Sunday, September 10, 2006

 

LITÓSOFA E ACADEMIA DE MORTOS

LITÓSOFA
Dá às palavras o cheiro que quiseres que eu sou a que se esconde onde a toupeira vivifica. A interpretação que fizeres do que a minha natureza é não te dá senão o direito à passagem secreta onde a imensidade de enganos faz fronteira do comigo e no comigo.
EGNOMASTRO
Requeiro de ti a sanidade pois não falando a tua linguagem, a tua linguagem entendo como rumores de nada afirmares que me leve de um estádio de hipotético a outro que te recorde que é neste vale onde o trigo te alimenta que cobres com o manto do incognoscível os teus pareceres.
LITÓSOFA
Para quê enviar-te para a reserva do possível se podes redimir-te - sendo tu anão - alcançando a altura da visão onde te confundes com o saber das coisas que parecendo que são, são panaceia de intenções que criaste para te apoderares do trigo de nós todos?
EGNOMASTRO
Ah, não! Eu te ajudo pedindo-te ajuda. Eu quero ser o que sou sem dever o nada que me queiram dar, porque de nada me serve. Do nada já eu me sirvo e bem ao ponto de com ele me confundir. E é precisamente isso que eu nã gostaria de querer. Eu não tenho alma de escravo, corpo de escravo ou escravo de coisas. Por que fujo da escravidão sabendo que ela é a minha salvação? Faz-me, pois, teu escravo revoltado e nunca me dês nada que me liberte porque de outra escravidão estaria necessitado porque essa é a condenação. O ser é condenado! Condenado a ser inteligente e activo.
LITÓSOFA
Comummente e atinadamente activo e nunca livre de ser inteligente. Um é o outro. A inteligência do inteligente é o activo. O que é passivo não é comum. Só se sabe o que foi e nunca o que é. O inteligente é o escravo do activo nele mesmo. A inteligência do inteligente é o activo nesta forma recomposta e reescrita nesta: “Ainteligênciadointeligenteéoactivo”.
EGNOMASTRO
O alimento do inteligente ultrapassa a actividade. De que se alimenta o inteligente se não rechear a actividade da posse do entendimento sobre as coisas? E como fazer o entendimento sem recorrer ao que tem significado sobre as coisas? Ou se for possível, nas coisas?
Continua

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