Tuesday, February 06, 2007

 

A PEDIDO VOLTO A PUBLICAR ESTE TEXTO
Editado em 25 de Outubro de 2006

... GENERAL SILENO

- Senhor general, que achou da prestação de Zenaide Soares (BE) no programa “Meia Hora”?
- Deixe-me acender o meu cachimbo, último grito em Stil. Para já, jantei tarde porque o horário/calendário foi alterado como de costume e eu esperava ver “O maior português” na RTP1 para poder votar em consciência. Mas, compromissos são compromissos. Ora, se não estou enganado a doutora disse que a lei era repressiva e perseguia as mulheres. Ora no meu tempo a lei não perseguia as mulheres. Elas eram propriedade dos maridos. Nem podiam viajar se nós não as autorizássemos. Elas estavam escondidas em casa e protegidas por nós. E também, valha a verdade, pela Santa Madre Igreja. Ela propõe a despenalização do aborto. Aonde íamos parar, Santo Deus! Elas já conseguiram poder viajar sem autorização, que mais querem?
- O que pensa o general do aborto?
- Eu sou pela vida!
- O senhor, que já esteve em várias batalhas, quantos inimigos já matou? - Imensos! E não precisava de gastar muitas munições. Até ganhei um primeiro prémio em pontaria. Era tiro e queda! E acertava sempre na cabeça.
- Na cabeça?
- Sim por causa dos coletes de protecção.
- O que pensa o general do corpo das mulheres?
- Quando são belos é que nos encantam. E isso vale por tudo o que a natureza nos dá.
- Será que elas poderão dispor dos seus corpos a seu bel-prazer?
- Só para aquilo que estou pensando e você também.
- Não é essa a questão. Pergunto-lhe se podem ou não rejeitar a junção do espermatozóide com o óvulo que às vezes as incomodam tanto?
- Claro, e porque não! Basta lavarem-se e pronto.
- Aquela junção não será vida?
- O saudoso Salazar e o Cardeal Cerejeira diziam que uma vez agarrados os dois nada se podia fazer. Que era pecado.
- Mas, o senhor, como intelectual permitiria que os médicos as lavassem? - Bem, agora percebo onde você quer chegar. Sou contra o aborto! Totalmente! Aquilo é um crime. Não podemos dar às mulheres o corpo delas! E com que é que ficávamos? Elas já têm tanta liberdade. Basta, digo eu! Aliás os senhores bispos já se pronunciaram contra esse assassinato.
- E desde quando?
- Desde que o Padre Américo engravidou a Amelinha.
- Então, será melhor fazer-se o aborto clandestino?
- Claro, desde que com discrição e com bons médicos senão dá para o torto e fica muito feio.! Eu próprio conheço senhoras da alta que já o fizeram em óptimas clínicas. Até posso recomendá-las.
- Mas isso é crime!
- Só para as pobretanas! Põem-se a fazer sexo esfomeadas e sem classe e dá no que dá.
- Nesse caso o senhor está contra a posição de Zenaide Soares? ~
- Completamente! A gente de esquerda quer dar cabo do país! Não podemos aceitar.
- Então, o general está a favor do dr. Melo Alves, protector da infância intra-uterina?
- Sabe, os infantários estão cheios e somos nós todos que pagamos a despesa da gentinha com os nossos impostos. Eduquem os filhos em casa! Dêem-lhes educação familiar que bem precisam.
- General, toma mais um uísque?
- Se faz favor!
- Vamos ouvir a gravação para podermos depois analisar o pensamento dos “meias horas”: “Interrupção voluntária da gravidez”, não acha que isso devia ter em conta a consciência individual de cada mulher?
- Meu caro amigo eu não sou o erudito Professor Marcelo. Você está a falar de aborto com falinhas mansas. Comigo vem de carrinho.
- Senhor general, quantas vezes foi comido por mulheres?
- Comido eu? Nunca, eu é que as comia!
- Olhe que não general, olhe que não! E se o general tivesse engravidado várias mulheres nas suas campanhas não gostaria que elas resolvessem o assunto da melhor maneira para que a sua falecida “esposa” não ficasse desgostosa?
- Aqui para a gente que ninguém nos ouça. Eu é que sei o quanto me custou em escudos antigos cada assunto resolvido. Houve uma vez que até tive de recorrer à Banca, pois tinha comprado um carro novo.
- General, hoje, não falou mal da RTP/A?
- Ia-me esquecendo.
- Pois é, general não temos mais espaço para tratarmos da infância intra-uterina.
- Fica para a próxima.
- Claro, olhe que o meu copo está outra vez vazio!
O general Sileno é um heterónimo

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