Tuesday, October 31, 2006

 

NA SERVIDÃO DO DESEJO
Continuação

INOCÊNCIA
Pudera! Minha mãe cá pela cidade. Vê-se pela sua cara que não deve ser coisa grave. Tem um brilho nos olhos apesar de tanta miséria. Mas diga ao que vem!
CAMPONESA
Tu muito adivinhas. Sabes, a tia Júlia do Pinhal...
INOCÊNCIA
A Preta?
CAMPONESA
Sim, essa mesmo. Veio falar-me de um certo compadre dela que te conhecia, lá muito para trás, está-se mesmo a ver e que era muito amigo de um rapaz. Bem, já está um homem de muito respeito. Um americano, vê lá tu. Ah, querida, teu pai ainda não sabe de nada. Vim à cidade enquanto teu pai foi fazer a terra do senhor Laureano. Até vim de “chófer”, que não há tempo a perder. O homem tem boas intenções. Tem pressa no arranjo. Tem muito entusiasmo mesmo sem te ter visto. Filha minha, é a nossa sorte. Deus permita! Um genro americano era tudo o que eu queria para nos ajudar a sair desta miséria de vida. Tua avó já sabe. A princípio chorou, mas depois disse que era o Céu que te esperava. Que tu merecias melhor sorte.
INOCÊNCIA
Eu não conheço o homem!
CAMPONESA
E isso que importa! Tu podes vir a ser uma senhora igual às outras. Que alegria nos davas. Calávamos de uma vez por todas as bocas da inveja e da rabuja.
Continua

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?