Sunday, February 25, 2007

 


A PRÉ-REFORMA DA INVÁLIDA DIREITA NOS AÇORES

No princípio dos anos oitenta a direcção nacional portuguesa do CDS (hoje acrescido de PP) expulsou das suas fileiras dois dirigentes regionais: o advogado Carlos Melo Bento e o engenheiro Vaz do Rego. O delito: ambos foram acusados de defenderem “demasiado” os interesses dos Açores… Estes dois dirigentes são oriundos (Vaz do Rego já faleceu) de São Miguel, o que incomodava de certo modo a capela terceirense que via assim a sua participação política na área da direita diminuída e dividida. Devido à pouca experiência em regimes democráticos dos seus dirigentes, a direita açoriana esgotava-se e projectava-se nas pessoas e não nos projectos. Dividida, porque na Terceira a direita era a do tempo da outra senhora. Saudosista, fadista, cheia de trejeitos nacionalistas, culturalmente anti São Miguel. Assentando o CDS arraiais em São Miguel em virtude dos votos expressos nas urnas, à direita terceirense só lhe cabia ir a reboque ou denunciar o “separatismo” dos micaelenses às altas individualidades centrais. Compilaram provas escritas (era o que havia na altura) e enviaram-nas para Lisboa. Em Lisboa a suspeição por toda e qualquer atitude reivindicativa era motivo de preocupação e, por via disso, sem mais aquelas despediram os seus representantes no arquipélago. Os “cedêesses” terceirenses puxaram dos galões da sua ancestral portugalidade e levaram consigo para a Terceira de Cristo a conhecida e reaccionária “direita” açoriana. O PSD da altura agradeceu e todos ficaram contentes e felizes. A chamada direita açoriana não existe no seu acto puro. Sempre que o poder regional estala um dedo ei-la servil e bajuladora a rastejar por umas migalhas. Mota Amaral fez dela o que muito bem entendeu e agora Carlos César, por fim, colocou-lhe o avental. E é assim que os reconhecemos por essas ilhas fora. Em São Miguel não há tempo a perder com essa direita terceirense apesar de alguns se terem tornado seus colaboradores. Quanto a uma direita do tipo social-democrata… bem isso é outra conversa. Dela vou dizer pouco. Com a saída de Vítor Cruz que lhe dava um certo colorido micaelense o desastre foi total. Algumas Câmaras social-democratas ainda se têm aguentado devido ao carisma de alguns autarcas mas será sol de pouca dura. Isto é, a direita açoriana atrasou-se uns bons vinte anos em relação ao “Continente” e anda aos caídos. Costa Neves “levou” alguma direita regional para a Terceira, embora esteja a dar duro no terreno micaelense não tarda que César transforme o PSD/Açores numa espécie de zumbi retirado do modelo do PDA. Se se retirar da vida política duas Câmaras da Região (não vou dizer quais são) a direita é, perdão, não é. Não está. Não fala. Apresenta-se desunida. A verdade seja dita: escreve (ainda).
PS:
Nos dias de hoje já não se ouve dizer senão muito baixinho: sou socialista. Quanto à direita? Bem, essa tem muita vergonha. Compreende-se. O que traria ela para a Região senão o passado?
mmb

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