Monday, October 23, 2006

 

NA SERVIDÃO DO DESEJO
Continuação

PAGADOR
Estava ele no sétimo ano. Foi o dia em que batemos o União Sportiva por dez a zero.
GIL BIGODINHO
Marcou vários golos nesse jogo!
PAGADOR
Cinco!
GIL BIGODINHO
Era um jogador que tinha fome de bola.
PAGADOR
Agora me lembro, também lhe paguei os bolos no “Clipper”.
MANÉ CONDUTO
Querem apostar que é o outro que vai arder com a despesa?
GIL BIGODINHO
Aposto contra. E se eu ganhar, o Pagador paga as cervejas.
MANÉ CONDUTO
E se perderes, gozas com ele. (Olha para Emírcio e gargalha.)
PAGADOR
Está feito!
GIL BIGODINHO
Olha lá ó pequeno, vai mudar as fraldas! Hum, está bem. Aceito!

(O Criado dirige-se para a mesa de Emírcio)

CRIADO
Os senhores doutores tomam mais qualquer coisa?
NOTÁRIO DA RIBEIRA GRANDE
Não, obrigado. Quanto é que se deve?
CRIADO
Quatro escudos e meio.
EMÍRCIO
(Tentando muito lentamente ir com a mão ao bolso interior do casaco)
Deixe-me pagar!
NOTÁRIO DA RIBEIRA GRANDE
Não senhor, (para o Criado) ora faz favor, tome lá esta moeda de cinco escudos e guarde o troco.
PAGADOR
(Para Gil Bigodinho)
Estamos à espera...
GIL BIGODINHO
(Imitando uma máquina de costura, tem o lenço de assoar entre as mãos.)
Ó Odete, tira os alinhavos! (Depois de fingir estar a costurar enrola o lenço e atira-o para junto de Emírcio.)
PAGADOR
(Apanhando o lenço e rebolando-se de riso, depois finge uma voz feminina.)
Ai filha,hoje, estás desatinada! (Dá uma palmada na coxa)
Continua

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