Saturday, February 24, 2007

 


E DEPOIS DE SÓCRATES…

A actual política musculada, utilizada por quem ganhou as eleições prometendo meia tigela de mel, muito leite e muita felicidade para todos, não pode manter-se eternamente. Sabemos isto muito bem. Esqueçamos, por momentos, as promessas feitas pelo PS para alcançar o poder e olhemos o futuro a partir dos dados do presente. Dir-se-á que vem aí uma grande onda de destruição proveniente do facto de se estar a comprimir num espaço subatómico quase toda a vida “privilegiada” do povo português proveniente das chamadas conquistas de Abril que trouxeram não a democracia (penso que não é preciso demonstrar que de democracia só conhecemos e praticamos uma pequena parte deste regime) mas uma nova maneira de tratar os dinheiros públicos. Criou-se um salve-se quem puder que o país está a saque. E digo isto pelos exemplos no terreno de todos aqueles que de um dia pelo outro foram catapultados para os lugares de dirigentes sem prestarem provas de qualquer espécie mas que são muito determinados a realizarem-se. Os que hoje rodeiam o Primeiro-Ministro tinham currículo nas Universidades como óptimos contabilistas de uma economia de mercado que sempre esteve latente na cabeça de todos e à espreita de uma oportunidade para se impor novamente. O português em geral sempre sonhou ter qualquer coisita de seu. Os do continente labutavam no estrangeiro anos e anos para, ao regressarem, poderem comprar uma casita onde pudessem acabar os seus dias. Os que viviam na capital principal habitavam em casas de renda e muito poucos tinham casa própria. Nas outras pequenas capitais dos diversos distritos era o mesmo e mais forte. Não havia dinheiro em circulação e aquele que havia tinha os seus próprios donos que eram sempre os mesmos. Nas ilhas, onde a falta de tudo era demais evidente, fugir para se tornar escravo e prisioneiro nas fábricas da América e Canadá era o Paraíso. A maioria por lá ficou. São as Comunidades. Era (e é) de doidos esta situação e no horizonte já está outra vez a desenhar-se este modelo. Para lá vamos… Hoje as pessoas tem as suas casas do banco, perdão, partilham a casa com o banco o que é um pouco diferente. Os bairros sociais são coisas que proliferaram por causa do dinheiro das esmolas dos compadres europeus. Por isso a grande maioria dos que não buscam emprego no estrangeiro arranjam um tecto e uns trocos fornecidos pelas centrais sociais da distribuição que proliferam por toda a parte. Avançar mais nesta matéria dá origem a ser-se acusado de discriminação ou até mesmo de racista. Como não faço uma coisa e não sou a outra, caso é que os mando “excrementar” para o deserto. Grande parte de uma população que vegeta sem futuro, sem projecto e sem objectivos vai intervir em força como cabeça desgovernada na vida de todos nós. Já se sente por toda a parte um total desrespeito pela autoridade e pelas leis. O que antecedeu a II Guerra Mundial carcterizava-se por uma deterioração da economia – sobretudo a alemã e a inglesa – e focos de desemprego em alta escala. A perturbação nas ruas era uma prática permanente. Viviam-se dias de verdadeira ebulição da questão social. A guerra até veio fazer “bem” a essas economias. Beneficiaram com a guerra. Aliás, esta é feita para sacar. Sacar sempre. Para nós, da guerra nada veio. Se não entrámos nela o que é que poderíamos lucrar? Nada! Continuámos a ser um país rural e de emigrantes. A nossa estrutura social é tão antiga. É do tempo da colonização do Império Romano. Criou o senhor e os servos da gleba à volta da grande vivenda. Até à morte do Prof. Salazar, Portugal era isso mesmo. A economia era toda ela uma verdadeira vergonha. E, aquela que merecia elogios, era do tipo nazi. Sessenta Grandes Famílias dominavam tudo que oferecia imensas margens de ganho. O vício era tanto em querer imitar o senhorio romano que esses “familiares” se davam ao luxo – para variar – de comprarem as grandes vivendas, com os caseiros incluídos, no interior do país. Só faltava a túnica romana… De repente, com a queda do marcelismo “progressista e industrializado” (a Historia, mais tarde, fará a diferença entre o governo de Marcelo com o de Salazar) toda a gente quis ser funcionário público. Até porque não havia outra solução. O Estado tomara conta de tudo por via daquelas cabeças que fizeram uma “revolução” e puseram-se a imitar os governantes começando a governar. Não se trata de uma anedota. Trata-se de um drama. Eles tinham as armas, o que é que se podia fazer? Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Otelo, Coronel Vasco, Canto e Castro e outros tantos que só sabiam marchar passaram a estar à frente dos negócios do Estado através de um organismo por eles criado à maneira. O que é que se podia esperar? Hoje, temos Sócrates e seus companheiros à frente dos nosso destino. O que é que podemos esperar? Já tivemos um Primeiro-Ministro que não sabia fazer contas e que fugiu porque concluiu que não era capaz de criar condições para que Portugal apresentasse uma governação credível. Sócrates, um pouco mais lúcido, sabe que também irá pelo cano de esgoto em que São Bento se transformou (a culpa não é dele). Por esta razão (Portugal com o actual texto constitucional é ingovernável), já está a perceber que a orquestra nacional que o acompanha está a ficar desafinada. E, ele vai ter que chamar a si certas actuações para as quais não está preparado. Vai, certamente, remodelar o Governo Nacional logo a seguir à reeleição de João Jardim à frente do Governo Autonómico (acrescentado de mais qualquer coisita). Daqui a pouco tempo, Sócrates - e depois de remodelar o seu executivo - vai ter que convocar novas eleições tal qual fez Guterres (actualmente a distribuir papos-secos por esse mundo fora) para repor a verdade na política nacional que valha a verdade é a de sempre…
manuelmelobento

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