eu ia perder tempo com isso? Traz-me a sopa que a fome aperta.
VARETT
Qual das sopas queres? A que foi feita no tacho ou na panela de pressão?
MANDALA
De que é a sopa que cada um destes utensílios contém?
VARETT
De feijão!!!
Junho de 2001
FIM

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