Wednesday, September 20, 2006

 

O BITEÍSTA
Continuação de 19.9.06

MANDALA
O número um é o mesmo que eu utilizo aqui nesta (conta) operação de somar idêntica à mesma conta de somar executada por um americano na Lua, no mesmo momento. Esse número um é comum na cabeça, mas pode não ser igual, uma vez que estão tratados em espaços diferentes. Espaços físicos e mentais diferentes. Para que fossem considerados iguais teriam que possuir os mesmos acidentes (no caso seriam adjacentes a um determinado objecto – mental ou físico). Por exemplo, uma soma de bolas idênticas (iguais) com cores idênticas, peso, etc.
VARETT
Compreendo. Porém, acho que o número um é o número um em qualquer parte, por isso é ele próprio.
MANDALA
É igual enquanto entidade essencial. E é com esta identidade essencial que se dão forma aos exercícios universais. É facto que eu posso utilizar essa identidade essencial sem margem de erro formal.
VARETT
Se é universal a tua identidade essencial não é confundível. Ficámos na mesma. O universal é o universal. E, não vamos reviver aqui a polémica do universal.
MANDALA
É verdade! O truque das duas bolas iguais-iguais era para confundir, porque uma bola com as mesmas e totais características de outra não é senão ela mesma.
VARETT
Como?
MANDALA
Uma bola das atrás citadas é como se se tratasse de um número. Por exemplo, o número um é sempre um quer tenha ou não acidente.
VARETT
Esta conversa foi só pura perda de tempo!
MANDALA
Lá isso é verdade. Porém, o que é certo é que mesmo no mundo da abstracção pode haver confusão na identidade das bolas se elas não forem sinalizadas.
VARETT
Creio que não! Então, as bolas não foram, há pouco, tratadas como números, ideias gerais e universais?
MANDALA
Fiquemos por aqui. Outro que resolva esta questão de as bolas lá no abstracto serem tão iguais quanto os números. Se assim as considerarmos... Só queria que me dissesses a qual dos deuses vais orar hoje?
VARETT
Eu sou monoteísta. Ora que pergunta!
MANDALA
Eu já era! É que depois de um deus ter criado outro deus igualzinho a ele, eu passei a ser biteísta. Isto para não me enganar em qual dos dois vou votar, digo, vou pedir perdão pelos meus pecados.
VARETT
Isto é impossível! Um deus nunca criaria um ser igual a si. Porque, depois nunca o poderia fazer desaparecer.
MANDALA
E porquê?
VARETT
Porque não pode! É um absurdo e por sê-lo ele nunca o faria. Por outro lado, fazer desaparecer o compadre dependeria deste querer ou não desaparecer. Trata-se de um deus ek-stase, também todo poderoso.
MANDALA
Dois deuses são um absurdo. Um só não é. Parece que impedes deus de ser absurdo?
VARETT
Claro!
MANDALA
Assim sendo, acabas por retirar a deus certas possibilidades. Acho que isso o delimita. Ora, não é essa uma “qualidade” que se deve atribuir a um tal ente todo poderoso. É que ele estando impedido de realizar outro deus com as suas características, já não é 100% omnipotente, omnipresente e omnisciente. É que dois deuses iguais acabariam por ter de dividir tudo o que existe entre si. E deus não se pode dividir. É contrário à sua natureza. Não seria deus. É para já uma impossibilidade de deus. E deus com impossibilidades é cá uma coisa de todo o tamanho.
VARETT
Negas, então, a Santíssima Trindade?
MANDALA
Não estou a vê-la!
Continua amanhã, dia 21 de Setembro de 2006

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