Tuesday, October 24, 2006

 

NA SERVIDÃO DO DESEJO
Continuação

(Emírcio, muito nervoso, dirige-se aos três interrompendo-lhes o riso.)

EMÍRCIO
Os senhores sabem que os posso mandar prender por desrespeito às autoridades. Nós somos autoridades e temos relações! Não tolerarei mais este tipo de provocação. Conheço-os muito bem!
GIL BIGODINHO
Ó cavalheiro, por quem é! Nada disso é consigo. Estamos a preparar uma peça para o Jardim António Borges.
PAGADOR
É para a dona Inês!
MANÉ CONDUTO
“Quim la matou?”
GIL BIGODINHO
Vamos arrefecer, ó pequenos! (Para Emírcio) Vai uma partidinha de dominó a pataca como nos velhos tempos?
EMÍRCIO
(Inchando o peito com ar)
Você está a gozar-me? Ora diga!
GIL BIGODINHO
(Levanta-se como um urso ajudado pelos seus cento e cinco quilos)
Ó pequeno, tenha menos odores! Homessa! (Faz caretas e finge meter a cigarrilha para dentro da boca.) Olha sim, olha hum! (Dirige-se para Emírcio que está a tremer.)
MANÉ CONDUTO
(Coloca-se entre os dois)
Ouve cá, ó salva-vidas de trapos, tratador de dotes, mija de canarinho! Põe-te a mexer, ou já te esqueceste das vezes que te esfreguei as orelhas!
(O notário da Ribeira Grande vai andando depressa para a porta da rua e de lá começa a chamar por Emírcio. Emírcio aproveita o apelo do continental e põe-se ao fresco.)
GIL BIGODINHO
(Para o Criado)
Ó pequeno, trás mais uma rodada. E desta vez é por conta do Pagador!

(Todos riem, o Criado dirige-se para o balcão dançando uma valsa a solo.)
Continua

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