Saturday, January 06, 2007

 


O INTERESSE PÚBLICO DA TRETA

Disse o secretário de Estado dos Desportos, ontem dia 5, quando entrevistado pelas câmaras de televisão, que era de interesse público saber-se se um tal desportista tinha ou não sido dopado. O desporto tem duas vertentes (ou abismos) como se sabe. Aquela que pertence ao Estado e a que pertence ao sector privado. O Estado português é mais dado a futebóis do que propriamente a outros desportos. No futebol gastam-se verdadeiras fortunas que envergonham os mais conscientes. Os proveitos são mínimos. Depois dos milhões de euros estragados com a bola de futebol verificámos que o máximo que alcançámos foi um quarto lugar. Desastroso tendo em conta os gastos e o investimento. Mas qual quê, continua-se a investir loucamente no futebol e, como não podia deixar de ser, já se prepara o próximo campeonato mundial com os milhões necessários. Nenhum político sério fez até hoje o ponto da situação Mais, quer fazer-se ver ao pagode que aquele quarto lugar é bastante honroso. Que valeu a pena lutar por Portugal através do pontapé. Os futebolistas são considerados heróis nacionais à falta de outros. O futebol privado (aquele que pertence às SAD e a outros banqueiros) também tem prioridades. Estas estão a coberto da justiça que disponibilizou centenas de quadros para investigar as entradas e saídas de dinheiros dos clubes. Eu julgava que isso deveria ser entregue à Direcção Geral dos Impostos e não a organismos judiciários que deveriam, isso sim, estar atentos às máfias que se estão a instalar entre nós descaradamente através de um conceito desvirtuado de apoio à imigração. Quando se fala assim, pode-se cair numa linguagem reaccionária e discriminatória, daí que muitos ao aperceberem-se da questão fechem os olhos. Não é raro o dia em que a Polícia de Segurança Pública não seja apedrejada em lugares que mais parecem os bairros americanos dos latinos, dos hispânicos e dos africanos. Os nossos bairros de imigrantes vão engrossando e vão-se transformando em territórios separados da organização social por que labutamos. Penso que para os que nos governam isso deve ter interesse público mas, como é óbvio, deve estar lá bem no fundo da escala de valores. A morte de crianças por maus tratos é assunto que diz respeito aos tribunais e à polícia, quando devia dizer respeito a outras instituições que se ocupam com a segurança das mesmas crianças. Que tipo de exequibilidade têm essas instituições? Que tipo de prestação de serviço prestam os funcionários e os dirigentes desses organismos pois o que se vê e se ouve é o resultado desastroso que se traduz pelo sofrimento e morte de crianças? Será Portugal um país europeu? Não haverá interesse público na solução destes problemas? Que prevenção é feita nesse sector? A quem atribuir as responsabilidades? Em Portugal, a ninguém! O Presidente da República corre o país com uma mensagem de inclusão. Lá vai ele de aldeia em aldeia tal qual o Padre Cruz quando propagava os milagres de Fátima. O que é de interesse público tem de ser organizado em instituições dirigidas à solução dos problemas no terreno e não nas mensagens de boa vontade que como se sabe só servem para os políticos fazerem boa figura. O interesse público é uma treta de todo o tamanho! Pois seja! Aguardemos o resultado do “dopping” de um tal desportista, pois isso é mais importante e sobretudo de muito interesse público. Para terminar, gostaria de perguntar ao secretário de Estado do Desporto que interesse público é aquele que se traduz no pagamento do vencimento de trezentos mil euros mensais atribuído ao senhor Scolari feito através da Federação Portuguesa de Futebol comparado com o vencimento do Director Geral dos Impostos que é de vinte e cinco mil euros e que conseguiu trazer para os cofres das Finanças milhões de euros que estavam perdidos? Que é, afinal, o interesse público? Será gastar sem proveito? Será cantar o fado, peregrinar Fátima aos dias treze de cada mês ou chutar na bola sem dopagem?
PS:
Milhares de famílias de portugueses têm vindo a ser expulsas dos países para onde foram trabalhar. Interesse público prevenir racionalmente o acolhimento? Ora bolas para o interesse público! Quando vierem logo se verá…
manuelmbento
Posted by Picasa

Comments:
Colérico, mas nem por isso irrazoável.
 
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