Friday, September 15, 2006

 

AMARGURA

MANDALA
Suponhamos um homem a correr à velocidade média de 30/km/hora numa planície. Se ele deparar com uma elevação no terreno, para manter a velocidade média, terá de esforçar-se mais para subi-la. Esse esforço nos nossos dias poderá ser quantificado. Já o fazem com atletas que praticam desportos violentos como futebol. Esses atletas quando terminam as provas onde despendem grande esforço ficam a saber qual foi o peso do desgaste em gramas.
VARETT
Enquanto se pode quantificar o desgaste físico, não se pode fazer o mesmo com a amargura que ninguém vê. Apenas o próprio que a possui poderá referi-la.
MANDALA
O mesmo acontece com um homem que parta a perna. Só ele sofre a intensidade da dor. Só ele a conhece. No entanto, nada impede que o médico o não cure e lhe acabe com a dor. Entre o sofrimento e o fim da dor, a Terra permitiu-se um determinado número de rotações. Se um médico quiser pode saber os resultados de uma determinada acção em que esta lhe permita criar uma situação de intensidade de dor parecida com a que o nosso homem sofreu com a perna partida. Basta actuar na perna de um outro homem, partindo-lhe a perna do modo idêntico ao do primeiro homem. Assim, como se pode criar fisicamente uma situação deste tipo e controlá-la, também psicologicamente se pode ou deve poder experimentar intensidades de amarguras desde que o campo laboratorial possua condições adequadas.
VARETT
Porém, criar intensidades de dor física ou mesmo psíquica não quer dizer poder quantificá-las. Acho isso impossível...
MANDALA
Podes tabelá-las. Podes aproximar-te de resultados uniformes em situações comuns. O que pode considerar-se um bom começo. Criar uma situação de amargura determinada ou criar-se uma determinada dor experimentalmente acompanhada é um passo enorme na quantificação daquilo que parecia impossível há tempos atrás.
VARETT
Explica melhor o que entendes por uma situação de amargura determinada.
MANDALA
Por exemplo, na chamada II Guerra Mundial, quando os alemães separaram os pais dos filhos dos povos perseguidos. Vejamos o seguinte: imaginemos que horas depois da separação, os americanos libertavam os pais e lhes entregavam os filhos sãos e salvos. Esta”experiência”, chamemo-la assim, pode ser repetida no laboratório da História várias vezes e também no laboratório da história do espírito do homem (pois de homens se trata e não de borboletas por enquanto). Estaríamos perante um acto experimental no quadro das emoções humanas.
VARETT
Achas que se podem definir por palavras rigorosas emoções humanas?
(Continua amanhã)

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