Friday, September 01, 2006

 

ESMATE, MATESPIR E ESPIMATE

TEXTO ESCRITO EM SETEMBRO DE 2003

VARETT
Por que razão à matéria ligada ao espírito atribuís três nomes: o esmate, o espimate e o matespir? Não é isso pior que o enigma da Santíssima Trindade católica?
MANDALA
Quando olhas à tua volta, não te apercebes do Universo?
VARETT
Claro!
MANDALA
Esse Universo que percebo tanto quanto posso, é para mim um todo composto por matéria e espírito. A minha capacidade intelectiva extrai desse Universo a matéria, os corpos, as substâncias que me afectam os vulgares sentidos e uma outra espécie de substância a que se chama espírito. Quando a matéria se me apresenta sem dificuldades de compreensão sensível eu denomino-a de matespir. Neste estado a parte espiritual tem pouca preponderância. Quando falo em espimate, quero fazer referência aos momentos que detecto o Universo revestido da parte espiritual. Denomino, assim, de espimate os pensamentos; isto é, produtos da matéria. Que estão em predomínio em relação à matéria propriamente dita. Eu não distingo a matéria do espírito – como por exemplo no estilo cartesiano. Para mim, ambas têm a mesma paternidade: o esmate. O esmate num extremo é espimate, no outro matespir.
VARETT
E o que está no meio dos extremos?
MANDALA
O mesmo que está no meio do frio e do calor. O ponto intermédio é composto de frio e de calor. O ponto intermédio do esmate é espimate e matespir ao mesmo tempo.
VARETT
Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Tu mesmo defendes isso.
MANDALA
Às vezes o meu intelecto prega-me partidas. O que quero dizer, é que o esmate é constituído integralmente por espimate e matespir. Eu não consigo separá-los, por isso, às vezes, a linguagem não me dá grande ajuda. Não te esqueças que eu nunca separei o espírito da matéria. Por isso, aquilo que é composto por matéria e de espírito, pode, muitas vezes, ser mais matéria do que espírito ou vice-versa, e não deixa de ser esmate. Esmate para mim é aquilo que é: um conjunto em si. Daí a dificuldade que tu tens em entrar no espírito da coisa. (Ri-se)
VARETT
Se eu fosse o Wittgenstei diria: não fales do que não podes falar.
MANDALA
Pois, mas ele também diz que a imaginação do real tem algo de comum com o real. Além do mais eu não pretendo fazer escola. E se se der essa hipótese, que fique claro: eu sou o aluno e o mestre ao mesmo tempo.
VARETT
Olha que um tal Alan Wath disse em “A Sabedoria Eterna” que uma pessoa não se podia molhar com a palavra água. És um solipsista.
MANDALA
Dentro do esmate. E por que não? Eu sou também um outro. E esse outro está circunscrito no esmate. Tudo o que eu penso é comum ao esmate, mesmo aquilo que às vezes é difícil de digerir.
VARETT
E também és esmate?
MANDALA
Claro, numa outra dimensão de compreensão.
VARETT
Até já disseste que não podes ser expulso do Universo, nem mesmo obrigado.
MANDALA
Sim, é dentro do esmate que estou e por isso também sou esmate.
VARETT
Então, se o esmate dá origem ao espimate e este reflecte sobre aquele, podemos retirar o seguinte pensamento: o esmate reflecte-se a si mesmo por prolongamento. Se o esmate tem em si o embrião da reflexão por que razão ele não se ficou nele mesmo? Se tudo é esmate, para quê tomar formas para se entender a si próprio, se ele é entendimento de si próprio? Há o materialismo dialéctico e agora inventaste o materialismo estúpido!

Continua amanhã, dia 2 de Setembro de 2006

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?