Monday, September 18, 2006

 

O BITEÍSTA - Continuação

MANDALA
Não deixa de ser um acto inteligente. Porém, tratando-se de um acidente no objecto, nada impede que este acidente acessório não sirva senão para o mundo sensível. Mas mesmo assim eu posso arrefecer a que foi aquecida sem dares por isso e aquecer a outra. Logo a confusão estaria estabelecida novamente e, portanto, nem a cor nem a coisa te poderiam ajudar.
VARETT
Não me chateies! Então, observa-as cientificamente e resolves o problema da caca com que estás a querer estragar esta linda “tarde marítima”.
MANDALA
Não posso andar com um laboratório às costas sempre que deparo com confusões de identidade.
VARETT
Problema teu! Confundir coisas é banalíssimo.
MANDALA
Claro! Mas estas questões transportadas para o mundo das banalidades não se tornam assunto interessante. O que eu quero é confundir duas essências evidentes e iguais.
VARETT
O quê? Parece que esta conversa é impossível...
MANDALA
É possível. Repara no seguinte problema: uma pessoa que acredite num Deus único, Criador , omnipresente, omnipotente, omnisciente, etc. e tal, é-lhe proposto o seguinte: esse mesmo Deus cria um Deus igual a Ele. Nada o impede de realizar tal façanha pois para Ele nada é impossível. Não achas que estão criadas condições que facilitam grandes confusões? Teríamos de Os sinalizar para que não surgissem dúvidas na sua (da pessoa) mente. A quem dirigiria essa pessoa as suas preces?
VARETT
Voltemos às bolas, pois, pelo menos, o problema é mais palpável, se é que este termo pode ser empregado nesta questão.
MANDALA
Voltemos pois. Se eu der consciência à bola z e à bola y, de certo não teria problemas em detectar a identidade de uma e de outra.
VARETTA
A temperatura acidental funciona tal qual a consciência, como modelo de distinção.
MANDALA
Embora a temperatura seja passível de medir-se o que já não acontece com tanta facilidade com a consciência.
VARETT
Bruxo!
MANDALA
Voltemos às bolas iguais sem temperatura e sem consciência e aceitemos o determinismo de que as bolas seriam iguais em intensidade de cor, de forma, de volume e peso. Assim sendo, eu poderia afirmar o seguinte: uma provavelmente seria a outra no laboratório da alta ciência se não utilizasse um sinal de referência para as distinguir. Para não as trocar e não ficar trocado eu teria de as colocar uma em cada mão. Agarradinhas não me confundiriam. Se as passasse para o mundo da minha mente eu poderia afirmar que uma era provavelmente a outra, pois não as tinha entre mãos. Havia a possibilidade de acertar e ao mesmo tempo de errar. Uma das vezes eu diria que z era z, para logo a seguir poder enganar-me e dizer que z era y. E não sei se isso seria certo porque às tantas z e y só se distinguiriam pelo espaço que ocupassem quer no terreno do sensível quer no terreno do abstracto. Continuo com duas bolas e uma é ela própria assim como a outra com ela não se confunde.
VARETT
Que confusão!
MANDALA
Eu vou oferecer-te duas bolas. No caso a bola z e a bola y atrás referidas. Só que te as ofereço abstractamente.
VARETT
Obrigado!
Continua amanhã, dia 19 de Setembro de 2006

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