Monday, March 19, 2007

 




CARTA ABERTA-BLOGUE A PEDRO MOURA


Meu caro Pedro

Já há muito que és considerado uma instituição de utilidade pública. Os Açores passam por ti todas as manhãs numa roda-viva. Dás a conhecer o povo que somos e o povo que aspiramos vir a ser. Desdobras-te em tarefas hercúleas que só podem ser quantificadas por quem sabe o quanto custa programar eventos, realizar entrevistas, dar ao vivo o quanto sofremos e o quanto usufruímos de bem-estar. O teu trabalho é por todos reconhecido. Poderia continuar a atirar-te mais uma ou duas dezenas de atributos de qualidade positiva que não seria considerado nenhum exagero. Esta carta aberta, tipo blogue, tem por finalidade pedir-te que ponhas as tuas câmaras em sintonia com o problema dos açorianos que foram expulsos da América do Norte e Canadá. Desde o 11 de Setembro de 2001 que estes dois países têm vindo a aplicar medidas excepcionais contra o terrorismo. Com elas expulsaram - quando não prendiam - suspeitos de actividades que nada têm a ver com esses actos reprováveis que matam inocentes e não poupam ninguém. Desde pequenos delitos a grandes delitos tudo foi metido no mesmo saco. Foi um tal repatriar! São países de grande moral e de ligas em defesa da mesma. Por isso, talvez, utilizem os nossos aeroportos e bases aéreas para se reabastecer de combustível e receberem apoio técnico para irem despejar bombas sobre povos que muitas vezes não lhes fizeram mal nenhum, embora os seus dirigentes não sejam flor que se cheire. Porque são potências muito fortes, o modo como actuam faz letra de lei. A vida é assim. Não há muito a fazer contra isso. São dezenas de milhar de açorianos que estão na mira de tais medidas. Estão entre nós algumas centenas, segundo estatísticas oficiais. Estas nem sempre são fiáveis. Já me estou a alongar. Por isso, vou tentar reduzir a catadupa de palavras que querem saltar para o teclado. Bem, o que te peço é que sensibilizes mais ainda o Poder Regional e empregadores para darem oportunidade a quem está a passar as passas do Algarve e que foram atirados de pára-quedas em terreno hostil que lhes dificulta a inserção. Portugal recebe de todo o tipo de pessoas estranhas. Algumas delas vêm para trabalhar outras talvez não. São apoiadas pelo poder e para além disso organizam-se em grupos de pressão. Em grupos de pressão, convém repeti-lo. E como resultado conseguem meios de subsistência regular. Ainda bem. Nada a obstar. Agora com os nossos, a coisa é diferente. Milhões e milhões de dólares foram enviados pelos nossos emigrantes para regalo de uma burguesia que só pensa nela e na sua barriga. Como contrapartidas, os que tornaram à terra mãe sem um tostão no bolso, recebem esmolas e com elas devem desenrascar-se. Portugal e a Região têm o dever moral de não só os amparar como também arcar com a responsabilidade pecuniária para os manter fora da senda de ilegalidades que estão ao seu alcance como única saída de vida. Meu caro Pedro é esta a questão melindrosa de muitos açorianos que foram e estão desprotegidos. Trabalho remunerado, apoio, formação útil para poderem contribuir para o nosso crescimento, é o que se precisa a valer e não como falácia. Festas e mais festas; subsídios bacanos a eventos de duvidosa exequibilidade; pagamentos e mais pagamentos escandalosos a personalidades de fachada; obras de pouco interesse sócio-económico para basbaque abrir a boca, etc. Uma Assembleia Legislativa Regional que perde tempo com coisas pururucas e perde o essencial. Este essencial é o social meu caro Pedro. Esmolas não! Eles têm o direito a uma cota parte dos juros do dinheirão que enviaram com sangue suor e saudade para os que aqui desesperavam e que só serviu para certo estadão se estabelecer insensível ao semelhante. Deixo o resto desta conversa para a tua consciência de servidor pragmático da coisa pública.
Abraço
manuelmelobento

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